Capítulo 2: Sob as estrelas

68 10 1
                                    


A noite avançava sobre Hogwarts , e Harry buscava refúgio na sala de astronomia. O silêncio do ambiente era reconfortante, e ele se concentrava nas estrelas brilhando no céu claro. Ajustando a luneta, ele tentava esquecer o que o perturbava ultimamente, mas sua mente constantemente o puxava de volta a uma única pessoa: Draco Malfoy.

Quando o moreno ouviu passos entrando na sala, virou-se rapidamente, vendo a figura alta e imponente do loiro. Draco parecia sempre estar onde ele menos esperava, com a confiança habitual marcada em cada movimento.

"Você?" Harry exclamou, visivelmente surpreso. "O que está fazendo aqui?"

Draco parou por um segundo antes de dar de ombros. "Não consegui dormir. Achei que um pouco de paz aqui me ajudaria."

Harry bufou, irritado. "Você está falando sério? Não pode simplesmente aparecer aqui."

"Por que não?" o loiro respondeu casualmente, entrando na sala. "Este lugar não é seu, é?"

O moreno sentiu o calor da raiva subir em seu peito. "Você sempre faz isso. Sempre aparece como se soubesse o que eu preciso, como se você fosse o dono de tudo."

Draco parou, arqueando uma sobrancelha enquanto se aproximava. "Eu não estou tentando te irritar, mas parece que sou muito bom nisso."

Harry cruzou os braços, visivelmente incomodado. "É que você... age como se nada pudesse te atingir. Como se você fosse perfeito."

A provocação fez Draco rir, uma risada baixa e carregada de superioridade. "E quem disse que não sou?" ele disse, a voz cheia de ironia. Seus olhos brilhavam com um certo desafio.

"Você não entende o que é ser vulnerável, ou ter que esconder partes de si mesmo," Harry disse, a voz carregada de frustração.

O loiro, agora a poucos passos de distância, olhou diretamente nos olhos de Harry, seu semblante ficando mais sério. "Você acha que me conhece, Potter? Que sabe como é a minha vida?"

"Não sei. Mas você também não me conhece," o moreno respondeu, sua voz mais baixa, quase um sussurro.

"Então pare de agir como se soubesse," Draco disse, sua expressão agora firme, mas não agressiva. "Eu não sou tão previsível quanto você acha."

Harry ficou em silêncio, o rosto avermelhando de constrangimento, enquanto desviava o olhar. O que ele estava tentando provar com essa discussão? O loiro, por outro lado, parecia se divertir com o desconforto do mais baixo. Ele tinha algo magnético em sua presença, algo que deixava Harry inquieto e o fazia sentir-se pequeno sob aquele olhar penetrante.

"O que você quer de mim, Malfoy?" Harry perguntou finalmente, tentando recobrar o controle da conversa.

"Talvez eu só goste de ver você reagir," Draco respondeu com um leve sorriso nos lábios, sua voz baixa e suave. "É interessante."

Harry ficou em silêncio por um momento, tentando entender o que se passava na mente do loiro. Havia uma mistura de irritação e algo mais que ele não conseguia identificar. Ele sentia seu coração acelerar, a proximidade entre eles o deixando confuso.

"Você é insuportável," o moreno murmurou, tentando disfarçar seu constrangimento.

"Eu sei," Draco respondeu, a voz rouca, aproximando-se ainda mais. "Mas, admita, você gosta de me odiar."

Harry não soube o que responder. O rosto dele estava quente, e seu corpo inteiro parecia tenso. Foi então que, sem perceber, ele suspirou o nome do loiro — um som baixo, quase um gemido involuntário: "Malfoy..."

O loiro congelou por um instante, os olhos se estreitando ligeiramente, lembranças de uns dias atrás voando por sua mente, enquanto um arrepio percorria sua espinha. O som suave e trêmulo que escapara dos lábios de Potter mexeu com algo profundo dentro de Malfoy. Ele não podia negar o efeito que aquilo teve sobre ele. Aquele gemido foi mais do que um simples som; era uma provocação involuntária, que mexeu diretamente com os sentidos do loiro.

"Potter ," Draco respondeu, com a voz mais grave do que o esperado, o desejo e a confusão se misturando em seus pensamentos. Ele se sentia atraído de uma forma que não queria admitir.

O rosto do moreno ficou vermelho imediatamente, percebendo o que havia feito. Ele evitou o olhar do loiro, sentindo-se constrangido e vulnerável. Tentou afastar-se, mas Draco o segurou pelo pulso, impedindo-o de ir embora. A tensão entre eles cresceu, os olhos de Malfoy brilhando com algo entre excitação e confusão.

"Não fuja de mim agora," o loiro sussurrou, a voz baixa e sedutora, enquanto soltava o pulso de Harry suavemente, mas sem quebrar o contato visual.

Harry sentiu o coração disparar, sua mente girando. Não conseguia entender por que sentia tanto nervosismo perto de Draco, nem por que aquele toque suave o deixava ainda mais ansioso. Mas, ao mesmo tempo, ele não queria fugir. Havia algo entre eles, algo que ele estava começando a perceber, mas não sabia como lidar.

"Eu não estou fugindo," Harry respondeu, a voz hesitante, mas firme.

Draco deu um passo para trás, abrindo um espaço entre eles, como se o estivesse desafiando a se abrir mais.
"Então me diz, Potter. O que você está escondendo?"

O moreno hesitou. Ele não queria falar sobre isso, mas sentia que não poderia mais guardar tudo para si. E talvez, naquela noite, sob as estrelas, ele pudesse confiar em Draco de uma forma que não esperava.

"É complicado," ele começou, sua voz baixa, quase um sussurro. "Minha vida... não foi fácil."

"Eu imagino que não tenha sido," o loiro respondeu, seus olhos atentos, mas sua expressão sem julgamentos.

"Eu cresci com tios que desprezavam o que eu sou," Harry continuou, as palavras saindo com dificuldade. "Eles me faziam sentir como se ser mágico fosse um erro. Como se eu fosse um erro."

Draco permaneceu em silêncio, ouvindo com atenção, enquanto Harry finalmente se permitia desabafar.

"Eu nunca fui bom o suficiente para eles. Nunca. E isso... isso me segue até hoje. Por mais que eu esteja aqui, em Hogwarts, ainda sinto que não pertenço a lugar nenhum."

Draco deu mais um passo em direção ao moreno, dessa vez com um olhar mais suave. "Você pertence a mais lugares do que imagina, Potter."

O moreno encarou o loiro, surpreso com a resposta. Por trás da provocação e do jogo de palavras, havia uma sinceridade que Harry não esperava. Ele nunca tinha visto aquele lado de Malfoy antes.

"Você não entende," Harry murmurou, desviando o olhar, sentindo o peso de tudo o que carregava.

"Talvez eu entenda mais do que você pensa," Draco disse, agora com uma expressão séria. Ele estendeu a mão e tocou o ombro de Harry de forma breve, mas o suficiente para que o moreno sentisse o calor do toque.

Harry não disse nada, mas algo dentro dele começou a mudar. Ele estava começando a ver Draco de uma maneira diferente — não como o arrogante da Casa das Cobras, mas como alguém que talvez pudesse entender suas próprias lutas.

A noite avançava, e os dois permaneceram em silêncio por alguns minutos, apenas observando as estrelas acima deles. Algo havia mudado naquela sala. O espaço entre eles, antes cheio de tensão e provocação, agora parecia mais calmo, mais real.

Magia inevitável- DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora