hora do jantar

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"Meu pensamento, este em si acolhe
um assassino
mais que fantasioso, sacode de tal
maneira
o reino de minha condição humana
e única,
que toda a ação fica asfixiada
em conjeturas,
e nada mais existe, a não ser o que não existe."


Macbeth

       

         Mary era desses seres mastigados pelo vázio, sempre enrolada em sua língua de solidão e rasgada pelos dentes da culpa.

Com um sorriso zombeiro, Lily tira seu cabelo do ombro com a ponta dos dedos, mechas de cabelo caindo como ondas, dando total visão para seu pescoço e ombro; pele pintada de sardas sendo servida ao banquete. A fome esteve o dia todo, silenciosamente, rastejando por baixo da pele de Mary, como um animal rastejante que assim que colocou os olhos em Lily se armou com várias bocas cheias de avidez.
   
  
   
   
  "Hora do jantar, Mary."

    
    Sentir fome era algo que Mary estava tentando se acostumar nesses últimos dias. Essas bocas famintas sempre estavam sussurrando em algum lugar em seu estômago; às vezes pedindo, às vezes implorando, às vezes ordenando desesperadamente para abastecê-las e alimentá-las.

 
As paredes brancas do quarto de Evans eram velhas e estavam descascando. Aparentemente, ser policial pagava pouco, um leve som de batidas rápidas de coração desviaram a atenção de Mary. O leve ressoar do sangue bombeando parecia reabastecer sua atenção, suas veias saltaram, ela podia se sentir mais acordada e sabia que suas irís estavam maiores, sua gengiva coçou.

Mary podia ouvir os passos distante das pessoas na rua e as conversas borbulhantes.

Mesmo sendo ofertado, ela ainda se sentia estranha, o pior tipo de pecadora, ela já tinha feito muitas coisas muito piores, no entanto, a sede insaciáel que criava raízes afiadas como adagas em seu estômago sempre foi seu maior medo.

Medo do que aconteceria se essas raízes provassem novamemente o gosto de sangue.

Medo de quem ela se tornaria, Medo de quem ela realmente era.

 A sensação do formigamento de prazer ia aumentando gradativamente e fazendo todos os seus membros vibrarem. A carniçaria sempre cantaria de prazer em seus ouvidos, como os querubins que louvam na entrada do Éden.
  
Mary ficou parada por dois longos segundos, esperando por algum sínal de desistência. Lily era sempre firme em suas escolhas, nunca voltava atrás no que acreditava, mesmo que hoje fosse servir de jantar pro diabo.

O sangue dela era tão delicioso, tão vivaz, como se ela estivesse tomando diretamente na fonte da vida, descia por sua garganta como ondas selvangens que deixavam uma festa de prazer por onde passava. Se ela tivesse um espirito, ele estaria transbordando agorwa

 
Hesitante, Macdonaldc colocou o joelho direito na cama, o lençol gelado se enrugando ao seu redor. Ela passou os dedos pela pele gelada do pescoço, sentindo a pulsação, depois deixou seu nariz passar lentamente pela pele, sentindo o cheiro; Lily tremeu levemente fazendo a outra sorrir sobre sua pele.

 
Toda sua autoconsciencia estava se esvaindo suavemente, sua atenção se limitou somente ao som do coração de Lily e do cheiro de seu sangue. Só a existência de Lily vibrava nesse segundo.

 A vampira deixa um suave beijo molhado de boca aberta no ombro da policial, que em resposta ao toque tremeu levemente; sua pele subindo em pequenos relevos, ela suspirou, se contorceu e   tirou o peso de uma perna pra outra, os ombros estavam tensos e as pernas levemente trêmulas, ela inclina mais o pescoço em direção da vampira.

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⏰ Última atualização: Nov 18 ⏰

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