Jaspe

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Após muito tempo, Choso teve sua primeira iniciativa com Yuki, e fez novamente todo o trajeto que antes foi caminhado ao lado dela. Agora já não era mais um fim de tarde de verão, mas uma madrugada invernal no Japão. Choso percorreu aquela ponte e observou a lua, que antes era um sol. Mas nada parecia tão brilhante quanto da última vez. Choso caminhava sozinho e em silêncio lembrando de como era o som da risada e dos passos apressados de Yuki, que agora já não poderia mais ouvir. Ele entrou na gruta, parecia como da última vez. As rochas eram as mesmas, o riacho ainda era tão cristalino quanto da última vez. Mas não tinham passarinhos e também não tinha musgo, os sinais de vida do ambiente haviam desaparecido, ou melhor, Choso nem percebeu se havia esses sinais. As pedrinhas brilhantes ainda estavam perfeitamente estiradas sobre o chão rochoso, o mesmo que antes ele havia se conectado com Yuki. Mas dentre todas as pedrinhas, uma coisinha se sobressaiu. Era uma pedrinha de jaspe, mais diferente que todas as outras e brilhava mais do que todas as outras. Especialmente por estar amarrada a uma correntinha. Era o colar de Yuki. Choso é um homem forte, mas não pôde segurar o próprio fardo ao reencontrar o que talvez seria o único resquício que sobrara de sua amada. Não segurou; chorou como um menino. Que antes chorava de saudade por Yuki, agora chorava apenas pelo amor que ela ensinou a ele; e aquele colar seria dele a partir de agora, e o protegeria com todo o seu coração, como um símbolo de eterna gratidão por ter sido a única mulher que ele amou.

Amor ao EntardecerOnde histórias criam vida. Descubra agora