[TAEKOOK] Recomeço

Capítulo 1

Jungkook desceu lentamente do carro e levantou o olhar para encarar o prédio à sua frente. Aquela era sua nova casa; naquela cidade, estava começando sua nova vida. Ele suspirou, fechando os olhos, e pôde sentir uma mão em seu ombro. Olhou para o lado, vendo Namjoon, que sorriu para ele de forma carinhosa, como se dissesse que tudo ficaria bem. Hoseok apareceu logo atrás, se aproximando, e ambos, em passos calmos, observaram o caminhão de mudanças encostando atrás do carro e os funcionários descendo. Jungkook caminhou até o interfone do local e apertou o botão.

- Golden Plaza, bom dia. Como posso ajudar? - ouviu a voz grave do outro lado da linha, e seu corpo se arrepiou. Ele abriu a boca, mas as palavras não pareciam sair. Namjoon se aproximou rapidamente ao ver o amigo travado.

- Bom dia, novo morador do 202C, Jeon Jungkook. Gostaríamos de descarregar as coisas. - Namjoon respondeu rapidamente. Ouviram alguns barulhos do outro lado e, logo, o portão maior foi aberto, assim como o portão social. Jungkook suspirou e entrou com os amigos pelo portão social, indo direto para o hall.

Assim que chegaram ao hall, avistaram um homem se aproximando deles. Ele mantinha uma postura ereta e uma expressão neutra, mas de alguma forma amigável. Ele deveria ter a mesma altura de Jungkook, com cabelos negros e um corpo musculoso. Jungkook não queria notar demais, mas sempre soube reconhecer um homem bonito, e aquele, sem dúvidas, era muito bonito. Se fosse em outro momento de sua vida, talvez Jungkook jogasse uma indireta para ver como ele reagiria; dependendo do sinal, poderia até tentar algo. Mas naquele momento, ele preferia evitar homens.

Jungkook tinha apenas 22 anos e havia passado por uma das piores experiências de sua vida. Ficara cego para os sinais de alerta. Talvez estivesse apaixonado demais na época para enxergar a realidade. Foram quatro anos de um relacionamento abusivo. Tudo começou com pequenos sinais: um pedido para trocar de roupa, ciúmes dos amigos. Quando Jungkook percebeu a realidade, já estava no hospital, após o namorado tentar espancá-lo. Ainda havia marcas que o traziam de volta à realidade: a maçã do seu rosto estava roxa, seu lábio e sobrancelha cortados, e seu corpo marcado por socos, apertos ou chutes. Jungkook se sentia acabado.

- Bom dia, eu sou Kim Taehyung, um dos porteiros. - Ele falou gentilmente. Namjoon notou que ele mancava levemente, mas não comentou. Algumas tatuagens no braço do outro Kim chamaram sua atenção; pareciam marcas de guerra, o tipo que se ganha ao servir o país. - Vamos, vou acompanhá-los até o andar. O elevador de serviço é aquele ali. Ele é maior. Avisem que é o terceiro andar.

Falou calmamente, com um tom naturalmente rouco. Ele guiou o grupo até o elevador e escolheu o andar em que Jungkook moraria. Destino ou não, era o mesmo que o seu, apenas quatro apartamentos de distância. Taehyung manteve os braços cruzados, encostado no canto do elevador, observando os três amigos conversarem. Ele não gostava de olhar muito para as pessoas, mas não deixou de notar o rosto machucado do mais novo. O Kim não era estúpido; sabia reconhecer sinais de abuso. A questão era: aqueles dois que estavam com ele eram confiáveis?

Assim que chegaram ao andar, Taehyung foi o primeiro a descer. Tirou as chaves do bolso e as estendeu gentilmente para Jungkook, que pegou e agradeceu. Ele se virou, abriu a porta do apartamento e entrou. Taehyung ficou do lado de fora, deixando o garoto e os amigos entrarem. Não costumava entrar nos apartamentos alheios, apesar de todos terem o mesmo padrão inicialmente. O Kim viu o elevador de serviço abrir, e os homens com as caixas começaram a entrar. Não tendo mais nada a fazer ali por enquanto, desceu novamente ao hall para continuar seu trabalho. Nesse meio tempo, observou os funcionários descarregarem as coisas de Jungkook e subirem. Não era muita coisa, então supôs que ele moraria sozinho e que os amigos estavam apenas o ajudando. Taehyung também atendeu o entregador, recebendo algumas encomendas e colocando-as no guarda-volumes dos respectivos donos. Era um prédio de cinco andares, com seis apartamentos por andar. O ambiente era calmo, e a maioria dos moradores eram estudantes ou casais começando a vida.