Memórias de Azkaban

Dear, Moony

Querido, aluado

Começo essa carta desejando que você esteja bem, que você, depois de tanto tempo, tenha conseguido lidar melhor com suas questões. Eu sei que esse assunto é difícil para você e eu não quero me demorar nesse tópico, mas quero deixar registrado – para se algum dia essa carta chegar até você, por um milagre, talvez?! – que eu e Pontas nunca julgamos você! Acho que você sabe disso, mas é sempre bom relembrar! Você nunca esteve sozinho.

Prefiro não mencionar o Peter Petigrew e você sabe bem porque, aquele rato! Eu fico me perguntando em meio a solidão e a escuridão que é esse lugar, como alguém que você conviveu tantos anos pode se tornar o que se tornou? Não é a mesma pessoa! Não pode ser, não é possível que o Peter que conhecemos, aquele que estava junto conosco para criar o mapa, aquele que fazia piadas ótimas em relação ao ranhoso, tenha se tornado um seguidor do.... deixa pra lá. É ultrajante! Como aquele rato pode trair os próprios amigos e com um bebé pequeno ainda? Talvez, eu nunca vá entender! Ele mentiu, criou uma emboscada e eu ainda levei a culpa! É nesses momentos que me vejo tomado completamente pelo vingança...

Embora seja em vão a pergunta, como você está? Queria tanto ter notícias suas, do que tem feito, como anda a sua vida, principalmente, como anda o mundo bruxo. Um pouco mais normal? Um pouco mais tranquilo? Ou isso é pedir muito? Os anos Azkaban ou me enlouqueceram de vez ou me trouxeram uma esperança infundada.

Preciso confessar algo para você Lupin, alguns dias por aqui são mais fáceis do que outros, quando os guardas e os dementadores estão mais longe. Enfim, sempre me pergunto como você está, o que sentiu naquela noite de Halloween em 1981. Não tivemos tempo de conversar, de nos apoiarmos, talvez, de nos sentirmos um pouco menos sozinhos. Porque
senti naquela noite, como se toda esperança se esvaísse – não digo por completo, pois
lembro de Harry. Enfim, senti desespero, vendo que tínhamos perdido muito, pagado um
preço caro demais, devido a um lunático e suas ideias extremistas.

Chega de reclamações, não é? Parte dessas cartas também são um exercício para me lembrar das coisas boas. E, com certeza, me lembrar de você me traz memórias tão divertidas, de tempos de ingenuidade e bobeira em Hogwarts. Vamos lembrar dos bons
momentos então!

Sempre me lembro da aula de poções, uma das primeiras que tivemos e quase
botamos fogo na sala! Pobres professores sofreram com a nossa astúcia e palhaçadas, até
hoje mal acredito que criamos um mapa que mostra tudo e cada um em Hogwarts, mas
pensando bem agora, esse artefato nas mãos erradas seria potencialmente perigoso, não
acha?

De qualquer forma, espero que ele esteja em boas mãos agora, pelo menos que o Harry
pegue algum dia esse pergaminho e que lhe seja útil, assim como a capa da invisibilidade
do James. Será que meu sobrinho foi para Hogwarts? Tenho quase certeza que sim e acho
que você tem sorte, porque pode, provavelmente, ver isso tudo de perto. Eu sei que pode parecer redundante, mas cuidado bem do garoto, por mim, mas principalmente por Pontas e Evans!

Continuando, lembro também da vez que fizemos guerra de neve e a Minerva ficou
louca conosco? Fizemos Grifinoria perder pontos por isso, mas nos rendeu ótimas risadas!

O Pontas podia ser o talento natural para se meter em encrenca, mas acredito que esse, na
verdade, era o foco de todos nós, sabíamos fazer isso como ninguém! Mas se você quer saber, a minha memória favorita dos marotos é quando nos reunimos na casa do Pontas, logo depois de termos descoberto o lance dele com a Evans, primeiro, tiramos sarro dele, depois, imaginamos quando ele a pediria em casamento, porque ele se apaixonava com muita facilidade e entramos em sentimento de vermos nossa amizade envelhecer, casarmos, termos filhos. Escrevendo isso tudo, senti um gosto agridoce, porque não conseguiremos cumprir, mas me encho de alegria ao saber que pelo menos compartilhamos tantas coisas juntos.

Juro solenemente não fazer nada de bom!

Mal feito, feito, Sírius