Cap 22: Conversas na cozinha

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Jenna acordou com o sol batendo pelas frestas da cortina, seus olhos se abrindo lentamente. Ela virou na cama, esticando os braços e percebendo que o apartamento estava mais silencioso do que o normal. Estranho. Ao se levantar, sentiu um aroma de café fresco vindo da cozinha. Decidiu seguir o cheiro, e quando chegou lá, encontrou sua mãe, Marie, de pijama e totalmente à vontade, mexendo distraidamente na cafeteira.

Jenna engoliu seco. Era cedo demais para esse tipo de conversa, mas ela sabia que sua mãe estava esperando por um momento como esse desde a noite passada. E ali estava a oportunidade perfeita, como se Marie tivesse arquitetado tudo.

"Bom dia, dorminhoca," Marie falou sem se virar, um sorriso conhecedor já se formando em seus lábios.

"Bom dia, mãe..." Jenna respondeu, pegando uma xícara de café e se sentando à mesa da cozinha, já imaginando o que viria a seguir. Sentiu um frio na barriga, aquele tipo de nervosismo que só uma mãe consegue provocar.

Marie se sentou ao lado dela, colocando sua própria xícara sobre a mesa. O silêncio durou apenas alguns segundos antes que a ironia começasse a fluir. "Então, vai me contar agora ou vou ter que continuar fingindo que não vi nada ontem?" Ela levantou uma sobrancelha, divertida, enquanto tomava um gole de café.

Jenna suspirou, mexendo nervosamente na borda da xícara. "Mãe, sério, a senhora não tem limites, né?"

"Limites?" Marie riu. "Querida, sou sua mãe. Limites não existem quando se trata de você. Agora, chega de enrolar. SN... Ela é só uma amiga mesmo?" O tom de voz era leve, mas com aquele toque afiado que fazia Jenna sentir que estava prestes a ser analisada completamente.

Jenna tentou manter o olhar em sua xícara, mas logo desistiu. Ela suspirou novamente, rendida, e começou a falar. "Mãe... Eu não sei. Quer dizer, eu sei, mas... não sei como explicar. Não somos namoradas oficialmente, mas... sinto algo muito forte por ela."

Marie sorriu, um daqueles sorrisos de "eu já sabia". "Hum, estou ouvindo. Continua."

Jenna olhou para sua mãe, percebendo que não tinha mais volta. "Eu sinto... como se estivesse completamente envolvida por ela. Desde o começo, houve essa química, essa curiosidade. Só que é diferente de tudo que já senti. Eu gosto dela de verdade, mãe, de um jeito que me assusta. Há uma mistura de medo e desejo, e... eu não consigo parar de pensar nela. Tem um... fogo," Jenna corou ao dizer isso, mas foi honesta. "Mas também tem uma... ternura, uma conexão que vai além de só... atração física, sabe?"

Marie assentiu, fingindo-se muito séria enquanto lutava para esconder um sorriso maior. "Fogo, paixão... entendi. Querida, você tá ferrada."

Jenna bufou, jogando a cabeça para trás. "Mãe, fala sério..."

"Eu estou falando sério!" Marie deu uma risadinha. "Mas o que você quer fazer sobre isso? Porque, pelo que eu vi ontem, você estava se mordendo por dentro de frustração, querendo estar mais perto dela. E não era só físico, Jenna. O jeito como você olhava para ela... eu reconheço isso."

Jenna abaixou o olhar, a mente viajando de volta para a noite anterior. "É, você viu bem. Eu... estava frustrada. Não só porque estávamos quase... bem, você sabe... Mas porque parece que toda vez que estamos perto de dar um passo adiante, algo nos atrapalha. E é esse medo, sabe? Medo de perder o que temos por causa da minha vida pública, do meu trabalho, de tudo isso. Sabe, em uma semana volto para as gravações, para os voos, para aquela loucura. Como posso me comprometer com alguém enquanto estou nessa rotina?"

Marie ouviu em silêncio, e quando Jenna finalmente terminou de falar, ela colocou sua mão sobre a da filha, apertando suavemente. "Você está com medo de se machucar e de a machucar, eu entendo. Mas, Jenna, você já está apaixonada. E pelo que eu vi, SN também está."

Jenna respirou fundo, sentindo o peso das palavras da mãe. "E se eu estragar tudo? E se a minha vida for demais para ela?"

Marie deu de ombros, sorrindo gentilmente. "Bom, se ela gosta de você tanto quanto parece, ela vai encontrar uma maneira de lidar com isso. Mas, querida, não pode ficar parada esperando as coisas se resolverem sozinhas. Tem que viver, arriscar. O fogo que você sente por ela? Use isso para acender a chama da coragem. E talvez, apenas talvez, a próxima vez que algo 'quase' acontecer... você deixe acontecer de verdade."

Jenna deu uma risadinha, sentindo-se mais leve, mas ainda um pouco envergonhada. "Você tem um jeito único de me colocar contra a parede, sabia?"

"É o que eu faço melhor," Marie respondeu, piscando para ela. "Agora, para de enrolar e vai lá fazer algo a respeito desse fogo todo que você tá sentindo."

Jenna riu mais abertamente agora, sentindo-se ridiculamente grata por ter uma mãe que, mesmo pegando no seu pé, a entendia tão bem. "Valeu, mãe. Mas... posso, tipo, comer primeiro? Antes de qualquer fogo?" Ela brincou, enquanto pegava mais um pedaço de torrada.

Marie riu e acenou com a cabeça. "Claro, querida. Mas não demore muito, ou o fogo pode apagar. Agora, quanto ao que fazer... Vocês poderiam passar mais tempo juntas antes de ir. E que tal incluir seu pai e eu? Queremos conhecê-la melhor, e ela parece gostar de uma boa companhia."

Jenna sorriu, sentindo-se um pouco mais leve. Aquele empurrãozinho da mãe sempre a ajudava a organizar os pensamentos. Pegou o celular e, com os dedos ainda hesitantes, começou a digitar uma mensagem para SN.

"Oi, Sn. Bom dia! ♥️
Ei, pensei em fazermos algo juntas hoje à noite. Meus pais estão curiosos para te conhecer melhor. Que tal um jantar mais descontraído no Carte Du Monde? Topa?"

Ela enviou a mensagem e olhou para a mãe, que observava a cena com um sorriso satisfeito.

— É, acho que estou pronta pra tentar, mãe.

Marie riu. — É disso que eu gosto de ouvir. Agora, vai lá tomar um banho e se preparar. Você tem uma noite importante pela frente.

Jenna levantou-se, sentindo-se mais confiante e foi tomar seu banho.

Jenna mal havia se afastado da cozinha quando ouviu o celular vibrar. Ansiosa, abriu a mensagem de SN e sorriu ao ler a resposta:

SN: "Oi, adorei a idéia! Mas você vai me contar cada detalhe do que sua mãe já sabe. E sim, isso é uma ameaça carinhosa. 😏"

Jenna riu sozinha, imaginando a expressão divertida de SN enquanto digitava. A resposta direta e bem-humorada era exatamente o que ela precisava para relaxar um pouco.

Pegando o celular de novo, ela respondeu:

Jenna: "Como vc sabe que a minha mãe me questionou sobre nós?"

Sn: "Eu tenho uma mãe em casa, Jenna." — escreveu rindo

Jenna: "Kkkk Ok! Vou te contar tudinho, prometo. Mas é papo pra mais tarde... Minha mãe me colocou contra a parede hoje de manhã, sério, foi um interrogatório quase profissional. 😂 Mas primeiro, vamos sobreviver ao jantar com eles. Me liga quando estiver a caminho do restaurante?"

Ela soltou o celular no sofá e, por um momento, ficou apenas sentindo a leveza daquele momento. A confiança e a tranquilidade de SN faziam tudo parecer mais fácil, menos estressante. Mesmo com a pressão de voltar ao trabalho em breve, sentia que talvez, só talvez, pudesse fazer tudo funcionar.

Jenna e SNWhere stories live. Discover now