Capítulo 1

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Momentos bons são tão fugazes quanto bater as asas de uma borboleta, não da para prolongar e em algum momento vai se acabar, vai se tornar névoa com o passar do tempo, tudo que restará serão apenas belas lembranças…
Há dias que tudo está bem, outros não tanto, em algum momento a vida vira de pernas pro ar e não se sabe quando ou onde tudo começou a dar errado.
Dizem que de todas às situações da para tirar lições de vida para aprender, amadurecer, enfim…
Tudo começou naquele dia fatídico, era um dia normal como outro qualquer.
-Mãe estou indo para escola - gritei ao pé da escada, mamãe é do tipo dorminhoca, adora dormir por isso eu sempre tomo café na escola com minhas amigas.
Sai para rua e Raquel estava lá me esperando junto com Alicia, elas eram minhas melhores amigas, estávamos estudando juntas desde o jardim de infância e esse ano seria o último ano nosso.
Raquel era do tipo gordinha e amigável, sua natureza doce a fazia um alvo perfeito para bullying, Alicia era alta e magra mas esquentada e ninguém se atrevia a mexer com ela pois corria o risco de se tornar saco de pancada, assim como o Robbie de Raquel era comer o de alicia era lutar, eu ficava entre as duas adorava comer e lutar, havia aprendido com Alicia, sempre achei que um pouco de auto defesa não fazia mal a ninguém.
Eu tinha um namorado, ele era universitário e o maior gato do tipo que todas as mulheres somem, nosso caso era como novela mexicana um tal de larga e volta que até havia perdido as contas. Mas agora parecia que ia dar certo, já fazia 6 meses que estávamos e tudo estava perfeito, no começo aquelas abelhas irritantes não nos deixava em paz, mas agora tudo estava tranquilo.
Entramos no refeitório dá escola e pegamos nosso café dá manhã e sentamos em uma mesa perto dá janela.
-Vocês ouviram falar de um homem que caça monstros? - Alicia perguntou quando sentávamos na mesa da cantina.
-Monstros? Existe isso? Deve ser apenas um cosplay - retrucou Raquel.
-Não, eu entrei no site black world, lá dizem que esse caçador é muito famoso.
-Esse site é muito duvidoso, parece mais para quem gosta de fantasia - falei, ela sabia que eu era cética em relação a monstros e mitos.
-Não importa se você acredita ou não, monstros existem e os Hunters existem para nos proteger, é óbvio que precisam manter sigilo ou o mundo viraria de pernas pro ar.
Enquanto ela falava eu revirei o olho e levei a mão discretamente no meu machucado, logo o desconforto passou e ela continuou com a conversa.
-Além disso, não muda o fato dele ser famoso, recentemente tiraram uma foto de perfil dele, ele é tão lindo!
-Se é tão sigiloso então porque você consegue entrar nesse tão Black sei-la-o-que? - Raquel perguntou.
Concordei com a pergunta de Raquel vendo o entusiasmo de Alicia, talvez eu fosse cética demais, afinal tive que aprender a ser pé no chão mais cedo, já que minha mãe precisava de mim.
-Vocês não entenderiam, mesmo se eu explicasse. - Alicia disse de modo misterioso.
-Faria bem se você não ficasse tanto no mundo da fantasia - Raquel falou com a boca cheia.
-Melhor que ficar babando pelos seus ídolos de kpop - Alicia replicou, ela não entendia o motivo da Raquel gostar daquelas bandas.
-Tudo bem mesmo que vocês não acreditem, ele é famoso por ser o mais letal entre os monster hunters, diz que qualquer monstro que tem o azar de cruzar com ele, morre sem saber como. ele nunca errou um tiro, diz que ele vem de uma longa linhagem de caçadores e com seu BadRock Rifles – South Fork, ele não perdoa nada.
-Nossa você gosta mesmo desse cara não é? - perguntei vendo a cara de paixão dela.
-Ele não é só o melhor caçador, dizem que ele é frio, arrogante e insensível e não tem nenhum senso de compaixão pelo sexo mais fragil.
-Que horror, então ele não seria um monstro? - Raquel falou indignada, em sua visão os homens tinham que ser como o Jhon, doce, meigo, gentil, charmoso e apaixonado, tratando às mulheres como tesouro na mão, antes de Jhon e eu namorarmos pela primeira vez, ele já era o modelo ideal de homem para às mulheres de Core City. Não era para menos que tive problemas com suas pretendentes.
A princípio quis desistir dele por causa dessas abelhas irritantes, mas depois as coisas melhoraram, mas com todo aquele charme e carisma aonde quer que ele vá, atrai olhares e suspiros.
-Não importa, ele é meu ídolo! - Exclamou Alicia
-Qual o nome desse galã? - perguntei rindo.
-Matt Kane.
-Que nome mais estranho é esse? - Raquel perguntou com ridiculo.
-Talvez os pais dele não gostassem dele. - Alicia comentou em dúvida e eu ri, realmente o nome era horroroso.
-Tudo bem meninas vamos para aula. - levantei, meu celular tocou. - oi Amor… hum… claro… mais tarde… pode ser…  - às meninas reviraram os olhos como se tivessem sendo alimentadas como comida de cachorro.
-Vocês parece bem… - Alicia comentou após eu desligar o telefone.
-Era o mínimo que ele podia fazer né, afinal ele é tão inconstante. - Raquel não gostava dele por causa de tudo que aconteceu. - Onde vocês vão?
-Tomar sorvete. - respondi.
-Lana e seu ferimento? - Raquel perguntou.
-Parece melhor… - levei a mão no pescoço onde tinha um band aid senti uma leve dor como uma agulhada mas fingi não sentir nada, não queria que se preocupassem e não estava melhorando nada, estava pior do que nunca.
Às aulas passaram rápido, mas para mim durou eternidade, me sentia zonza e algumas coisas estavam anormais em mim, às vezes parecia que as vozes estavam altas demais, acústicas, outras vezes os cheiros a minha volta eram nauseantes, podia sentir cada odor, calafrios percorriam meu corpo, minha garganta doía.
-Lana você está bem? - Alicia perguntou.
-Estou.
-Não parece, você está pálida. - Raquel franziu a testa.
-É só meu estômago, mas vai passar - respondi com uma careta.
-Qualquer coisa vá para a enfermaria.
-Mn. pode deixar.
Eu tentei sufocar tudo sem deixar que alguém visse, esses mal estar tinha sido comum desde que me machuquei, depois sempre passava.
A última aula havia acabado, mas dessa vez aqueles sintomas não passaram, isso me apavorou, mal o sinal bateu eu corri parecia que meu tímpano ia estourar com a altura do som, mal ouvi Raquel e Alicia me chamar, fugi direto para casa.

Coração NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora