capítulo 2

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Quando Taehyung chegou em casa, estava mais cansado de pensar no trabalho do que no trabalho em si. Às vezes lhe escapava a lembrança de que Jimin era um sujeito teimoso e por vezes cheio de si, que não enxergava o que estava bem à frente, mas enxergava o que queria. Ele sabia que Jungkook tinha mexido com ele de tal forma que era provável que nenhum outro humano conseguiria. Era intenso, profundo e capaz de pegar em veias que Jimin nem sabia que tinha. Ele não conseguia explicar nem mesmo que tentasse, e Taehyung sempre achou que não seria nada fácil pra ele passar por aquilo tudo de novo, mesmo tendo certeza de que Jimin sabia daquilo e não queria admitir.

Posar com cara de que está tudo bem, está tudo certo, era um dos motivos pelos quais Jimin era chefe do Departamento: ninguém lidava melhor com a imprensa do que ele.

— Onde estava? — A voz de Jung Hoseok soava dentro daquele apartamento dando tanto eco que Taehyung quase sacou sua arma das costas, como reflexo ao constante estado de alerta. Ele fechou os olhos e respirou fundo se acalmando rapidamente quando reconheceu quem era.

— O que está fazendo aqui? — Ele perguntou como se não tivesse prestado atenção no que Hoseok havia dito. Tirou o sobretudo preto colocando-o no cabideiro perto da porta e, com passos lentos, foi ao encontro do outro. — Não me avisou que viria passar a noite.

— Vim com essa intenção. — Hoseok respondeu sem desfazer a ligeira cara amarrada. O caso dos dois datava já de seis meses e se davam por satisfeitos se não levantassem suspeitas apenas. — Mas já que demorou tanto, melhor eu ir embora agora antes que fique mais tarde.

Sem muita pressa, Hoseok andou até o sofá de couro preto da sala não muito grande do apartamento de Taehyung e pegou seu terno e a gravata, que havia tirado. O fogo da lareira estava aceso e duas taças poderiam ser vistas em cima da mesa de centro, bem como meia garrafa de vinho. De relance, quando Taehyung viu tudo aquilo, percebeu que Hoseok provavelmente já estava ali há um tempo esperando por ele e, pela quantidade de bebida sobrando, soube que ele certamente ficou entediado.

— Hoseok... — O moreno alto que tinha um poder absoluto quando se tratava de acalmar os nervos de alguém, seguiu o namorado até o sofá da sala, pondo as duas mãos sobre os ombros dele, mesmo que de costas. — Não comece, por favor...

— Começar o que? — Hoseok virou-se abruptamente, já era de conhecimento total de Taehyung o ciúmes que aquele homem sustentava desde o começo da relação. Especialmente quando se tratava da amizade de Jimin com Taehyung. — Eu nem sei porque pergunto onde estava, sendo que claramente dá pra ver na sua cara que você foi ver Jimin. — Ele disse se afastando enquanto Taehyung apenas suspirou cansado, mas mantendo a paciência. Essa arte de domar aquele tigre raivoso chamado Jung Hoseok era algo que ele vinha melhorando com o tempo.

— Fui. — Taehyung disse por fim, fazendo Hoseok parar de andar em direção à porta apenas para ouvir. — E não tenho absolutamente nenhum motivo para mentir pra você. Fui vê-lo, estava preocupado, e ainda estou, com a sanidade mental dele, de ter Jeon Jungkook de novo por perto. — Kim tinha a calma numa medida tão certa que fez até Jung relaxar os ombros ao ouvir aquilo. — Não há motivos, Hoseok, não há motivos para você continuar insistindo em bater nessa tecla toda vez que me ver falando com Jimin. Ele é seu amigo também, ele é nosso chefe. — Aos poucos, conforme falava e explicava como se conversasse com um menino rabugento de cinco anos, Kim Taehyung testava o namorado tocando seu braço devagar, até o segurar em uma de suas mãos. — Desculpe se o fiz esperar, mas eu não sabia que estaria aqui. — Ele concluiu de uma forma tão elegantemente óbvia que foi capaz de fazer Hoseok realmente sentir-se culpado por incitar qualquer briga.

Jung passou uma das mãos pelos cabelos curtos e cobriu os olhos suspirando antes de virar-se de frente para o namorado, que apenas o encarava de um jeito carinhoso, compreensivo, como se realmente falasse sério ao dizer cada uma de suas palavras. Hoseok sentiu-se momentaneamente um dos homens mais injustos que pisavam sobre a face da terra.

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