🏖 Garoto de Copacabana [Chanmin]

🏖 00 - Prólogo

Se você olhasse de fora, até podia pensar que Bang Chan e Seungmin eram só dois caras vivendo na mesma cidade, respirando o mesmo ar, tomando o mesmo sol. Mas a real é que as vidas deles são tão diferentes quanto o Leme é do Leblon. Chan é cria da favela, mecânico de dia e quebra-galho de noite, sujando as mãos de graxa no chão da oficina, consertando desde os carros importados até as motos mais surradas da vizinhança. Já o Seungmin? Ele é o "doutorzinho" da Zona Sul, estudante de Medicina Veterinária, de boa no apê em Copa, com aquela vista pro mar de cartão postal. Dois mundos opostos, dentro da mesma cidade maravilhosa.

Enquanto o Chan acorda às seis com o despertador do celular gritando, já levantando no pique e saindo do quarto apertado, Seungmin abre os olhos com o sol entrando pela janela do apê chique dele, na cama grande, lençóis branquinhos. Chan se joga na cozinha, procurando um café preto pra dar aquele gás no começo do dia, com o macacão já meio sujo de graxa pendurado na cadeira. Seungmin tá na cozinha moderna, pensando em qual roupa vai combinar com o clima do Rio. Chan já tá na oficina, chave inglesa na mão, pronto pra mais um dia de correria. Seungmin tá de boa, se ajeitando pra mais um dia de aula.

Chan conhece cada carro pelo barulho do motor, cada cliente pela maneira que pisca os faróis quando chega. Todo mundo ali sabe o nome dele, sempre com um sorriso de quem vê um amigo. Ele é parte daquele lugar, de cada parafuso apertado, de cada motor que volta a roncar. Já o Seungmin conhece cada bar luxuoso de Copa, cada cafézinho gourmet que cobra uma fortuna por um croissant. Ele sabe os nomes dos melhores veterinários da cidade, faz amizade fácil com os colegas da faculdade. Seungmin nasceu em berço de ouro, nunca teve que contar moeda pra pegar ônibus, nunca soube o que é apertar um trocado pro pão.

Mas, ó, não se engane. Seungmin não é um daqueles playboys metidos. Ele sempre foi gente boa, nunca olhou ninguém de cima pra baixo. Sabe que teve sorte na vida, mas nunca entendeu como é viver sem ela. Enquanto isso, Chan aprendeu tudo na raça. A vida ensinou ele do jeito mais duro. Teve que se virar cedo pra ajudar o pai e criar a irmã mais nova, a Hannah.

Quando a Hannah entrou na faculdade, foi como ganhar na loteria. Agora ela tá lá, estudando, morando no alojamento, sonhando com um futuro diferente. Chan segue no corre de sempre: consertando carros, fazendo bicos aqui e ali, enfrentando sol, chuva e clientes exigentes. E às vezes, ele se pergunta: será que algumas pessoas tem noção de como é difícil do lado de cá? Será que eles sabem o que é ralar de verdade?

Enquanto isso, Seungmin tá no mundinho dele, sem saber como é a vida fora da bolha. Não é por mal, é só porque nunca precisou saber. O cara ama animais, quer ser veterinário pra cuidar deles, e isso é legal. Mas a diferença que ele quer fazer no mundo é muito diferente da que Chan quer. Chan quer dar uma vida melhor pro pai, garantir o futuro da irmã, e que a mãe, de onde estiver, tenha orgulho dele. Seungmin quer salvar pets, fazer o bem na área dele. E tá tudo certo também.

É engraçado como esses dois vivem tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Na mesma cidade, mas parece que são de planetas diferentes. Seungmin vê o Rio de cima, da janela do apê com vista pro mar. Chan vê o Rio do asfalto, do chão da oficina, ouvindo o som dos motores e sentindo o cheiro de óleo. Seungmin vê o Rio cheio de oportunidades; Chan vê o Rio como um campo de batalha.

Mas, no fim das contas, a cidade é uma só. E, por mais que as realidades deles sejam tão diferentes, quem sabe um dia esses dois mundos não se encontram de verdade? Vai saber… Talvez o Chan conserte o carro do Seungmin, ou talvez se esbarrem por aí. No fundo, eles são só dois caras tentando achar seu lugar na selva de pedra, cada um com o que a vida deu. E, quem sabe, ainda aprendem uma ou duas coisas um com o outro.

🏖 |

continua...