Após anos vivendo na Rússia, Fyodor Dostoiévski retorna ao Japão, seu lar de infância, carregando consigo memórias do passado e um silêncio que poucos conseguem penetrar. Em seu novo colégio, ele se vê diante de Nikolai Gogol, um colega intrigante e...
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Capítulo Um: —Um recomeço.
Lentamente, ele abriu os olhos, piscando algumas vezes enquanto ajustava a visão ao amanhecer que se derramava sobre a paisagem cinzenta do lado de fora. Um céu nublado se estendia, denso e fechado, como se até o sol estivesse hesitante em aparecer naquela manhã. O vento frio entrava pela janela entreaberta do carro, trazendo uma leve umidade e o cheiro de terra molhada, que se misturava ao ar como uma lembrança agridoce de que ele estava de volta ao Japão.
Fyodor puxou o casaco para perto do corpo, encolhendo-se em busca de calor, mesmo sabendo que o frio vinha de dentro. Olhando a cidade que lentamente despertava, ele sentia que a quietude daquele momento refletia algo de sua própria alma — uma calma quase anestesiante, mas que não lhe trazia paz.
Aos poucos, o som do motor e uma buzina ocasional o trouxeram de volta, e ele soltou um suspiro, ciente de que aquela calmaria não duraria muito.
— Acordei você, querido? — A voz da mulher no banco da frente soou baixa, quase hesitante, como se não quisesse perturbar o silêncio.
Ele demorou um segundo antes de responder, desviando o olhar da paisagem que corria pela janela.
— Não, mãe. — A voz saiu baixa, e ele voltou a observar a estrada com uma expressão serena, mas distante. — Eu já teria que acordar logo, de qualquer forma.