Capítulo 12

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**Pov Luan Alencar**

Mais um dia começou, e eu acordei com o som do meu despertador. Ainda com o corpo sonolento levantei e fui direto ao banheiro para fazer minha higiene pessoal, tentanto espantar o resto do sono. Desci as escadas até a cozinha onde prepararei algo para o café da manhã. Sentado á mesa com uma xícarade café quente, peguei meu celular para conferir as notificações que tinham chegado durante a noite.

Entre as mensagens tinha uma de Maya.

"Preciso falar com você. Pode vir aqui em casa?"

Algo na maneira que ela escreveu a mensagem fez o meu coração acelerar. Uma sensação de ansiedade começou a tomar conta de mim, me deixando nervoso. Sabia que precisava me preparar psicologicamente para a conversa que estava por vir, mas era difícil acalmar o turbilhão de pensamentos dentro de mim. Após trocar de roupa rapidamente, fui até a casa de Maya, refletindo no caminho sobre como ela reagiria e lidaria com o que estava prestes a acontecer.

Ao chegar na mansão, fui direto para o quarto dela. Ela estava sentada na cama e, ao me ver na porta, simplesmente fez um sinal para que eu me aproximasse e sentasse ao seu lado. Obedeci, sentando ao seu lado, enquanto ela me entregava o celular, a tela exibindo o vídeo que eu conhecia bem: o vídeo do beijo.

- Você pode me explicar o que aconteceu? - perguntou ela, com a voz calma e baixa.

- Foi... só um beijo - Respondi gaguejando, sem saber o que dizer.

- Não foi só um beijo, Luan - Ela levantou da cama, cruzando os braços. - Me fala, por favor, que de todos os homens no mundo, você não foi se apaixonar justamente pelo meu irmão.

Eu podia ver as lágrimas se formando nos olhos de Maya.

- Não foi nada demais, May. Eu estava vendado, nem sabia que era ele, foi para a barraca - tentei explicar, ainda nervoso.

- Não tente me enganar, você sabe que eu odeio mentiras - Ela desviou o olhar lutando para conter as lágrimas.

- Me desculpe, Maya - decidi ser honesto. Mesmo que isso a magoasse.- Eu não tenho como controlar o que sinto. Eu tentei, juro que tentei não me interessar pelo Caio, mas algumas coisas na vida não são uma escolha. Aconteceu, e não há nada que eu possa fazer para mudar isso.

- Então você e o meu irmão vão ficar juntos agora? - Ela diz com a voz carregada de decepção, e suas palavras me atingem em cheio. Será que seria tão ruim assim se eu realmente ficasse com Caio?

- Bom...- Hesitei por um momento. -Depois que o trabalho na barraca terminou, ele me ofereceu uma carona. Por causa da chuva, tivemos que parar em um parque para nos abrigar. Acabamos nos beijando novamente, e ele me disse várias coisas bonitas - confessei.

- Isso não pode estar acontecendo - A decepção na voz de Maya era palpável.

- Mas não, não estamos juntos. Aconteceu um momento super constrangedor, e eu descobri que seu irmão me levou para um lugar onde costuma levar todas as pessoas que ele quer pegar. - Expliquei, deixando claro o que havia acontecido.

- Nós dois conhecemos bem o Caio. Você sabia que isso podia acontecer, e mesmo assim vai deixar meu irmão te usar como faz com todos os outros? - Maya questionou, sua expressão mostrando um misto de frustração e preocupação.

- Já disse, Maya, não estamos juntos. Deixei isso bem claro para ele. - Respondi sincero.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que Maya finalmente voltar a se sentar ao meu lado na cama.

- Eu sempre te pedi para isso não acontecer. - Sua voz estava mais suave.

- Sei que toda essa situação deve ser estranha para você. - Comecei a falar, tentando encontrar as palavras certas. Eu sabia que Maya me via como um irmão, e ver seus dois "irmãos" se interessando um pelo outro devia ser confuso para ela.- Em nenhum momento quis te magoar, Maya. Não quero que isso afete nossa amizade. Nada precisa mudar entre nós.

Ela permaneceu em silêncio por um tempo antes de me dar um abraço apertado.

- Eu não quero perder você. - Apertei-a ainda mais forte.

- Você não vai mais beijar meu irmão, vai? - perguntou ela, claramente preocupada.

- Não... Eu não vou - prometi, sabendo que era perigoso prometer algo assim, mas eu precisava fazer essa promessa, não só por Maya, mas por mim mesmo, para tentar afastar de vez o interesse por Caio.

- Nada precisa mudar - Repetiu, e nós nos aconchegamos mais na cama, ainda abraçados.

Ficamos assim por um bom tempo, em silêncio até finalmente os nossos corações se acalmarem. O clima ficou mais leve, e voltamos a conversar como de costume. Finalmente, senti um alívio completo. Decidimos assistir a um filme e passamos alguns minutos rolando o catálogo até escolhermos algo. Só faltava uma coisa: desci até a cozinha para pegar sorvete.

Enquanto buscava o sorvete no freezer, ouvi uma voz:

- Oi, Lulu, procurando por algo? - Era Cíntia, a mãe de Maya e Caio.

- Oi, Tia Cíntia - respondi, indo até ela para cumprimentá-la com um abraço. - Vim buscar sorvete.

- Como estão as coisas na escola? - perguntou ela com doçura.

Cíntia sempre se preocupa comigo e com minhas coisas. Ela pergunta sobre a escola, as notas, quer sempre estar por dentro de tudo, e eu adoro isso nela. É um cuidado que me faz lembrar da minha mãe, um carinho que me faz falta às vezes, e ter Cíntia por perto ajuda um pouco com isso.

- Está tudo certo!- Respondi sorrindo.

- E como foi ontem na barraca? Maya não quis falar muito, e até fugiu do assunto quando perguntei sobre o garoto que a trouxe em casa - Disse ela de forma brincalhona. Eu sabia que ela adorava saber das coisas na vida dos filhos e eles se sentiam confortáveis em compartilhar as coisas com ela.

- Não se preocupe, eu conheço o cara, é um garoto bem legal.- Pisquei para ela, brincando, e nós rimos.

- Fico tranquila porque sei que você está lá para proteger minha menina - Disse ela, bagunçando meu cabelo de forma carinhosa. - E você? Como estão as coisas com o garoto do encontro?

- Na verdade, não deram certo - Tentei desviar do assunto. - Desde o dia em que saímos, não nos falamos mais.

- Ah, que pena. Mas tenho certeza de que você vai encontrar o garoto certo, alguém que te faça muito feliz, como você merece - respondeu ela, me confortando.

Subi novamente para o quarto de Maya, agora com os sorvetes na mão, mas ainda com a cabeça cheia de pensamentos. Aquela conversa com tia Cíntia me deixou mais leve, mas também me fez lembrar a importância de ser honesto comigo mesmo. Eu sabia que prometer para Maya que não beijaria mais Caio era uma decisão complicada, só o tempo pode dizer se realmente vou conseguir cumprir essa promessa.

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora