Capitulo 4

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Jinx estava na janela de seu apartamento, olhando para a cidade abaixo dela, carros iam e vinham marcando o fim de mais um dia

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Jinx estava na janela de seu apartamento, olhando para a cidade abaixo dela, carros iam e vinham marcando o fim de mais um dia. Enquanto as pessoas na cidade, em pleno sábado, pareciam voltar para as suas casas, para as suas famílias, Jinx observava do alto o fluxo de carros intermináveis que se assemelhavam aos seus pensamentos.

Seus pensamentos estavam inquietos, até certo ponto debochavam dela. A neurocirurgiã conseguiu tranquilizá-los apenas quando tomou uma taça do seu vinho rosé, agora já na segunda, conseguia pensar claramente. E eram esses pensamentos, mais claros e coerentes, que estavam debochando dela. Além do silêncio do seu celular, sem nenhuma mensagem.

Em que momento ela acreditou que uma mulher como Lux lhe enviaria mensagem? Ok, Jinx tinha o seu número registrado e poderia facilmente enviar uma mensagem perguntando como estava se sentindo. Porém, uma voz em sua cabeça dizia que cabia a Lux dar esse passo. Então, enquanto o seu celular não apitava, Jinx continuaria tomando o seu vinho favorito, só pelo fato de ter a tonalidade rosa, ouvindo o barulho da avenida abaixo invadir o silêncio do seu apartamento.

Em algumas noites, quando o silêncio do seu apartamento dava lugar ao barulho da cidade, Jinx acreditava que o que a tinha levado a comprar o apartamento fora o fluxo incessante da avenida abaixo. Às vezes, viver sozinha a sufocava, e o barulho da cidade em pleno fervor a ajudava.

Ao finalizar a sua segunda taça, Jinx foi a sua cozinha e deixou a taça na pia. Cansada de esperar, decidiu tomar um banho. Com sorte, a água gelada a ajudaria tirar da sua mente a imagem de Luxanna Crownguard.

Deixando o celular no sofá da sala, Jinx se dirigiu ao banheiro, sentindo-se ridícula por ter cogitado que Lux a buscaria. Alguém tão jovem como ela jamais se interessaria por alguém como Jinx, da sua idade. Jovens eram como uma matilha, sempre andavam em bando, com os da sua espécie. Jinx estava tão longe da realidade de Lux, que ter cogitado que a loira poderia se interessar por ela era risível.

Apesar de ter certeza de que Lux não enviaria mensagem, Jinx sentiu um incômodo em seu peito. Ela não sabia o que tinha acontecido, o que Lux despertou nela, mas Jinx sentiu calor, por poucos minutos, ao sentir o calor de Lux contra o seu corpo, ao sentir o calor daqueles olhos em si mesma, Jinx se sentiu viva. Talvez fosse isso que a fez iludir-se que Lux a procuraria, enquanto a tinha a alguns metros de si, Jinx acreditou que Lux havia sentido o mesmo que ela.

Mas Lux não era uma mulher solitária, que nem a companhia de um gato possuía, uma mulher que se contentava em passar os seus dias livres trabalhando porque a única pessoa que se importava com ela era a sua irmã. Lux não era uma mulher sozinha, ela tinha família, e com certeza amigos. Lux com certeza não se sentiu viva, depois de anos, apenas ao conhecê-la. Ter consciência disso doía em Jinx. Doía como não devia doer.

Ao entrar em seu box, por segundos suspirou aliviada quando a água gelada molhou o seu corpo e os seus pensamentos se calaram. Naquele momento, não havia olhos azuis ou cabelos dourados, não havia o rosto corado de Lux, não havia nada. A água gelada forneceu a Jinx, por poucos segundos, a calmaria que tanto buscava.

A Primeira vista Where stories live. Discover now