Posso dizer que talvez tudo tenha começado desde quando minha mãe começou a ler histórias antes de dormir para mim. Eu tinha uns quatro anos, e desde aí comecei a tomar gosto pela leitura, mas nunca achei o suficiente para mim, eu queria expandir meu conhecimento cada vez mais e mais. Os eventos literários já haviam praticamente virado algo corriqueiro. Eu sentia sede de conhecimento, então resolvi procurar teatro, desenho, dança, música, qualquer coisa que eu pudesse fazer para conseguir me desenvolver mais ainda.
Por sorte, na cidade onde eu moro, a parte cultural sempre foi muito rica, então, minha chance de me especializar em alguma dessas áreas foi grande, e consegui. Optei pelo teatro, e acho que foi uma das melhores decisões que eu já tomei nesses meus dezessete anos de vida... Tudo ficou mais fácil, sabe? Aprendi a mudar minha vista do ponto, e não meu ponto de vista. As coisas mais complicadas acabaram se tornando simples para mim, além de que comecei a tomar boas decisões com mais facilidade e outras coisas que simplesmente mudaram minha vida para melhor. Talvez um dos maiores erros das pessoas seja pensar que teatro é só roteiro, cenário, figurino e adereços, mas estão redondamente enganados. Uns pensam que é apenas colocar máscara, mas para quem realmente tem conhecimento sobre, sabe que na verdade você pode tirá-las e ser você mesmo sem julgamentos e essas coisas do tipo. Estar no palco é sentir você no personagem, imaginar a história e esquecer todos os problemas e obrigações.
Enfim, vamos logo ao ponto: no recinto onde eu faço aula de teatro, eu sempre via uma garota fazendo aula de ballet. Acho que nós fazíamos no mesmo dia e no mesmo horário, mas o curioso de tudo isso é que durante anos continuamos assim, porque muita gente mudava de horário ou precisava deixar a aula por causa de outros compromissos. Já a vi de cabelos diferentes, com amigas diferentes e até namorado. Crescemos juntas sem nos conhecermos, e eu sempre reparei em tudo, sempre quis ser amiga dela por algum motivo do qual nem eu sabia. Eu ia a todas as apresentações de dança, e ela sempre nas de teatro, acho que tínhamos gostos bastante parecidos, mas eu nunca tomei a iniciativa de falar com ela. A primeira vez que falei com ela foi depois de uma peça teatral em uma noite gélida e serena. Estávamos esperando nossos pais para irmos embora ao lado de fora do auditório onde havia sido a peça. Eu não sei por que, mas sempre senti vergonha dela, por isso, nunca havia puxado assunto. Aquela hora foi minha chance:
- Oi! Qual seu nome? – eu perguntei.
- Oi! Camila, e o seu? – ela sorriu.
– Chamo-me Lauren. Sempre te vejo por aqui! – tentei puxar assunto.
– Ah, danço ballet! Você eu sei que faz teatro, já te vi atuando.
– Sim, eu comecei desde cedo e... – Camila me interrompeu.
– Lauren, desculpe, preciso ir. Até outro dia, talvez. – Camila acenou e entrou no carro.
Foi uma conversa bem boba. Ela havia sido legal, simpática, e percebi desde aí que ela é uma garota extrovertida e dócil. Ela é tipo a garota linda e foda dos filmes clichês que todas as outras garotas querem ser e todos os garotos querem casar (bom, não só garotos).
Depois do dia em que conversamos pela primeira vez, começamos a nos encontrar com mais frequência ainda, é papo daqui, papo dali, até que nos tornamos colegas. Passamos a ir juntas a apresentações teatrais, musicais, de dança, literárias, tudo. Mas fazíamos apenas isso juntas, nunca havíamos ido uma na casa da outra, nunca passamos uma tarde na sorveteria... Isso mostra que nunca estamos satisfeitos com nada, não é mesmo? Antes eu queria apenas ser amiga dela, agora, eu quero ser a MELHOR amiga.
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Um amor sem máscara
FanfictionLauren é uma grande atriz teatral, e Camila, uma grande dançarina de ballet. As duas, que antes não se conheciam, tornam-se amigas, e ao longo do tempo, percebem que há um sentimento diferente. As duas juntas tentam vencer as barreiras de todo esse...