O sócio mais jovem

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— Imagine como uma partida de xadrez. A melhor estratégia ganha. Cada jogador tem um plano e, no meio do caminho, precisa interceptar o plano do outro e adaptar seu jogo a ele. No tribunal, não é diferente: duas verdades se colidem, apenas uma permanece.

— Sei que você é um exímio enxadrista. Qual é sua jogada preferida?

— O gambito da dama. Sacrificar uma peça no começo para ter vantagens no futuro.

— É essa a estratégia que você gosta de utilizar em seus casos?

— Não, eu prefiro o mate do louco.

— E qual é esse?

— Xeque-mate em duas jogadas. No primeiro vacilo, eu parto para cima com tudo. Uma vitória rápida pra mim e dolorosa para meus adversários.

Antes que a repórter pudesse dizer qualquer outra palavra, Benjamin levantou-se e caminhou até a janela atrás de sua mesa. De costas para a mulher, disse:

— No tribunal, as coisas podem sair do seu controle: o juiz, o júri, a acusação, a defesa, testemunhas, provas, amicus curiae... São muitas as aberturas que o outro lado pode fazer. Então, sempre que puder vencer, vença. No primeiro deslize, no primeiro erro, ataque com força total, sem fraqueza e sem piedade. Custe o que custar.

Ele estava contemplando a vista da cidade do alto do arranha-céu, com um copo meio vazio de whisky na mão e um blues ambiente tocando na vitrola. Virando-se para a moça, continuou:

— Meu trabalho geralmente é impedir que os casos cheguem ao tribunal. Sou homem de acordos. Gosto de resolver as coisas aqui na sala do meu escritório. — Ele a analisou de cima e baixo e soltou um sorriso sacana. A repórter interceptou e retribuiu mordendo o lábio inferior.

Ela é um jovem de dezenove anos que está fazendo estágio como jornalista. Uma mulher pequena com seios grandes. Pele negra cabelos longos e lisos e lábios carnudos.

— Você atuou em mais de dois mil casos e venceu todos. A que você atribui esse sucesso?

— Gosto das leis e as conheço bem, mas sei mais sobre pessoas; é nelas que reside a fraqueza. E a fraqueza dos outros significa minha vantagem.

— Com apenas 25 anos, você já tem o nome na porta do maior escritório de advocacia da cidade. Como se sente em relação a isso e quais são seus planos como gestor?

— Bem, era o natural. Eu venço, então mais cedo ou mais tarde me tornaria sócio. No meu caso, foi mais cedo do que a maioria, porém sou um advogado incomum. O escritório Salles & Devil e Associados, sob minha gestão, irá voltar seu foco em se consolidar internacionalmente como a melhor opção para aqueles que desejam a plena execução da justiça.

— O outro sócio, Arnold Salles, só se tornou sócio após 25 anos trabalhando no escritório. O que você tem de idade, ele tem de experiência, e hoje são parceiros de negócios. É um detalhe curioso.

— O diabo está nos detalhes. O doutor Salles foi meu mentor, e é uma grande honra. — Para ele, pensou, mas não chegou a falar.

— A propósito, essa alcunha de "advogado do diabo", te incomoda?

— Não. Isso diz respeito aos meus clientes, que, perante o julgamento da opinião pública, já são condenados. Mas, como sempre consigo vencer, demonstra que a lei não falha para com os justos. Ou talvez seja apenas um trocadilho com meu sobrenome.

— Última pergunta: a imprensa noticiou que você se relacionou com a atriz Carolina Westom. O ex-marido da atriz te ameaçou dizendo que iria te agredir fisicamente e te chamou de "cretino sem vergonha". Gostaria de dar uma declaração sobre isso?

— O Sr. Wilians é um velho amargo e broxa. Não sei se fui o motivo do término, mas até onde eu saiba ela é uma mulher solteira, e isso lhe permite sair com quem ela agradar. E ela me agrada.

Após essa última declaração, a jornalista desligou a câmera e o comprimento cordialmente pela entrevista. O escritório do Benjamin é espaçoso, porém minimalista. Poucos moveis e paredes brancas, no canto tem um sofá grande.

Benjamim é um jovem belo e alto, corpo atlético. Pele clara e cabelos castanhos, lisos e longos. Tem os traços finos e definidos. Um bigode cavanhaque charmoso. Sua sobrancelha cheia e escura e por causa do designer coloca em destaque o fator mais chamativo. Seus olhos verdes safira.

Caminhou até a moça, que estava sentada sobre sua mesa. Ele ficou em pé no frete dela, que ao notar um certo volume nas calças o encarou, então ele lançou um olho penetrante e percebeu que ela se sentiu intimidade, colocou a mão sobre o pescoço dela e a faz levantar de forma ríspida, fazendo-a ficar colada a seu corpo. Por causa da diferença de altura, ela teve que ficar nas pontas dos pés, e ainda assim não chegou sequer ao peitoral do advogado. Ele disse:

— E você também, me agrada.

Ela, de nada inocente, o empurrou sobre a mesa e soltou um beijo experiente em Benjamin. Enquanto se beijam, ela desceu sua mão sobre o cinto dele e começou a tirar.

— Mas já? — Advertiu Benjamim, fingindo que não estava gostando da situação.

— Quero saber se você vale a pena um divórcio.

— Tem certeza de que está pronta?

— Pode apostar que sim.

                              FIM

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                              FIM.

ENTRE CAUSA E CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora