07 - Liddy

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8 anos atrás

- Você precisa pagar o aluguel ou não vai ter onde morar, você tem dois filhos menores de idade, você acha mesmo que eu vou ter pena? - disse um homem,cujo a voz eu não sabia de quem era,era difícil saber quando estou do outro lado da parede,com a porta do escritório do meu pai fechada.

Eu só ouvia a voz do homem gritando enquanto meu pai inventava as um milhão de mentiras dizendo que ia pagar,mas como sempre meu pai conseguia pagar,mas dessa vez era diferente,eu nunca vi meu pai daquela maneira,ele estava calmo e não desesperado,mesmo eu não o vendo,sabia que ele estava calmo,pela voz.
Eu não sabia como que meu pai ia pagar aluguel,mas sabia que não poderia ajudar,eu tenho 16 anos,mas meu pai me proibiu de trabalhar,ele quer que eu fique em casa cuidando do meu irmão,aquele desobediente e sem educação.
Como eu odeio isso!
-O que está fazendo?- berrou Wesley,meu irmão.
- Shh! Estou escutando! - sussurrei
- Fofoqueira! - Resmungou revirando os olhos e se sentando do meu lado para ouvir também - Do que eles estão falando?
- Sobre o aluguel!
- De novo?
- Se eu não tivesse que ficar em casa cuidando de você eu poderia ajudar!
- Eu tenho 15 anos,sou apenas mais novo que você,não preciso de cuidados! - retrucou
- Ainda está nas fraldas,agora fecha esse bico seu de papagaio e deixa eu escutar!
- Cala a boca o raposinha!
Raposinha. Aquele apelido que ele sempre me chama e que eu odeio!
- Cala boca o papagaio!
- Papagaio é lindo que nem o pai aqui!
- Que pai? Só tô vendo uma criança que faz xixi na cama!
- Eu não faço xixi na cama - o rosto dele virou para o lado oposto do meu com raiva
- Ouvindo conversa de novo? - a voz do meu ecoava no ambiente,ele pegou eu e o meu irmão ouvindo as conversas,em sincronia eu e Wesley olha pro meu pai com um sorriso que a gente sempre faz quando apronta e um piscar de olhos eu e Wesley começou a correr que nem dois fugitivos da polícia.
- Para onde?Para onde? - digo enquanto corria com meu irmão
- Banheiro,banheiro - ele diz correndo em direção ao banheiro
- Tranca,tranca - minha voz ofegante enquanto entrava com ele no banheiro e vendo ele trancar a porta - Conseguimos! - a animação na minha voz ofegante foi como se eu tivesse concluído uma missão
- Isso! Conseguimos! Raposinha! - Um sorriso invade os lábios dele e ver ele sorrindo acabou escapando um sorriso dos meus lábios,podíamos brigar muito,mas o amor que nós sentimos pelo outro era incrível.

-Raposinha! - diz meu irmão invadindo meu quarto com um sorriso de quem está aprontando e levantando as sobrancelhas
- Nem vem!
- O que foi,minha querida irmã? - O deboche era nítido
- O que você quer?
- Nada! Só vim dizer que eu te amo!
- Anda logo o que você aprontou!
- Nossa! Que rápida! Então vou ser direto! - ele suspirou deixando um tempo de suspense - Como eu digo? Eu... Lembra aquele bolo que você disse que não era para eu comer que era de presente para sua amiga que ela faz aniversário hoje? Eu comi... Tudo - ele diz com um sorriso cínico sabendo que isso me irritava
- Seu... - acerto uma almofada bem na cara dele demonstrando toda minha irritação
- Me desculpa! - diz ele com os olhos cheios de lágrimas me abraçando,era a primeira vez depois de anos que eu o via daquele jeito,ele não era de ficar arrependido,mas pela primeira vez depois de anos,eu o vi arrependido - Me desculpa,por favor! Não briga comigo,por favor,por favor, Lili! Por favor! - ele chorava implorando para que eu não brigasse com ele,eu estava em choque,ele nunca foi assim,ele não estava brincando ou mentindo,eu conheço ele e sabia que ele estava arrependido
- Está bem! Eu não vou brigar! Eu faço outro bolo,viu? - meus braços retribui o abraço dele
- Por favor, Lili,por favor! - as lágrimas dele continuava a cair e ele começava a tremer,ele estava desesperado
- Está tudo bem,está tudo bem! - minhas mãos rodavam no cabelo dele, acariciando para que ele se acalme,vejo os olhos dele fecharem e descansarem no meu ombro

- E o aluguel? O que vai fazer? - pela primeira vez eu pergunto para meu pai,eu confiava nele,mas vê-lo fumando me deixava triste,por que sabia que viria má notícias
- Vamos sair daqui e morar em outro lugar!
- O que? Vamos largar tudo? É sério? - a preocupação invadia meus olhos
- É... a gente vai!
- A gente mora aqui há anos! Por que simplesmente você não paga?
- Por que não tenho grana!
- E acha que vai aumentar o dinheiro se a gente se mudar? Está errado!
- Não! Mas vou procurar um aluguel mais barato! Não tem como ficar aumentando tanto! Didi,você sabe que é difícil né ? Só cuida do seu irmão! Que eu cuido do resto! Tá bom? Faz esse favor pro pai! - ele diz apagando o cigarro
- Você não está cuidando nem de você mesmo! Pai,deixa eu te ajudar! Deixa eu trabalhar!
- Não - ele negou também com os dedos
- Eu tenho idade para o jovem aprendiz e eu sou responsável por...
- Chega! - ele interrompeu - não quero saber se tem idade ou se é responsável,eu dou conta! Só faz o que eu disse! Cuida de si e do seu irmão,o resto eu e sua mãe da conta!
- Entendi - digo sem hesitar,eu sabia que não podia discutir com meu pai,afinal ele era ignorante e daqui a pouco perderia a paciência, então escolhi ficar quieta- meu irmão está dormindo no quarto dele,vou fazer outro bolo!
- Outro? E o que você fez?
- Meu irmão comeu!
- Sério? Vou dar uma lição naquele moleque! - rapidamente ele se levanta e começa a subir os degraus
- Não,pai! Ele está arrependido!
- Se apenas se arrepender mudasse algo! Eu poderia matar e dizer que estou arrependido! E aí seria solto! Não seja burra! - ele diz parando no 5° degrau
- Eu vi o arrependimento nos olhos dele,sem ele precisar dizer!
- Deixa de ser burra! Acha que ele realmente se arrependeu e foi dormir?
- Ele dormiu depois de tanto chorar e pedir desculpas!
- Desculpas não adiantam nada! Palavras vazias não mudam nada!
- As palavras dele não estavam vazias! Você é pai dele,mas não o conhece igual eu! Eu fico do lado dele todos os dias enquanto você está trabalhando e traindo a mamãe, você não passa de uma farsa!
- Trair sua mãe? - os olhos dele se arregalaram e ele desce as escadas em uma rapidez que me assusta- diga de novo para você ver do que sou capaz! Você não sabe o quão louco eu posso ser!
- Você não passa de uma farsa! Você vive trabalhando e traindo a mamãe! - desafio ele já sabendo o que ele vai fazer
- Sua maldita! - ele dá um tapa em meu rosto,como esperado
- Não fala assim com ela! - O grito do meu irmão invade o local,eu vejo ele descendo os degraus rápido- você não tem esse direito! - meu irmão estava com raiva,eu vi ele dá um soco no rosto do meu pai,meu irmão nunca enfrentou meu pai e eu estava em completo choque
- Como você ousa... - vejo meu pai devolver um soco em meu irmão,um soco tão forte que ele quase caí no chão
- Você não tem o direito de encostar um dedo em qualquer mulher,mesmo que seja sua filha,eu já te disse um milhão de vezes, você pode me bater,me fazer sangrar ou até mesmo me matar,mas não encoste um dedo na minha irmã! Você é um péssimo pai! - ele gritou com meu pai,ele de repente para em minha frente,eu não entendia o por que do meu irmão ficar tão protetor quando o assunto é eu ser intocável por qualquer homem que exista

Meu irmão mesmo sendo um ano mais novo nunca gostou que eu chegasse perto de qualquer homem,quando eu aprontava quando era mais nova e meu pai queria me bater para ensinar ,meu irmão aparecia na frente e dizia para descontar nele,sendo assim meu pai nunca me bateu,mesmo eu sendo a mais velha,meu irmão sempre apanhava e eu odiava ver meu irmão passando pelo o que eu devia passar,mas meu irmão dizia que o papel dele era me proteger e hoje não foi diferente ele me protegeu,mas pela primeira vez meu irmão bateu no meu pai.
Meu irmão estava furioso porque meu pai me deu um tapa,não consigo imaginar o que ele faria se meu pai realmente me batesse muito.
Eu via meu irmão dar muitos socos no meu pai e meu pai devolvia com muita força,meu pai não ligava se era o filho dele,ele batia com muita força,como se estivesse batendo em um homem adulto,não em uma criança de 15 anos.
- A próxima vez que você encostar um dedo na Lili,eu prometo por tudo o que é mais sagrado nessa vida,que eu te mato! - ele ameaça meu pai com fúria nos seus olhos

Eu simplesmente odeio você Onde histórias criam vida. Descubra agora