Capítulo 11

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**Pov. Luan Alencar**

Eu me agarrava firmemente às roupas de
Caio enquanto a chuva ficava cada vez mais intensa. O caminho, já complicado por estarmos de moto, se tornou ainda mais difícil. Caio lutava para pilotar com toda aquela água caindo.

- Está ficando perigoso! - ele gritou para que eu pudesse ouvi-lo. - Vamos parar um pouco.

Ele encostou a moto perto de um parque e me puxou para debaixo de uma cobertura que nos protegeria da chuva. Minha roupa estava encharcada, e eu tremia de frio. Tudo o que eu queria era chegar em casa, me aquecer embaixo de um cobertor na minha cama.

Nos abrigamos em uma espécie de cabana, e eu me sentei no chão, encostado em uma das paredes, tentando conter o frio que me dominava.

- Você está bem? - Caio perguntou, preocupado.

- Estou, só preciso chegar em casa logo.

Ele tirou a jaqueta de couro que usava, colocou-a sobre meus ombros e se sentou ao meu lado.

- Assim que a chuva passar, prometo te levar para casa o mais rápido possível.

Eu encostei minha cabeça nos joelhos e o observei. Em momentos como esse, quando seus olhos claros se fixavam nos meus, eu lembrava por que gostava tanto dele. Mesmo que nossas vidas nos tivessem afastado, ele sempre encontrava uma maneira de me lembrar do quanto eu o queria por perto.

Ele se aproximou mais, querendo me beijar. Só a sensação de tê-lo tão perto fazia meu estômago revirar; meu corpo inteiro clamava por ele, desejando acabar com a distância entre nós. Mas eu sabia que não podia mais fazer isso.

- Não, Caio - disse, virando o rosto para evitar seu toque. - Eu não posso.

- Você não pode ou não quer? - ele perguntou, intrigado.

E eu queria, queria muito. Agora que finalmente o tinha beijado, algo que imaginei por anos, tudo o que desejava era beijá-lo de novo, colar minha boca na dele e nunca mais soltar.

- Eu não posso - disse, tentando encontrar uma maneira de explicar por que não poderíamos continuar. - A Maya...

- Luan, eu quero saber o que você quer - ele insistiu, segurando meu rosto com as duas mãos para me fazer encará-lo. - Porque eu quero muito, você nem imagina o quanto. Não faz ideia de como me controlei durante todos esses anos. Sei que as coisas são complicadas para nós, mas não consigo mais esconder, não consigo mais fingir que não te quero. Perdi... Perdi o controle. Não consigo mais ficar perto de você sem te beijar. Então me diz, por favor, que quer isso tanto quanto eu.

Suas últimas palavras foram sussurradas, os lábios tocando os meus. E eu também perdi o controle. Nos beijamos novamente, e todo o medo e culpa que me atormentavam desapareceram. Eu só conseguia focar na sensação da sua boca na minha, em um beijo calmo e delicioso.

Caio me beijava com tanta calma e intensidade, como se quisesse transmitir tudo o que sentia. Era exatamente o que eu precisava. Encontrei minha tranquilidade nos seus lábios macios e nos milhares de selinhos que vieram depois.

- Ficou claro o que eu quero? - perguntei, brincando, e vi o rosto dele se iluminar com um sorriso lindo.

- Acho que não... Vamos ter que fazer de novo, só pra ter certeza, sabe?

Ri em resposta, e ele me beijou outra vez. Uma de suas mãos deslizou até minha nuca, enfiando-se nos meus cabelos, enquanto a outra descia até minha cintura, puxando-me para mais perto.

- Segurança! - ouvimos um barulho e nos afastamos assustados. Um homem, aparentemente funcionário do local, estava com uma lanterna apontada para nossos rostos. Levantei-me rapidamente.

- Ah, é você, Caio. Já te falei para não trazer mais ninguém para cá. Aqui não é lugar para isso.

Então, a realidade me atingiu. Era muito provável que o desejo de Caio por mim fosse apenas mais um de seus caprichos. Talvez ele estivesse tentando atingir Maya de alguma forma, e eu caí na dele como um patinho. Não vou correr o risco de me apaixonar por alguém que, na próxima semana, provavelmente já terá me esquecido. Muito menos vou arriscar perder minha melhor amiga para ser apenas mais uma das aventuras do loiro.

- Desculpe, estávamos apenas nos abrigando da chuva - respondi, envergonhado. - Mas já estamos indo.

Devolvi a jaqueta de Caio e comecei a caminhar em direção à moto. Estava muito irritado com ele, mas ainda queria uma carona para casa.

- Ei, Moreno, me escuta! - ele precisou correr para me alcançar.

- Não quero ser apenas mais um na sua lista, Caio. Não sou desse tipo - disse, irritado.

- Eu estava falando sério lá dentro - ele respondeu, nervoso. - Eu gosto de você.

- Pode até ser, mas até quando? Estou arriscando uma das coisas mais importantes para mim aqui, Caio. Não posso me dar ao luxo de perder tudo para ser só mais um. - Ele me encarou em silêncio. - Você pode me levar para casa, por favor?

Ainda em silêncio, ele me entregou o capacete e subiu na moto. Não sabia exatamente o que seu silêncio significava, mas estava cansado de pensar nisso. Só queria chegar em casa, tomar um banho quente e me jogar na cama.

Quando chegamos, desci da moto e entrei em casa, sem dizer mais nada. Um vazio tomou conta do meu peito. Consegui passar da felicidade extrema para uma grande decepção em questão de minutos.

Tirei as roupas molhadas e tomei um banho. Finalmente limpo, deitei na cama e peguei o celular para entrar nas redes sociais. E lá estava o vídeo, naquele maldito perfil. Alguém postou o vídeo do meu beijo com Caio na barraca. Maya com certeza vai ver, e eu não faço ideia de como vou explicar isso.

De repente, senti como se tivesse perdido tudo. Por alguns minutos, Caio parecia ser meu. Não foi por muito tempo, mas o suficiente para perceber que já o tinha perdido. E agora, por causa desse breve momento com Caio, estou correndo o risco de perder Maya. Minha vida não faz sentido sem esses dois.

- - Filho? - Ouço batidas na porta. - Posso entrar?

- Pode, pai.

- Aconteceu alguma coisa? - Ele me olhou confuso. - Por que você não voltou para casa com a Maya?

- Ah, ela estava acompanhada - respondi, sem entender por que meu pai estava perguntando isso.

- Foi só por isso que o Caio te trouxe em casa, certo? - Ele perguntou, com um tom mais sério.

- Por que está me perguntando isso? - Questionei, com medo da resposta.

- Não sei, filho, só fiquei pensando se tem algo que eu não saiba.

- Pai, não está acontecendo nada, ok? O Caio só me deu uma carona.

- Tudo bem. Boa noite, filho.

- Boa noite, pai.

Achei muito estranho meu pai aparecer com essa conversa do nada, mas minha cabeça já estava quase explodindo. Decidi deixar para me preocupar com isso depois e fui dormir.

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora