Entre silêncios e segredos...

capitulo 3--fim...querendo mais do que amizade...

O quarto ano chegou ao fim mais rápido do que João Pedro imaginava. Ele e Diego continuavam inseparáveis, como sempre. Mas à medida que o último dia de aulas se aproximava, João Pedro sentia um peso maior no coração. Sabia que precisava contar a verdade a Diego. Era sua última chance antes de eles seguirem caminhos diferentes, pois João Pedro mudaria de cidade e, consequentemente, de escola.

No último dia de aulas, a escola estava cheia de risos e despedidas, mas João Pedro estava ansioso. Ele sabia que era agora ou nunca. Após a última aula, chamou Diego para um lugar mais isolado, atrás do prédio da escola, onde costumavam conversar longe do barulho.

– Diego, tem algo que preciso te dizer – começou João Pedro, com a voz hesitante, mas determinada.

Diego olhou para ele, curioso, mas sem perceber a seriedade da situação.

– Claro, manda ver! – respondeu Diego com seu sorriso característico.

João Pedro respirou fundo, sentindo o coração bater tão rápido que parecia que todos ao redor poderiam ouvir. Ele sabia que, depois de dizer o que estava prestes a dizer, as coisas poderiam mudar para sempre. Mas ele não podia continuar vivendo com esse peso.

– Diego... eu gosto de ti – disse, finalmente. – Mas não só como amigo. Eu gosto de ti de verdade, há muito tempo.

As palavras saíram, e João Pedro sentiu uma mistura de alívio e medo. Ele finalmente tinha dito, mas agora a reação de Diego era um mistério.

Diego ficou em silêncio por alguns instantes, processando o que ouvira. Seu sorriso desapareceu, mas seus olhos não mostravam rejeição, apenas surpresa e talvez algo mais que João Pedro não conseguia identificar.

– João... eu não sabia – respondeu Diego, em voz baixa. – Eu nunca imaginei.

João Pedro sentiu o coração apertar. Não era a reação que esperava, mas também não era uma rejeição. Ele já sabia que as coisas seriam complicadas.

– Eu só... precisava dizer antes de ir embora – continuou João Pedro, tentando segurar as lágrimas. – Porque, mesmo que a gente não se veja mais tanto, eu não queria mentir pra ti.

Diego deu um passo à frente, olhando nos olhos de João Pedro. A dor de saber que seu melhor amigo estava partindo e o peso do que ele acabara de ouvir eram visíveis em seu rosto. Então, num gesto simples e inesperado, Diego se aproximou e deu um beijo suave na bochecha de João Pedro.

– Vou sentir tua falta – disse Diego, com um sorriso triste. – Muito mesmo.

João Pedro sentiu o calor do gesto, a suavidade do momento. Não era o final que ele sonhara, mas era mais do que poderia ter imaginado. Eles se abraçaram, sentindo o peso da despedida.

Enquanto se afastavam, Diego virou-se uma última vez.

– A gente se vê, João. Prometo que sim.

João Pedro acenou, sorrindo com os olhos ainda cheios de lágrimas. Era uma promessa vaga, mas carregada de esperança. E, naquele momento, ele soube que, não importa o que acontecesse, aquela amizade e aquele sentimento ficariam com ele para sempre.