Capítulo 87

78 3 1
                                    

Uriel

Tinham se passado alguns dias depois da visita do L7 ao morro e digamos que saber que ele ia nos ajudar com o problema caiu em boa hora.

A uns dois dias atrás houve uma pequena invasão e ele nos ajudou como tinha dito que faria.

Os homens eram da facção rival, aliados ao homem de Paraisópolis.

Era um grupo pequeno e óbvio, que conseguimos matar a maioria.

O resto estava preso e por sorte só uns dois tinham conseguido escapar. 

Ester: Não vai tomar café? - A encarei. Eu tinha deixado Catarina na creche e acabado de chegar em casa. - Viu seu pai?

Uriel: Já tomei café e não. Não vi meu pai - Me aproximei. - Você pode me dizer por que ele não tá falando comigo? - Ela me olhou. - Ele só fala parada relacionada ao morro e nada além... fiz alguma coisa que ele não gostou?

Ester: Acho que tá na hora de vocês conversarem.

Uriel: Conversar sobre oque? - Ela negou.

Ester: Isso é um assunto entre você e seu pai - Sorriu, beijando minha testa. - Não fica chateado, com raiva ou magoado... Ele te ama e eu também.

Uriel: Que papo é esse, Ester?

Ester: Só vai e diz que vocês têm de conversar - Peguei as torradas da mesa e assenti, dando as costas pra ela.

Peguei as chaves da moto e subi nela, indo pra boca principal.

Tinha mais de uma semana que Barão não trocava uma palavra comigo. A gente conversava, mas foi como disse a Ester: eram só coisas relacionadas ao morro.

O jeito que ele me trata mudou desde a tal briga na cozinha, onde conversávamos sobre o cara de Paraisópolis e Ester disse que ele tinha que me contar algo.

Não tinha entendido e eu não era do tipo que insistia em assuntos que outra pessoa não queria me contar.

Estacionei a moto e desci cumprimentando os caras. Ajeitei minha arma na cintura e entrei na sala vendo Barão fumando. Ele me olhou e desviou o olhar incomodado.

Uriel: Acho que tá na hora de você parar com a porra dessa palhaçada e voltar a falar comigo normalmente - Sentei na cadeira em frente à mesa e cruzei os braços, esperando ele falar. - Pai? Tem alguma coisa pra me contar?

Barão: Não - Respondeu seco e grosso.

Uriel: Até quando vai me tratar desse jeito?

Barão: Tô te tratando normal, moleque - Ele soltou a fumaça e eu me apoiei na mesa e encarei seu rosto. - Quié, Davi?

Uriel: Vou ficar aqui até você me contar o porque de tá me tratando assim... você nunca fez isso comigo! Nunca! Fiz alguma coisa que te magoou? Se fiz, desculpa. Não foi minha intenção te magoar... pai, desprezo dói e o senhor sabe disso como ninguém.

Ele me olhou com a mão direita apoiada no rosto e vi que ele segurava o choro. Encarei ele sem entender e levantei indo na direção dele, mas o mesmo levantou a mão e balançou a cabeça em negação.

Barão: Desculpa - Suspirou.

Uriel: Pai...

Barão: Eu não sou seu pai - Encarei ele. - Desculpa. Eu sei, eu sei. Eu devia ter te contado mas é que não consegui.

Uriel: Tá brincando com a porra da minha cara? - Ri. - Só pode ser brincadeira.

Barão: O cara de Paraisópolis é seu avô - Encarei ele de novo e daquela vez surpreso. - Ele tá fazendo praticamente a mesma coisa que fiz com o L7... o cara só quer a família de volta.

Uriel: A minha mãe...

Barão: Ela era uma mulher foda - Assentiu sorrindo. - Quando a conheci, você só tinha uns dois meses de vida e ela tinha acabado de chegar aqui na Penha... A gente não se envolveu mas ela virou uma grande amiga - Me olhou. - Ela não quis me dizer porque fugiu pra cá, mas ela deixou claro pra mim antes de morrer que não queria que você tivesse nenhuma relação com seu avô.

Uriel: Ela realmente morreu de câncer? - Assentiu. - Por que...

Barão: Qualquer pergunta que tiver sobre qualquer outro assunto, é provável que eu não tenha a resposta... Davi, você pode não ser meu filho de sangue, mas eu te considero como tal. Te criei desde que você se entende por gente e espero não ter te decepcionado ao esconder isso de você. Só quis cumprir a promessa que fiz a sua mãe, nada além... tudo bem sentir raiva de mim ou querer me...

- TÃO INVADINDO A PENHA! - Alertaram pelo radinho em cima da mesa. Encaramos o aparelho ao mesmo tempo. - TÃO... atira, porra! NÃO! NO MEU PÉ NÃO SEU IDIOTA, NOS CARAS... PATRÃO! JÁ ACIONEI OS CARAS... PORRAAA! MEU PÉ SEU FILHO DA PUTA!

Barão: Desculpa o tratamento, é que eu não sabia oque fazer - Comentou assim que os respondeu.

Uriel: Agora não é tempo pra desculpas - Limpei meu rosto. Ele assentiu cabisbaixo, se levantando. - Bora matar aqueles cuzões, pai.

Ele riu fraco assentindo e fomos andando pra sala de armamento com os outros caras.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 10 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Mente milionária Onde histórias criam vida. Descubra agora