06

183 43 20
                                    

Capítulo 6

Ziyi bufou quando, finalmente, saíram dos túneis e se encontraram nas montanhas.
— O que? — perguntou Zhan imediatamente. — Você sabe onde estamos?
Ziyi apontou para a direita. — A casa de Yibo fica a cerca de vinte minutos a pé naquela direção.
E então ela começou a andar na outra direção.
A boca de Zhan caiu aberta. — Você está falando sério?
— Muito! — chamou Ziyi, antes de se curvar e pegar um lápis. Lápis irradiavam de seu rabo de cavalo como uma estrela, mas ela ainda conseguiu encaixar a nova aquisição.
— Vamos, Príncipe. Vamos continuar andando. Não tenho certeza de quantos lápis a Yifei conseguiu pegar.
— Parece que todos do castelo, — resmungou Zhan enquanto a seguia.
Passaram-se apenas mais quinze minutos, antes que encontrassem a cabana em ruínas. Zhan estava pronto para ir direto até lá e bater na porta - mas Ziyi sentou-se atrás de uma árvore próxima. Antes que Zhan pudesse reagir, ela pegou uma de suas facas menores (e o fato de Zhan ter conseguido identificá-la como uma faca menor  já era um tanto surpreendente) e começou a limpar as unhas com ela.
— Você está brincando? — perguntou Zhan, surpreso.
— Olhe para a porta da frente, — disse Ziyi casualmente. — Você vê para que lado ele está voltado?
Zhan olhou de volta para a cabana. — Oeste.
— Certo. O que significa que quando o sol se pôr, eles não conseguirão ver nada.
Vantagem: nós. Eles não estão se movendo, então nós também não. Sente-se e fique confortável, Príncipe. Temos algumas horas para matar.

Zhan sentou-se em frente a Ziyi e passou os braços em volta dos joelhos. Ziyi não parecia tão preocupada quanto ele, sobre como Yibo e Yifei estavam dentro da cabana.
— Você tem certeza de que eles ainda estão… — Ele não conseguiu terminar.
— Eles estão vivos, — disse Ziyi brevemente. — Nós saberíamos se não estivessem.
Zhan
assentiu.
— Você está muito calma.
Ziyi olhou para ele. — Você é o único com...
Ela interrompeu o que quer que fosse dizer, franzindo a testa para algo por cima do ombro dele. Quando ela se levantou, foi num único movimento fluido e sem esforço, que lembrou a Zhan água corrente.
Zhan observou Ziyi cavar as folhas caídas sob as árvores atrás dele, por um momento. — Sou eu quem o quê?
— Ah! — Ziyi levantou-se, segurando um pedaço de madeira inacabado nos braços.
Parecia um pedaço de lenha que alguém poderia ter deixado cair, talvez com não mais que cinco centímetros de espessura. — Vi um canto disso saindo. Deve funcionar.
— O que, você vai jogar em alguém?
— Por mais tentador que isso seja, não, — disse Ziyi secamente, sentando-se novamente. Ela puxou uma faca diferente e começou a talhar a madeira. — Por um lado, é muito mole. Então, novamente... — Ela lançou a Zhan um olhar penetrante, que ele tinha certeza de que deveria entender.
Ele soltou um suspiro. — Olha, eu entendo o seu problema comigo.
— O engraçado é que eu realmente não acho que você entenda, — disse Ziyi.
— Você realmente acha que tenho muita escolha nisso? — perguntou Zhan com uma raiva velada. — Só… faça-me um favor e faça-o feliz, ok?
Shwick, shwick, shwick,  enfiou a faca na madeira.
— São frases estúpidas como essa que me fazem pensar que você não tem noção,
— disse Ziyi. — Não leve a mal, Príncipe. Não quero dizer isso como uma coisa ruim. Quero dizer isso como uma forma de ‘você está realmente desinformado’.

Zhan suspirou. — Tudo bem, então. Me informe.
— Não, — disse Ziyi.
Shwick, Shwick, Shwick.
— Por que não?
— Não é meu assunto.

Zhan gemeu e caiu de costas nas folhas. Ele podia ver trechos de céu azul através dos galhos escuros e nus acima, brilhando como rendas.
Yibo está naquela casa. Ele, provavelmente, está com medo, com frio e com fome.
Espero que ele não esteja ferido.
Espero que ele saiba que estou vindo para resgatá-lo.
Bem. Espero que ele saiba que alguém está vindo. Que eu garantiria que alguémo encontrasse, onde quer que ele esteja. Sempre que ele precisar de ajuda. Espero que ele confie em mim o suficiente para saber disso.
— Tenho que acasalar com alguém da realeza, — disse Zhan para o céu. — Eu sou da realeza. Meus filhos têm que ser da realeza.
Shwick, Shwick, Shwick.
— Eles não são da realeza por sua virtude? — perguntou Ziyi, suavemente.
— Meu pai disse que não havia nenhum ômega real masculino elegível — disse Zhan, quase desesperado.
— Seu pai, o rei, — disse Ziyi.
— Sim.
Shwick, Shwick, Shwick.
— Exceto que você não vai ser o rei um dia, independentemente de com quem você acasalar?
Whoooooosh,  enquanto Ziyi soprava a poeira da madeira.
É o seu ato real mais importante, garantir que eu continue a linhagem.
Garantindo que o acordo de paz seja concluído.
— Garantindo que nossos pescadores estejam seguros, Zhan, meu garoto, — disse ele.
— Estou tirando uma soneca — anunciou Zhan, e puxou o chapéu sobre o rosto para bloquear a luz.
— É melhor enquanto você pode, — disse Ziyi, pacificamente. Ela continuou talhando, enquanto Zhan se perdia em pensamentos.

O ômega e o Príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora