Secrets Between the Lines │DAERIN

13: Confusão e Ciúmes

Ponto de vista de Haerin

Era uma manhã como qualquer outra na escola, e eu estava sentada na minha mesa, ouvindo o burburinho típico das pessoas ao redor. Minji, ao meu lado, estava concentrada em algo no celular, provavelmente marcando algum encontro com Hyein ou organizando alguma reunião de amigas. Hyein e Hanni estavam conversando animadamente um pouco mais à frente, enquanto eu apenas deixava o tempo passar, meio perdida nos meus próprios pensamentos.

Desde a noite do filme na casa de Minji, meus pensamentos em torno de Danielle haviam se intensificado. Não era algo que eu pudesse controlar, mas era impossível ignorar a forma como minha mente se voltava para ela. Eu tentava racionalizar, dizendo a mim mesma que era só uma fase, que estávamos nos aproximando mais e isso explicava a confusão, mas, quanto mais eu pensava, menos fazia sentido.

Estava mexendo distraidamente no meu caderno quando uma garota que eu não conhecia muito bem — uma das jogadoras do time de vôlei — se aproximou. Eu sabia que o nome dela era Yuna, e ela era do tipo que não gostava muito de aparecer. Tímida, sempre evitava contato visual direto com as pessoas mais populares, e nunca parecia se destacar nas conversas.

— H-Haerin? — ela murmurou, se aproximando da minha mesa com visível hesitação.

Olhei para ela, esperando que ela continuasse.

— Eu... eu queria perguntar uma coisa. — Ela olhava para o chão, como se estivesse reunindo coragem para o que ia dizer. — Você conhece a Danielle, né?

Senti meu corpo enrijecer no mesmo instante. Claro que conhecia a Danielle, mas a pergunta me deixou em alerta. Assenti, tentando não demonstrar muita emoção.

— Sim, conheço. O que tem ela? — perguntei, mantendo minha voz neutra.

Yuna pareceu respirar fundo antes de continuar.

— Eu queria... saber se você pode me ajudar. Eu estava querendo seguir a Danielle no Instagram, mas fiquei meio sem jeito de falar diretamente com ela. Você pode... passar o perfil dela para mim?

O incômodo foi imediato. Eu nem sabia de onde estava vindo essa sensação, mas o pedido de Yuna me atingiu de uma forma estranha, como se algo estivesse fora de lugar. De repente, a ideia de outra pessoa tentando se aproximar de Danielle, especialmente uma garota do time de vôlei, me deixou inquieta.

— Você não quer falar com ela diretamente? — perguntei, tentando manter a calma, mas sentindo um aperto estranho no peito.

Yuna deu de ombros, nervosa.

— Eu não sei... Danielle parece tão legal, e eu fico meio intimidada. Ela é incrível no vôlei, e todo mundo parece gostar dela. Eu só pensei que talvez, se você pudesse me ajudar, seria mais fácil.

Incrível no vôlei. Todo mundo gosta dela. As palavras ecoavam na minha mente enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo. Era ridículo me sentir assim, mas, de repente, a ideia de Yuna flertando com Danielle, ou até mesmo se aproximando dela de forma mais íntima, me deixava desconfortável de um jeito que eu não conseguia entender.

— Olha, eu não sei se isso é uma boa ideia — falei, tentando não parecer rude, mas a verdade é que meu incômodo era mais forte do que eu esperava. — Se você quer falar com a Danielle, deveria fazer isso você mesma. Ela não vai te morder.

Yuna pareceu surpresa com a minha resposta, mas acenou com a cabeça, visivelmente decepcionada.

— Ah, claro. Eu só achei que... Enfim, obrigado mesmo assim.

Ela se afastou, e eu fiquei ali, olhando para o nada, tentando entender o que diabos tinha acabado de acontecer. Por que isso me incomodou tanto? Era só uma garota pedindo o Instagram de Danielle. Não havia nada de errado nisso, certo? Mas, quanto mais eu pensava, mais o desconforto crescia.

Olhei para o lado, onde Minji agora me encarava com uma sobrancelha arqueada.

— O que foi isso? — ela perguntou, com aquele sorriso travesso típico dela. — Você parecia... não sei, irritada?

— Não estava irritada — respondi rapidamente, talvez rápido demais.

Minji deu uma risada curta, obviamente não acreditando.

— Sei. Só parecia que você estava prestes a pular no pescoço da Yuna. Cuidado, Haerin, as pessoas vão começar a achar que você é uma pessoa ciumenta.

Eu revirei os olhos, mas as palavras de Minji atingiram um nervo. Ciumenta? Não, claro que não. Não tinha como eu estar com ciúmes. Eu e Danielle éramos apenas amigas. Talvez eu estivesse apenas me preocupando, tentando protegê-la de gente que só queria se aproximar por interesse, algo assim.

Mas, se eu era sincera comigo mesma, não era só isso. O incômodo, o desconforto crescente com a ideia de alguém flertando com Danielle, tudo isso apontava para algo que eu vinha tentando negar há dias.

Será que eu estava gostando dela?

Esse pensamento surgiu de forma tão abrupta e clara na minha mente que me fez perder o fôlego por um segundo. Eu gostando de Danielle? Isso não fazia sentido, certo? Nós éramos apenas amigas. Eu não podia estar sentindo ciúmes de alguém se aproximando dela... ou podia?

Passei o resto da manhã perdida nesses pensamentos, tentando não dar muito espaço para o que estava começando a parecer óbvio. Mas, no fundo, eu sabia. O desconforto com Yuna, as trocas de olhares no filme, a forma como meu coração acelerava toda vez que pensava nela... não era só amizade.

E, de alguma forma, isso me assustava.

Ponto de vista de Danielle

O resto da manhã seguiu seu curso normalmente, pelo menos até eu perceber que Haerin estava um pouco distante. Algo estava diferente nela, mas eu não conseguia identificar exatamente o que. Ela parecia quieta, pensativa, como se algo estivesse a incomodando. Normalmente, ela não era do tipo que deixava suas emoções transparecerem, mas havia algo nos seus olhos que me deixava preocupada.

Durante o intervalo, Hanni veio até mim, rindo de algo que Minji tinha dito mais cedo.

— Tá tudo bem? Você tá quieta hoje — ela perguntou, franzindo a testa.

— Só um pouco cansada, acho — respondi, distraída. Mas, no fundo, estava me perguntando o que poderia estar acontecendo com Haerin.

Quando a vi conversando com aquela garota do time de vôlei mais cedo, tive uma sensação estranha, mas não pensei muito naquilo. Agora, porém, eu não conseguia parar de pensar se havia alguma coisa acontecendo que eu não sabia.