Capítulo 3

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Helena

Voltei com o segurança para o quarto de hotel e as duas enfermeiras já me esperavam. Finalmente comi algo e em seguia elas me vestiram com uma roupa composta, porém arrumada.

Depois de pronta esperei um tempão sozinha no quarto e uma das enfermeiras apareceu

- Me acompanhe, por favor - Apenas a segui até uma espécie de escritório gigante. Assim que entrei, dei de cara com o senhor que eu tinha ajudado mais cedo

- Essa é a garota que lhe falei - o advogado disse e o velhinho sorriu - Virgem, uma moça recatada, pro-ativa e mal saía de casa

- Os exames estão ótimos, senhor- A enfermeira disse

- Não acredito, foi a moça de mais cedo. Como você se chama ?

- Ela se chama Helena - O advogado respondeu por mim.

- Helena...mesmo nome da minha esposa - Ele disse

Eu respirei fundo. É sério que vou ficar com ele ? Deitar com ele ? E ele vai me confundir como esposa dele ou o que ?

- ela tentou escapar mais cedo, mas o pai dela assinou um contrato conosco - O advogado falou- conversamos com ela e ela irá cumprir, o senhor sabe que é sempre difícil nesse primeiro momento pra elas. Quando ela for pra psicóloga das casas, acho que melhora.

- Não, ela não vai para as casas noturnas, nem nada disso - Ele disse - Eu pedi uma garota virgem, bonita e tranquila para se tornar uma Beckran

- O senhor vai se casar, patrão? - O advogado perguntou e eu engoli seco.

- Não, é o meu neto que vai - Ele disse - Está decidido que será ela. Vamos embora hoje mesmo que eu não gosto de ficar aqui nessa cidade - Ele disse - Ligue para a Cátia organizar o evento do casamento no jardim. Quero a imprensa na frente de casa e alguns convidados importantes que levem essa informação á frente. Um jantar hoje a noite também.

- sim, senhor - Ele disse

- A garota tem algum desejo específico para fazer antes de ir ? - ele perguntou me olhando

E eu não pensei duas vezes

- Quero me despedir do meu irmão e da minha mãe - Pedi - Ela tá muito doente em casa.

- Providenciem - Ele disse olhando para o advogado e a enfermeira.

Voltei para o quarto e passei as informações do hospital onde meu irmão estava e pedi um encontro com a minha mãe no mesmo hospital, assim eu também adiantava noticias sobre o estado de saúde dela.

Fiquei esperando por algum tempo e logo um segurança veio me acompanhar até o carro, onde tinha mais dois seguranças me esperando. Seguimos para o hospital, desci rapidamente e vi minha mãe na recepção.

Ela estava abatida mas logo sorriu quando me viu

- Helena! Minha filha - Ela me agarrou - Meu Deus porque seu pai fez isso com você, filha, eles machucaram você?

- Não mãe, está tudo bem - Falei

- Me perdoa por não te proteger daquele monstro, primeiro me tirou seu irmão e agora você....

- Mãe, ele ainda está aqui! Ninguém o tirou de nós - Falei - E pelo o que eu entendi, é um casamento arranjado em uma família importante, eu acho que eu consigo ajudar a senhora em algum tempo e...quem sabe...se gostarem de mim, eu te levo comigo...

- E se forem pessoas ruins, filha ? Meu coração tá angustiado - Segurei as mãos dela

- Eu quero que você fique firme e cuide do meu irmão. Eu vou ficar bem, e vou ajudar vocês - Falei olhando nos olhos dela - Ninguém nunca mais vai nos humilhar ou mandar em nós. Seremos livres.

Ela me abraçou e choramos juntas por algum tempo. Em seguida, subimos para o quarto do Heitor, que era compartilhado com mais algumas pessoas.

- Uma pessoa por vez! - A enfermeira disse e eu entrei primeiro.

Corri devagarzinho até a cama dele e segurei suas mãos.

- Oi, meu guerreiro - Falei baixinho- Não quero te preocupar mas vou sumir por um tempo... eu preciso que você volte pra cuidar da mamãe....eu sei que você vai conseguir, eu sei...

Comecei a chorar e resolvi sair dali, beijei a mão dele e fiquei aguardando minha mãe visita-lo do lado de fora.

- Senhora, precisamos ir agora - O segurança disse e eu assenti

Assim que minha mãe saiu, eu a abracei

- Tenho que ir mãe, lembra do que eu falei...eu vou está bem, e eu preciso que você também esteja- Falei

- Que Deus te acompanhe minha filha - Ela disse com os olhos cheios de lágrimas.

- Se cuida mãe, por favor. Eu nunca vou desistir de você, isso não é um adeus...

Beijei sua mão e sai acompanhada dos seguranças.

Entrei no carro e comecei a chorar de dor no coração em me despedir da minha própria mãe como um objeto saindo pra entrega de alguém.

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Meu amor livreOnde histórias criam vida. Descubra agora