Jungkook ficava perfeito em cores celestiais.
Só que ele também odiava como ficava bonito nelas.
Sua mãe ômega enrolava uma faixa de tecido da mesma cor de sua blusa em seu pescoço. Um laço ao lado foi amarrado delicadamente. Encostado na cadeira, outro ômega pintava suas unhas da mesma cor — um azul celeste claro que brincava com a palidez de sua pele e com a escuridão de seus olhos. Suas calças justas eram claras também, casando com a imagem imaculada do herdeiro da casa.
"Está perfeito." Sua mãe alfa entrou no recinto, arrastando os saltos escuros no chão límpido.
"Ora, eu não disse que ficaria?" Sua outra mãe reclamou, dando a volta na penteadeira para pegar um pouco do pó rosa para salpicar as bochechas do filho. "Eu só preciso que ele arrume a postura quando estiver andando. Viu como ele está curvado? Acho que são as aulas de piano."
"Corrija ele então. Vamos para a casa do senhor Kim e eu quero que ele seja a única coisa perfeita de lá." A alfa grunhiu, encarando Jungkook no espelho.
O filho desviou os olhos rápido, calado como sempre ficava.
Bem, nem sempre foi assim.
Quando pequeno, morando em uma pequena casa de costureiras, Jungkook era mais falante.
Mais feliz.
A simplicidade de sua vida, e a forma que suas mães tratavam ele na época era a necessidade normal de toda criança contente.
Isso até o dinheiro entrar em suas vidas.
Até suas mães conseguirem ingressar em uma confecção de costura que foi crescendo e chegando no patamar de uma fábrica renomada.
Agora Jungkook tem as melhores roupas para usar, a melhor cama para dormir, a melhor comida para comer e empregados que ele sempre tenta lembrar os nomes.
Mas ele sente que não tem mais nada.
Pobre de atenção, de espírito e vontades.
Quando se tem dinheiro, o caráter das pessoas são realmente expostos.
Por exemplo, ele não se lembrava da última vez que sua mãe alfa o abraçou sem ter intenção de dizer a ele para se comportar melhor nas festas que ela dava em casa. Não era um abraço, era apenas um toque em seus ouvidos com lábios pintados dizendo que era melhor ele ser perfeito.
Sua mãe ômega não mudou a princípio, mas para seguir a elevação que a esposa dela estava tendo, sua conduta teve que enrijecer.
Nada mais de cozinhar às dez da noite com o filho para se deliciarem com uma torta gostosa de chocolate.
Nada mais de irem à feira juntos para comprar frutas e verduras, experimentando amostras grátis de sopas enquanto isso.
Ela só ia até Jungkook para se certificar que ele estava bonito para ir as aulas de piano, violino, canto e etiquetas.
Assim, Jungkook se sentia pobre de tudo. Ele apenas balançava a cabeça e obedecia, quase como os empregados da casa. Na maioria das vezes, eles eram seus únicos amigos.
Como Jimin agora, pintando suas unhas com cuidado. Como Seokjin que lhe dava doces escondidos quando a dieta de Jungkook ficava mais rígida pelo aperto de suas mães. Como Hoseok que fingia não cortejá-lo dando as melhores flores do jardim escondido para ele.
"Jimin, coloque mais sombra nas pálpebras dele." O empregado se curvou, concordando rápido. "Não demore e desça rápido para se apresentar para mim, Jungkook."
"Sim senhora." Filho e empregado responderam juntos.
Como dito, havia dias que Jungkook não era diferente deles.

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Love is a violence | namkook
Fanfic[Concluída] Um casamento arranjado com um alfa recluso e solitário vivendo em uma mansão mal assombrada deveria ser o fim do mundo para aquele lindo ômega. Jungkook não sabe de nada sobre seu marido misterioso, mas encontra algumas respostas em diá...