Seu Pereira.

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-Pronto mainha ja estendi tudo,como você pediu.
-Brigado fia, agora vamo em bora, que vo preparar o jantar, seu pai já vai chegar da roça, e os menino deve ta azul de fome.
Diz minha mãe recolhendo o grande cesto de palha onde colocamos a roupa limpa.Descemos as pedras as margens do rio, até que avistamos de longe Sardento,o cachorro de pai pulando e latindo, com certeza tinha chegado gente lá em casa, corri pra ver e num era mesmo? Seu Pereira, estava lá na varanda mais pai conversando. Seu Pereira, aparentava ter um 50 anos, cabelos ralos e grisalhos, sua barba bem feita quase branca, era pardo de olhos dilatados bem pretos, usava um terno preto. Em seu corpo magro de barriga saliente. esperei mainha e entramos juntas.
-Boa tarde seu Pereira.minha mãe disse estendendo a mão.
-Boa tarde dona Maria, como vai? Disse ele apertando a mão dela.
-vo bem, e minhas fia como tão?
-tão bem trabalhadeiras as meninas viu?
-Eu sei, saudade delas, mais é isso nossos fio são do mundo ne mesmo? Vo preparar um café.Disse ela entrando pra dentro da cozinha.
Eu nada disse fiquei alí observando tudo, quando escutei meu pai chamando meu irmão.
-Josué, oh Josué! Grita ele.
-sinhô.vem meu irmão, forte cabelos negros encaracolados bem castigado pelo sol, pele morena olhos pequenos e esverdeados baba rala mal feita. Não deixava de ser um rapaz bonito,trajava,uma calça com remendas e alguns furos em sua bainha, sua blusa de cor clara,fina delineava seu corpo malhado pelo trabalho pesado de lenhador.
Seu Pereira o observou, e disse:
-rapaz bonito,forte, mais esse rosto dele não engana menino valente, sabe seu João na cidade grande homem valente é difícil consegui emprego os mercadores não querem problemas sabe? por isso eu consigo mais pra moças, e essa ai quantos anos tem? Apontou para mim.
-Essa ai é a Dandara, menina boa, tem 10 anos mais limpa casa,cuida do irmão novo, e ajuda mae em tudo, boa fia.
Olho com cara de quem não entende nada. E vejo seu Pereira coça a barba, e diz:
-menina bonita, parece índia, mais e tao nova...
Continua a coçar a barba,agora com uma cara de dúvida. Eu sou realmente bonita,não tenho semelhança com meus irmãos, sou morena cabelos lisos e pretos bem compridos,meus traços indígenas chamam a atenção, mais por que seu Pereira se importaria com isso? Meus pensamentos são interrompidos, pela voz rouca do meu pai.
- ela é nova sim mais sabe tudo de casa, ate vai a escola, também tem minha outra fia Clara.
-hmmm, o senhor pode chama-la? Diz ele, mais empolgado.
-Chamo! O Clara,Clarinha vem cá fia!
Minha irmã desce correndo, Clara é bonita, pele alva, cabelos negros ondulados e longos seus olhos levemente puxados quase desenhados de tao perfeitos realçam sua boca carnuda rosada, corpo magro esguio,sem curvas, revelam sua pouca idade.
-bonita, eu acho que vo levar as duas,vão conseguir um bom emprego. Diz ele com um leve sorriso amarelado. Em quanto Clara e eu ficamos alí, estáticas, já vimos nossas irmãs indo em bora mais nunca imaginariamos que seríamos as próximas a deixarem nossos pais,nossa casa,nossos irmãos, a escola...sem querer uma lágrima brota dos meus olhos caindo levemente em meu rosto, trato de enchuga-la antes que alguem veja.
-Mais eu não quero ir painho! Protesta minha irmã.
Meu pai então se ajoelha e nos abraça, abraço forte, abraço de quem já sente saudade.
-vai se mio pra vocês fia, vai ser mio. Suas lagrimas escorrem pelo rosto cansado e matratado,chegando ao fundo da minha alma, fazendo que brotem dos meus olhos lagrimas e assim ficamos os três, abraçados chorando, quando somos interrompidos por seu Pereira.
-Assim num dá seu João, num posso leva menina chorosa não.
-Já parei,já parei. Digo entre soluços tentando conter-me. Sei que assim é o único jeito de ajudar minha família eu e clara vamos trabalhar em alguma casa, fazendo serviços domésticos e depois vamos estudar e eu vou ser professora quando for grande,assim vamos dar orgulho a nossa família.
-Dandara tem razão, não chora painho, vamos voltar e quando voutarmos tudo será diferente. Diz ela montando um sorriso no rosto.
Arrumamos nossas poucas coisas e nos despedimos, menos de mainha, ela não gosta vai pra mata e só volta a noite, ela nunca se despede. Partimos, vamos de barco até a outra parte do rio ao chegar-mos lá, outras garotas nos esperam, seu Pereira é um homem bom arruma emprego pra todas ribeirinhas aqui!

Traição Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora