31) Nosso Pequeno Tatu Bolinha

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Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.
Buda

Percebendo que seríamos reconhecidos, interrogados e levados à delegacia, desenvolvi o Pé de Oiti que ainda se encontrava em chamas. Fiz com que os galhos e raízes estendesse por toda a frente da residência para impedir a aproximação dos agentes com o incêndio. Danilo ainda desacordado, Kim fora de combate, o caçador desapareceu e Kiel havia entrado em estado de choque. Eu não conseguia avistar nossos oponentes, nem os aliados entre os destroços. Por medo de atingir ou sufocar os soterrados, acreditei ser melhor focar no salvamento dos que estavam no exterior. Raciocinando logicamente, acudi primeiro Dan para que elaborasse algum plano de nos tirar dali. Minha mãe me ensinou a suceder primeiros socorros e ao perceber sua respiração vulnerável, iniciei o processo.

Posicionei seu corpo ereto com o abdômen para cima. Como Dan possuía o hábito de se vestir com calças largas, seus cintos comprimiam sua cintura, desafivelei permitindo uma melhor circulação sanguínea e elevei seus membros inferiores com altura acima do tórax. Me certifiquei em deixar a cabeça mais baixa com relação ao restante do corpo e lateralizei o rosto. Essa posição facilitaria a respiração. Observei que estaria sendo eficaz, porém despenderia certo tempo, utilizei então algumas raízes próximas para manter as pernas na altura necessária e parti para a próxima missão.

Buscando algo útil dentre os compartimentos, achei as sementes de abóbora e me lembrei da enorme descrição que Kim havia dito. Dentre elas estaria relaxamento e bem-estar. Torci para que o efeito fosse perfeito para a mente de Kiel. Ele se encontrava de joelhos com as mãos ao chão, que agarravam firmemente a grama do quintal, sua fisionomia remetia estar em outra dimensão e honestamente não se pode mensurar o que se tramava em seus pensamentos.

- Eu te amo, mozão. Preciso que você seja forte só mais um pouquinho, a gente precisa sair daqui antes dos policiais entrarem, ta bem?. - O abracei e apoiei as sementes de abóbora na parte posterior de seu pescoço.

Ativei minha conexão e deixei ali, para que surtisse efeito, espalhando o calmante pelo sangue dele enquanto me direcionava rapidamente para curar os ferimentos de Kim, ainda sobre o corpo de Carpa. Durante o processo, os bombeiros chegaram para se aliar aos policiais, em pouco tempo não haveria como sustentar as chamas. Enquanto eu acelerava o processo de regeneração de Kim que se contorcia de dor entre as poucas energias que lhe restava, Dan se levantava buscando entender o que se havia passado.

- Sadi, o que houve? - Danilo se aproximava em passos desajeitados, com a mão na testa ainda se recuperando da tonteira.

- Você bateu a cabeça quando o Kiel perdeu o controle. A casa desmoronou em cima da minha mãe, do Ismael e da dona Marta. O Kiel ainda está em transe com tudo o que aconteceu. Já a Hannah e o cara das sombras desapareceram. Tem também um aliado nosso, mas eu não faço ideia de onde ele está.

- Não acredito que eu desmaiei, me perdoem. Essas sirenes, aaah minha cabeça. - Pressionando com as duas mãos as laterais do crânio incomodado com o alto barulho das viaturas. - Os bombeiros estão aqui, certo? Precisamos sair agora, o resgate deles será mais eficaz do que o nosso.

- Concordo, o processo do Kim vai demorar, estou estancando os sangramentos pra evitar que ele precise de uma transfusão. O Kiel deve estar se acalmando, eu já vou ver como ele está. Consegue bolar algum plano pra sumirmos daqui?

- Sim, sim, já pensei em um início. Porém não conheço o bairro, você vai ter que nos guiar pra um lugar seguro. Preciso também que termine o essencial aí e me desenvolva umas vinhas.

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