Zumbi

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Eu me espreguicei na cadeira, tirei o headfone do ouvido e esfreguei meus olhos. Que maratona, fazia tempo que não jogava tantas horas. O celular apitou e eu o verifiquei, a droga da bateria tava quase acabando, eu sempre esqueço de botar essa porcaria pra carregar. Notei que haviam várias marcações nas redes sociais e quase cem chamadas perdidas tomei um imenso susto e fui direto pro facebook descobrir o que acontecia.

Assim que abri a página a janela de dialogo pipocou.

- Onde você tava seu filho da puta?! - questionou Bruno alvoroçado. - Liga a porra da televisão ai agora.

- Caralho, cê tá louco??? - questionei.

- Foda-se a TV, abre esse link aqui. - escreveu ele me passando um link para um site de notícias.

No instante que o vídeo abre sou jogado numa cena quase de guerra, o repórter tenta se encolher, gritos e explosões, sirenes e tiros pra todos os lados. Em meio ao caos ele tenta falar. Mas palavras são confusas e abafadas pelos sons do ambiente. Mas do caos eu consigo entender algumas coisas e elas fazem meu coração parar por alguns segundos. São elas, ataque terrorista, comportamento agressivo e canibal. O vídeo é finalizado com um sujeito coberto de sangue atacando e mordendo o pobre câmera que grita por sua vida.

Ligo a TV em todos os canais são notícias sobre o tal "atentado", e eu finalmente descubro que foi no aeroporto da minha cidade, que é muito próximo a minha casa.

- Moradores dos bairros nos arredores do Aeroporto recomendamos que fechem bem suas portas e evitem sair as ruas pois, muitos dos contaminados estão andando pelas ruas da sua região. - dizia o ancora do jornal.

- Você fucking acredita nisso? Isso é pertinho daí não é? - questionou Bruno.

Estou em choque, quantos filmes, livros, quadrinhos e séries sobre isso. Teorias, bate-papos falando sobre esse assunto louco e de repente a porra de uma infecção Zumbi tá rolando na minha porta.

Quantas vezes esbravejei que seria herói, mataria todos e sobreviveria a essa porra toda, agora to aqui vendo os vídeos de celulares tentando não cagar nas calças.

Tenho que reforçar as portas! Pensei em sobressalto. E ligar pra mãe!

Me levanto da cadeira as pernas cansadas de ficar sentado, passo pelo espelho e vejo meu corpo gordo, e penso que se pisar na rua sou um homem morto. Enquanto ando para a porta da rua, tento fazer a ficha cair de que aquilo tá acontecendo de verdade e não é a porra de um sonho.

Assim que chego na sala, eu escuto um barulho de freada brusca e uma pancada violentíssima faz um estrondo ecoar. Silêncio por alguns segundos. Um novo estrondo. Escuridão.

Durante um minuto eu fico ali parado no escuro, simplesmente congelado de medo. Quando as faculdades mentais voltam, pego meu celular no bolso, coloco na função lanterna, a bateria apita novamente 5% de carga restante.

Por que eu esqueço de carregar essa droga. Imaginei que algum carro deve ter derrubado um poste na rua, mas o que teria causado tão grave acidente? Minha mente devaneia em infinitas possibilidades, todas só aumentam o medo.

Tranco todas as portas e fechaduras da casa, coloco o sofá encostado na porta da sala, não ousei pisar na rua, mas da porta pude ouvir gritos. Volto para o meu quarto, tranco a porta. Me deito na cama e começo a pensar.

Passo horas ali, querendo acordar daquele pesadelo, fazendo um milhão de planos que não serão postos em prática. Minha bateria descarregou, não faço ideia do que acontece no mundo, até a droga no meu telefone era ligado na energia. Agora estou aqui preso nessa escuridão, incapaz de me conectar com alguém. Mais algumas horas me martirizando e adormeço.

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