Capítulo 1 - Paraíso Cinzento

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CHARLIE MELANCHOLY APRESENTA

MEDO DE AMAR | PARTE II

P A R A Í S O

Castiel desbrava o céu com suas asas brilhantes e coloridas, a agilidade de seu voo contrastando com a serenidade que sente ao se aproximar de Dean Winchester. Seus olhos permanecem fechados, aproveitando cada fração deste momento precioso, lembrando-se de quando desceu ao inferno para resgatar Dean. Desde então, ele não havia mais assumido sua verdadeira forma, sempre a contendo em sua casca humana. Agora, livre, ele sente cada batida de suas asas como um eco do profundo amor que nutre por Dean.

Ao observar o horizonte entre as nuvens, Castiel começa a perceber um vasto campo gramado. O verde vibrante e a brisa fresca fazem o lugar parecer uma eterna primavera. Suas asas afastam suavemente as nuvens, revelando a imagem de Dean, deitado no solo, encolhido como se estivesse se protegendo da dor. A cena faz o coração celestial de Castiel apertar, mas ele sabe que precisa ser forte.

Castiel não podia perder mais tempo. Ele desce lentamente, pousando sem alarde, uma vez que, em sua forma verdadeira, ele se ergue a mais de trezentos metros de altura. O simples ato de aterrissar poderia ter causado um terremoto, mas ele se move com a precisão e a graça de quem sabe que está lidando com algo mais frágil que o próprio universo.

Dean, com os olhos semicerrados, mal pode distinguir a enorme figura que desce entre as nuvens. A sombra colossal de Castiel bloqueia a luz do sol, envolvendo o corpo de Dean em escuridão. O vento que acompanha o pouso de Castiel faz o corpo de Dean tremer, mas ele está tão ferido e exausto que mal consegue mover-se. Seu pescoço, paralisado, mal se vira para tentar ver quem se aproxima, embora ele saiba instintivamente que é Castiel.

Quando Castiel finalmente pousa ao lado de Dean, seus olhos imediatamente percebem o estado em que o amado está. Completamente nu, a alma de Dean parecia tão vulnerável quanto seu corpo, aninhado na grama, o fiel Impala 67 ao lado. O peito de Castiel aperta ao ver Dean tão destruído, mas ele não pode deixar que as emoções o dominem agora.

Castiel abaixa seu colossal rosto, aproximando-se cautelosamente do pequeno corpo de Dean. Cada fibra celestial dele queria gritar de dor ao ver a forma quebrada de quem ama. Mas ele se contém, pois sabe que precisa agir, não apenas sentir.

- E-eai Cas-s - Dean tenta esboçar um sorriso, forçando as palavras apesar da dor excruciante que sente. Seus olhos inchados e sua voz trêmula revelam o quanto ele está se esforçando.

- Fique quieto, Dean - Castiel responde, sua voz grave e carregada de preocupação. - Você precisa descansar. Cada palavra pesa, como se ele estivesse tentando convencer a si mesmo tanto quanto a Dean de que ele poderia consertar aquilo.

Com movimentos lentos e precisos, Castiel estende suas gigantescas mãos na direção de Dean, determinado a envolvê-lo sem causar mais dor. A visão de Dean, completamente indefeso, faz com que ele lute contra o desespero.

- E-eu esto-tou be... - Dean tenta, mas sua voz falha, incapaz de completar a frase. O cansaço o consome antes que ele consiga tranquilizar Castiel.

- Não, Dean... você não está bem - Castiel sussurra, sua voz carregada de um amor quase insuportável. - Não se preocupe, eu vou cuidar de você. Eu prometo.

De joelhos, diante do Impala, Castiel com extrema delicadeza recolhe a alma ferida de Dean em suas mãos, como se estivesse lidando com o mais precioso dos tesouros. Ele sente o calor suave da alma de Dean e, por um breve instante, o peso em seu coração diminui. Castiel respira fundo, fecha os olhos e, com um impulso poderoso, suas asas enormes batem no ar, levando-os de volta aos céus.

MEDO DE AMAR II | [ DESTIEL ]Onde histórias criam vida. Descubra agora