Capítulo 02

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Não sei como cheguei em casa, a hora do almoço era quando o sol estava em seu pico, minha pele parecia estar sendo escaldada, eu corri, como se tivesse medo que no próximo segundo acabasse incinerada viva.
Agradeci aos céus por estar sozinha, mamãe tinha saído para trabalhar e só voltaria a noite, subi às escadas e entrei no banheiro, aquela tontura estava me matando.
Abri o chuveiro e retirei minha roupa, a água gelada bateu em minha pele refrescando dá ardência, meus braços pareciam que tinham sido queimados, a pele estava vermelha e com algumas bolhas, quando a banheira encheu, sentei e deitei a cabeça na borda ficando coberta com a água fria que ajudou a acalmar um pouco minhas dores de queimadura e às tonturas.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas quandoe senti um pouco melhor, notei que meu braço já não estava tão vermelho e parecia mais pálido, assustada me levantei e corri até o espelho.
Fiquei assustada com o que vi, minha pele estava tão pálida que podia ver levemente algumas veias verdes sob a pele, podia ver um roxo forte sob os olhos, meus olhos estavam vermelhos e o cinza da minha pupila parecia gelo, forte destacado,meus lábios estavam rachados e ressecados,
De repente uma dor horrível acometeu meu corpo e o pior era meus dentes brancos perolados pareciam estar mudando como se tivesse crescendo a dor que senti foi pior que arrancar dente sem anestesia, eu dobrei no chão, às lágrimas banhavam meu rosto, eu estava apavorada, estava tudo bem de manhã, mas então veio do nada e agora parecia pior do que nunca, senti meu ferimento no pescoço queimar, minha garganta estava dolorosamente seca.
Senti uma tontura muito forte e cai no chão do corredor sentia cada osso do meu corpo se movendo como se tivesse sendo quebrado, parecia que tinha vermes roendo minha pele, não conseguia gritar, a dor era insuportável, minhas voz não saia, minha garganta parecia estar fechada, por um tempo naquele inferno de dor eu senti meus sentidos entorpecido então fiquei deitada ali olhando fixamente o teto pensando, estou morrendo e estou sozinha… ergui o braço, parecia que pesava tonelada e então meu mundo se apagou.

Duas semanas atrás eu tinha saído com Jhon e minhas amigas para darmos uma volta na praça e comer lanche, tudo foi perfeito até que Jhon recebeu uma ligação e teve que sair mais cedo.
-Vida desculpa o dever me chama - ele falou um tanto relutante e me deu um beijo. Ele era assim mesmo, sempre recebendo ligações do trabalho fora de hora, mas como ele era empresário nunca desconfiei, pelo contrário eu confiava 100% nele, mesmo tendo um passado instável ao meu lado.
-Tudo bem, vou ficar mais um pouco com as meninas. - Sorri para ele e depois o vi sair. Era quase meia noite quando voltamos para casa, nos separamos e eu fui sozinha.
O caminho para minha casa não era longo, mas também não podia ser descrito como curto, querendo ou não em um pequeno trecho a luz não alcançava e a escuridão era grande, para piorar a noite era sem lua, nunca fui do tipo medrosa, porém, naquele momento senti uma certa ansiedade como se algo ruim fosse acontecer.
Ignorei esse sentimento desnecessário achando que minha mente estivesse pregando peças em mim, quando finalmente relaxei e não muito longe da faixa iluminada pelos postes, senti meu corpo se arrepiar e no próximo segundo fui derrubada, algo pesado e grande estava sobre mim e antes que pudesse reagir senti uma mordida dolorosa e muito pegajosa na base do meu pescoço, achei que fosse morrer naquele momento, mas alguma coisa o assustou e ele me deixou, quando senti meu corpo sem restrição, me levantei com uma tontura devido a queda e quando senti meu corpo se afirmar, não esperei, tive medo de que ele voltasse se ficasse ali, então corri o mais rápido que conseguia, cheguei em casa e corri para meu quarto e me encolhi no canto da cama olhando para porta assustada pensando que a qualquer momento aquela pessoa louca que me mordeu invadiria meu quarto.
Aos poucos os minutos se arrastaram e comecei a me acalmar quando percebi que realmente estava segura ali e não era como naqueles filmes quando a vítima entrava no quarto era pega de surpresa e morta, respirei aliviada e sentei em frente a penteadeira e fui olhar o estrago, havia uma gosma branca nojenta que havia coagulado o sangue, peguei o lenço e comecei a limpar e foi aí que vi dois furos pequenos e perfeitos, meu coração esfriou, tomei um banho e coloquei um band aid e fui dormir…

Não sei quanto tempo apaguei, parecia dias, parecia minutos, meu sentido parecia desordenado eu acordei no corredor a lua ia alta no céu, levantei um tanto entorpecida; não sabia porque mas não me sentia eu mesma, era como se estivesse em outro corpo, já não sentia tonta, mas podia ver no escuro tão claro quanto o dia, podia ouvir sons de longe, pequenos ruídos, voltei ao banheiro e assustei ao ver meu rosto, banhado em sangue, parece que a dor que senti foi tão grande que às lágrimas eram de sangue.
Tomei um banho e vesti uma roupa leve e peguei meu celular, havia 10 mensagens e 5 ligações. Abri as mensagens e vi que eram de Jhon perguntando se estava tudo bem. Não conseguia pensar com clareza, tudo era apenas um borrão na minha mente eu só queria sair dali.
Larguei o celular e sai sem rumo sem direção, mas podia sentir que algo me chamava, me guiando, era como um apelo na qual não conseguia resistir, entrei em becos escuros e com cheiros de podridão no ar, mas alheia a tudo isso pois aquele outro cheiro se sobrepunha me atraindo cada vez mais fundo, até que cheguei em um canto escuro, ali havia algo, parecia suculento, minha garganta queimava, um som bestial saiu da minha boca e tudo que eu queria era me banquetear com aquela coisa deliciosa, eu me agachei e quando o cheiro entrou em minha narina eu enlouqueci e mordi seja o que for, era delicioso, o sabor era divino, nunca havia provado tal iguaria, sem pensar direito eu me fartei, podia ouvir ao fundo alguns gritos e gemidos mas ignorei tudo que eu pensava era me saciar.

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