PRÓLOGO

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Kris

Ela está tão linda

Seus longos cabelos caem em grandes ondas seu vestido branco parece um pouco extravagante mas realçando a sua beleza eu não posso apontar uma falha em sua imagem a maquiagem não é pesada sua felicidades é evidente e caminhando para o altar é impossível não ficar magoado o homem que a espera no final do corredor possui em seu rosto uma expressão de pedra

Vários convidados se espalham pela igreja e não conhecendo ninguém a noiva nem ao menos notificou sua família os seguranças são muitos o noivo como uma figura importante sua união com uma empregada não passaria despercebido e foi assim vendo em todos os sites de fofoca que fiquei sabendo que o poderoso empresário Lorenzo de Angelis um homem poderoso lindo e rico se casaria com a minha mãe

Eu sou um idiota

Por semanas fiquei esperando o convite de sua união por dias achei que faria parte de um momento tão feliz em sua vida a observar de longe nunca foi fácil sua afeição nunca esteve comigo o amor que deveria possuir em seu coração para o ser que gerou nunca esteve presente seu abandono é dolorido nunca realmente convivemos muito bem mas o tolo que sou eu sempre esperei as migalhas de seu afeto

- É evidente a sua felicidade - murmurro escondido atrás de um pilar

Sim ela está feliz

E eu não faço parte dessa felicidade

Ao longe eu posso ouvi-los trocar seus votos minha mãe coloca a aliança em seu agora marido e Lorenzo beija a sua testa quando o padre diz que pode beijar a noiva mas não satisfeita com o seu gesto Beatriz o puxa pela gravata e capturando os seus lábios em um beijo logo os convidados vão a loucura

Sei que não deveria estar aqui mas esperançoso de que talvez o convite de casamento não tivesse chegado a tempo eu tive que engolir as minhas lágrimas quando ao descer do carro que a trouxe até a igreja Beatriz não só me ignorou como sendo levada por um idoso que é avó do noivo Beatriz fez questão de dizer que não me conhecia

Sim

Para ela eu não sou ninguém

- Hey garoto

Assustado eu me viro em direção a sua voz e apavorado por ser pego espionando logo sua mão se conecta com o meu braço e machucado e dolorido desde a última vez em que meu pai chegou em casa bêbado eu solto um gemido de dor mas ignorando totalmente o meu sofrimento logo sou arrastado para fora da igreja

- Você não deveria estar aqui - o grande homem me joga sem cuidado nenhum e tropeçando em meus próprios pés eu tenho lágrimas escapando quando com o impacto no chão minhas costelas gritam em agonia - Dê o fora daqui não precisamos de um mendigo para atrapalhar a cerimônia - dito isso ele volta para dentro

Certo Eu não deveria ter vindo

Me levantando com dificuldades eu caminho para longe o mais rápido que consigo se levar em conta que estou um trapo meu pai nunca foi gentil suas grosserias muito são conhecidas pelos vizinhos o álcool não é problema se todo o seu salário é gasto em bares mas temendo pelo pior minha consciência me alerta sobre os seus olhares como um menino a falta de comida e surras diárias sempre foram o meu pesadelo mas agora com 17 anos meu corpo mudou e com isso vieram os momentos onde perdido para o álcool seus olhares aquecidos me enojam

- Não sei até quando poderei aguentar isso

Ontem a noite não só acordei para vê-lo de pé ao lado da minha cama como fingindo dormir eu pude sentir seus dedos brincando com os botões da minha calça

Foi aterrorizante

Ao atingir a praça eu me sento em um banco e observando o outro lado é possível ver minha mãe pendurada no braço de quem agora é meu padrasto eles se despedem de todos e entrando no carro eles se afastam para que um carro  negro cheio de homens de terno os sigam

- Bem mãe pelo menos um de nós estará feliz

Desanimado e triste com a realidade que se mostra tudo fica para trás quando ao puxar as mangas da minha camisa eu tento secar os últimos vestígios de lágrimas minhas roupas não são o ideal vestindo as camisas e as calças que um dos meus vizinhos não quis mais tudo fica um pouco grande

Certo

Não é como se pudesse escolher

Caminhando para casa eu agradeço mentalmente por meu pai não estar em lugar nenhum o trailer é decadente várias coisas não funcionam direito como portas e janelas e o odor também não ajuda já que mesmo me esforçando para manter limpo meu pai como o porco que é ele não ajuda em nada

- Hum... eu odeio álcool - murmuro com desgosto quando ao parar em frente a pequena TV que precisa de conserto eu começo a recolher todas as garrafas de cerveja

O trabalho é demorado seu vício é grande e retirando a última garrafa que rolou para debaixo do banco as dores em meu corpo só pioram conforme me movimento já no banheiro a imagem que me cumprimenta é uma que não gosto já que reflito o meu pai quando jovem meus olhos azuis meus cabelos escuros o nariz tudo em mim me faz lembrar do homem odioso que me criou

- Eu não deveria ter nascido - sussurro

Eu sou um erro

Beatriz não poupou meus sentimentos quando a procurei aos 15 anos por que em suas palavras eu sou um erro de sua adolescência não existe fotos de sua gravidez não tem nenhum outro registro que diz que sou seu filho e se não tivesse lido o seu nome em minha certidão de nascimento eu até duvidaria que somos parentes

Ao fundo ouço a porta se abrir os seus passos chegam cada vez mais perto e capturando a imagem de seu sorriso cheio de dentes manchados eu só posso rezar para que sobreviva a mais uma surra

Meu Padrasto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora