Khan, mas para quem?

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Planalto Mongol, fronte de batalhas, Fronteira sino-mongol, 10 de Fevereiro de 2022

Genghis estava feliz, pela primeira vez desde o começo daquela rápida guerra, o fronte recuou para o que era antes, muito graças a ele, além do nome e da propaganda do Governo, ele tinha se tornado um verdadeiro líder no campo de batalha, M-Khan era o melhor estrategista, mas confiava seus planos para Temudjin, por confiar demais em seu colega, T-Khan reconheceu o seu valor, ainda que não criasse relações com ninguém, já K-Khan finalmente havia encontrado um monstro mais poderoso e destrutivo do que ele, mas mais importante, alguém para se identificar com, G-Khan havia sido salvo por ele diversas vezes, quando a energia do seu poder de congelamento temporal terminava, ele ficava extremamente vulnerável, e quando estava prestes a tomar um tiro ou ser explodido por uma granada, Genghis aparecia para tomar todo o dano, já que sua pele era mais resistente do que teia de aranha.

Porém a única amizade que ia além da irmandade de armas era com Ganbaatar, o O-Khan, capaz de se transformar num ciborgue ao imergir na tecnologia, eles tinham origens diferentes, Ganbaatar era de uma das poucas cidades realmente populosas da Mongólia, ao contrário de Khan, que era extremamente interiorano, enquanto Ganbaatar confiava sua integridade física às máquinas modernas, Khan confiava na força de seu arco, a arma dos ancestrais.

O que uniu a dupla foi o fato de Ganbaatar ser o primeiro a admitir que Khan realmente era a reencarnação do Pai da Nação, já que ele reunia suas características de liderança, união e patriotismo das estepes, claro, Ganbaatar era budista, e acreditava que a única explicação para Genghis ter reencarnado teria de ser o fato de que ele não havia atingido o Nada, e isso era perceptível pela aparente arrogância e violência do mesmo, mas Ganbaatar também era fascinado pela história de seu povo, e viu em Genghis um líder excepcional que retornava quando sua nação mais precisava, e Genghis viu nele alguém além de um aliado potencial, mas sim uma pessoa que se dedicava em amizade a ele, e portanto merecia a retribuição do favor, Temudjin fez um ritual para o Pai-Céu Tengri, prometendo estar unido ao seu melhor amigo enquanto em vida e buscar a destruição dos seus inimigos caso fosse morto.

Eles conversavam sobre as novidades num botequinho que tinha sobrevivido a invasão, Ganbaatar que era Budista praticante, evitou beber o álcool, mas continuou a ter com seus amigos…

– Os malditos fugiram com o rabinho entre as pernas, não tiveram nem a menor chance contra nós!

– Claro, somos os melhores soldados que a Mongólia já viu, se existissem mais 10 de nós, nossa luta seria pra aumentar as fronteiras para além do que era o Império.

– Engraçado vocês falarem sobre isso, não acho que sejamos soldados…

Disse Ganbaatar.

– O que quer dizer com isso?

Perguntou-lhe Genghis.

– O que quero dizer é que se é pra agir corretamente, temos que ser mais do que simples cumpridores de ordens, temos que fazer do que é fundamental os nossos mestres, não nossos superiores militares…

– Eu entendo o que quer dizer, quando essa guerra terminar e o povo me reconhecer como O Genghis Khan, eu serei o governante e…

– Não é disso que eu tô falando, cara, não vai adiantar nada governar a nação se o seu coração não estiver no lugar certo, um líder ruim é a pior desgraça que pode acontecer a um povo, e um líder é antes de tudo, um servo daqueles que o escolheram para liderar…

– Ora, mas Eu sou a Mongólia, se o Pai Fundador não tiver a si mesmo como prioridade, o Estado fracassa.

– O Estado é o contrato que todos fizeram para continuar em sociedade de forma organizada, trocando liberdade natural por melhor vida, se acaso um Estado não cumprir com sua parte do acordo, ele se torna uma parte agressiva da vida das pessoas.

– Agressivo é o apelido do meu p@u!

Disse Genghis debochando do discurso experto de seu amigo, era uma zombaria saudável, e sinceramente perdoável, naquele dia Genghis já estava virando todas, não era pra menos, eles haviam destruído algumas dezenas de postos avançados das tropas chinesas, muito graças ao esforço hercúleo de Genghis.

Ele já era conhecido como O Flagelo da Grande Muralha, e de fato, não demorariam muito até chegarem lá, segundo as informações confidenciais, o Governo Chinês tinha começado um grande processo de recrutamento da população civil a fim de proteger o percurso até a capital…

Beijing, 12 de Fevereiro de 2022

Chen-Li e sua mãe foram visitar o pai no quartel de treinamento, ele estava bem diferente, um olhar abatido, rosto mais magro e alguns hematomas por aqui e ali, resultado do duro treinamento feito para os soldados que haveriam de repor as linhas destruídas pelo Flagelo da Grande Muralha, o novo Genghis Khan.

Chen-Li não entendia os lamentos de sua mãe, a dor de seu pai seria para o bem da Nação, quando ele retornasse, seria um dos heróis que derrotara os Diabos das Estepes, eles haveriam de conseguir a Glória que o país tanto necessitava, e as possibilidades estavam apenas começando, por isso que quando sua família saiu de Beijing, foi uma grande surpresa, já que Chen-Li tinha plena convicção na vitória do Dragão, o grande campeão do Partido!

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