capítulo 6

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E leiam as notas finais é importante❤🌻 


Jimin POV

Jeon Jungkook tinha esse problema: ao mesmo tempo que eu sentia que sabia tudo sobre ele, ele ia lá e mudava completamente o princípio. Quando fui designado ao caso dele, há cinco anos atrás, ele era apenas mais um espertinho querendo aparecer. O complexo de "deus" dele era algo tão icônico e óbvio que nem precisaria ser um especialista profiler para perceber aquilo. Ele era jovem, estava se divertindo e tendo o dobro da diversão no momento em que percebeu que, se quisesse, poderia fugir da justiça para sempre.

Sabia que iria pegá-lo num deslize eventualmente, mas ele era escorregadio. Lembro de ter chegado tão perto dele uma vez, mas tão perto, que poderia jurar que senti o cheiro dos cabelos dele passando por mim. Ele não tinha rosto no começo, não era ninguém e poderia ser qualquer um. Mas sentado naquele carro, dirigindo pra casa com ele ao meu lado, me fazia pensar que eu não poderia mais ter a petulância de dizer que o conhecia: ele não era mais o mesmo, ele não pensava igual e, certamente, aquele beijo foi a última coisa que imaginei que fosse acontecer entre nós.

Sim, sempre foi pessoal, ambos tornamos a caça um do outro pessoal. A verdade era que Jeon Jungkook tinha uma vantagem sobre as outras pessoas ao meu redor: ele conhecia pontos fracos que nem eu mesmo sabia que tinha. Eu não sei porque o beijei de volta, não sei porque simplesmente estou indo pra casa quando claramente poderia estar a caminho de Belmarsh para colocar ele lá de volta. Minha relação com ele se estreitou em dois dias o que demorou meses para ser construída da base.

Num dia, eu estava com minha arma apontada para a cabeça dele e, cinco anos depois, ele estava na minha cozinha fazendo o jantar. Isso é fodido, cara, é fodido.

Num dia, penso que provavelmente ele irá fugir e me obrigar a atirar nele e, cinco anos depois, está desfilando de toalha dentro do meu apartamento, com os cabelos molhados e aquele sorriso... Ah! Aquele sorriso que me faz ter vontade de beijá-lo a cada segundo de vida.

Eu não estava preparado para isso e nem para essa onda que me atingia ao tê-lo ali, perto, me provocando e se mostrando em partes que eu não conhecia e era aquilo, justamente o que eu não sabia sobre ele, o que me fazia esvair da sanidade mental que me restava.

Nenhuma palavra. Nada. Ele não disse nada. Nem posso acreditar que passamos quinze minutos no carro e ele não disse uma palavra sequer. Vi os olhares dele, vi que ele parecia ensaiar dizer alguma coisa, vi o medo naqueles mares escuros que eram os olhos dele quando se cruzavam com os meus em algum sinal vermelho. Vi o receio, vi ele morder o lábio, vi ele enrolar o cabelo no dedo de um jeito charmoso quando apoiou o cotovelo na janela.

Sou apenas um engenheiro de computação, não sou profiler, não sei dizer como ele se sente, ele precisa falar comigo. Sei que nosso passado foi tortuoso e extremamente intenso, mas não consigo não me ater ao fato de que, quando o conheci, quando passei a conversar por telefone, a negociar — muitas vezes até sem o conhecimento da Polícia Metropolitana — eu já tinha criado um laço de cumplicidade com aquele homem e não tinha percebido. Aquilo era perigoso e acabava tanto comigo, que me recusei a visitá-lo na prisão durante todo o tempo que ele estava lá.

Entramos em casa, joguei as chaves do carro na cômoda perto da porta e ele a fechou. Tirou os sapatos, fiz o mesmo. Passei pelo corredor e andei até a sala de estar, já abrindo meu uísque porque nem fodendo eu teria aquela conversa sóbrio.

Servi uma dose sem gelo e bebi de uma vez, servi-me novamente e virei-me para conversar com ele finalmente e o vi ali, mais vulnerável agora do que quanto eu tinha uma arma apontada pra cabeça dele. Ele parecia fazer um monólogo intenso em sua mente, como se sua razão brigasse com sua emoção.

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