O Primeiro Abraço

113 24 12
                                    

Jeongyeon:

Eu estava montando guarda até que acidentalmente ouvi Nayeon chorando, no começo eu não estava interessada se ela estava se sentindo bem ou mal então a ignorei.

Pouco tempo depois voltei para o quarto dela e Nayeon ainda estava chorando, ela precisava de alguém agora. Alguém que estava lá para ouvir-la.

Bati na porta.

- Entre...

- Há algo errado? - Perguntei parada na porta sem dar outro passo para dentro.

- Está tudo bem.- Nayeon rapidamente enxugou as lágrimas e fingiu estar bem.

- Talvez você não goste de mim, mas sou boa em ouvir e ajudar nos problemas.

Nayeon chorou novamente, cobrindo o rosto com as mãos e eu fui até ela e a abracei ainda não sabia o motivo do choro dela, mas eu estava lá para acalmá-la.

Até que ela se soltou e começou a desabafar.

Ela acabou me contando como foi sua infância e que ser filha de um traficante não era uma coisa boa. Às vezes ela tinha o pai ao lado, mas ela odiava os momentos em que não o tinha por perto. Passava o tempo rezando para que nada de ruim acontecesse com ele e que ele chegasse vivo em casa.

- Desde pequena, meu pai me abandonou e minha mãe morreu me protegendo em um tiroteio. Eu tinha apenas nove anos. Vi diante dos meus olhos como alguns homens grandes atiraram bem no coração da minha mãe. Eu estava na cama quando vi o ato, ela caiu no chão e me viu com lágrimas nos olhos, eu a vi e resisti à vontade de chorar porque ouvi aqueles homens saqueando algo da casa.

Flashback:

Foi um daqueles dias em que meu pai não estava em casa. Minha mãe e eu, o nome da minha mãe era Gahyeon. Minha mãe estava cozinhando, preparando o jantar, já que seu marido estava prestes a chegar de uma viagem. Ouvi alguém correr pela casa e também armas sendo carregadas.

Presumi que fossem os amigos do papai usando a arma dele.

Mamãe subiu para o quarto e eu estava brincando com meus brinquedos.

- Mãe, o Papai?

Eu perguntei animadamente.

- Sshh, você lembra que falamos que iríamos brincar de esconde-esconde quando o papai chegasse em casa e iríamos assustá-lo?

Ela tentou falar com calma, mas sua voz parecia nervosa e assustada.

- Papai já está aqui!?

Eu pulei e gritei de excitação.

- Shhhh silêncio, se esconde. - Mamãe me colocou debaixo da cama e eu fiz o sinal de silêncio.

Nesse momento os passos se aproximaram da sala, abriram a porta com um chute forte e viram a mãe de pé.

- ONDE ESTÁ SEU MALDITO MARIDO?!

Um homem se aproximou agressivamente da mãe, agarrou-a pelo braço e jogou-a contra a parede.

- Não vou falar nada, não sei onde ele está!

- DIGA-NOS ONDE ESTÁ O PORRA DO SEU MARIDO, ESSE CANALHA VAI ME PAGAR! DIGA-NOS OU VOCÊ VAI MORRER!

O homem andava impacientemente de um lado para outro na sala.

- Não vou te contar nada!

Naquele momento, foram ouvidos tiros altos no quarto, vários no abdômen. A mulher caiu no chão. Foi triste que a última coisa que viu foi a filha debaixo da cama, cobrindo a boca com as mãos, tentando não fazer nenhum som. Ela fechou os olhos e a última coisa que ela conseguiu ouvir foi o marido gritando.

- MEU AMOR, ONDE ESTÃO?!

Ele entrou no quarto e papai começou a chorar, pegou mamãe nos braços, chorando sem parar, arrependido de não ter chegado antes e evitado assim a tragédia, mas o estrago já estava feito, não havia como voltar atrás.

Saí do meu esconderijo e abracei meu pai, acompanhando-o no choro.

Fim do flashback.

- Papai vendeu a casa e agora moramos nesta fazenda.

- Lamento muito que você tenha presenciado a morte da sua mãe, tenho certeza que ela cuida de você lá do céu - Abracei Nayeon pela primeira vez e ela não conseguia parar de chorar.

Nesse momento senti pena da Nayeon e foi aí que entendi porque a Nayeon é do jeito que é, tão desrespeitosa e mimada.

- Por falar nisso...

- O quê...? - Ainda a abraçando, ela respondeu curiosa.

- Você pode parar de me abraçar agora.

- Oh, me desculpe, senhorita - Ela me afastou alguns centímetros e eu me levantei da cama de Nayeon - Estou indo embora.

- Espere.

- Sim, senhorita?

- Eu estava dizendo que amanhã irei a uma festa com Jihyo, eu bebo mal mas Jihyo bebe bem então quero que você cuide de mim Jeongnii~

- Jeongnii?

- Estarei sempre cuidando de você senhorita, esse é meu dever, boa noite.

Fechei a porta com cuidado, finalmente deixando Nayeon sozinha.

Voltei para o meu quarto preocupada, estava preocupada com minha avó que não tinha notícias dela do hospital mas também estava pensando em Nayeon e em como ela passou por tantas coisas quando era pequena, “coitadinha”.

Mas naquele momento recebi um telefonema da minha avó.

- Olá vó, como você está?

- Olá... filha... estou bem, me sinto bem filha, não se preocupe comigo, você trabalha, calma, minha menina, estou bem.

- Eu não acredito em nada, vovó, já mandei dinheiro para a pessoa que está cuidando de você, espero ter encontrado uma pessoa gentil e honesta.

- Minha menina é tão bondosa, mas eu já falei, me sinto bem, consegui até me levantar, comer e beber normalmente.

- Fico feliz em saber disso, vó, fico feliz em saber que você está bem.

- Filha, vou desligar rs, uau estou com a bateria do celular fraca, se cuida, eu te amo.

- Está tudo bem vó, conversamos outro dia e eu também a amo.

- Agora filha, vou desligar, te amo.

- Eu te amo, meu amor, se cuida.

Desliguei a ligação e preparei a cama para dormir.

- Bem, amanhã será um trabalho difícil. Terei que cuidar de duas garotas bêbadas.

Minha Guarda Costas | 2Yeon G!POnde histórias criam vida. Descubra agora