CAPÍTULO UM
Quando percebi o que havia feito, meus olhos desviaram do animal e minhas mãos foram até a boca tampando-a de um possível vômito. Meu estômago se revirava a medida que o corpo ia apodrecendo ali, o mau cheiro tomava conta da mata enquanto eu me controlava para não vomitar, duas vozes ecoaram pela floresta, meus olhos se arregalaram e tentei fugir, porém não muito longe da onde o corpo estava acabei caindo em cima de alguns espinhos. Eu perdi muito tempo.
Muito tempo.
Eram dois guardas, eles descobriram exatamente o que eu fiz. Eu ouvi eles perguntando coisas como "você é um psicopata em desenvolvimento?", "você matou mesmo aquele guaxinim?" E perguntas idiotas. Um deles me agarrou por baixo dos ombros e me ergueu, me rebati em suas mãos enquanto o outro guarda buscava pela arma que usei. - Ele achou um canivete absurdamente afiado, seus olhos inspecionaram o instrumento com cuidado, era obviamente um canivete caro e de alguma marca especializada neles, o guarda riu e levou a arma cerca de vinte centímetros do meu rosto, parei de me rebater pela ameaça e encarei a lâmina afiada quase encostando no topo do meu nariz. - Franzi o cenho em desaprovação a ação do mais velho, o mesmo riu novamente, fazendo perguntar-me se eu era algum tipo de piada que eles podiam muito bem rir e se aproveitar até que perca a graça.
"Você se acha esperto, não?" Ele desliza o canivete para ponta do meu nariz, sem cortar. "Você por acaso acha que sair matando vai suprir essa sua raiva?" Ele distancia o canivete e analisa.
"Eu não-" Ele me corta.
"Eu acho melhor que me conte quem são seus pais, se não os seus problemas serão maiores." O guarda aproxima a ponta do canivete no tecido da minha blusa e faz um pequeno corte, que acaba assustando o outro homem que estava me segurando, com essa pequena brecha levanto o meu braço e acerto o cotovelo no rosto de um deles, me dando uma oportunidade de fugir enquanto ambos estão raciocinando o que acabara de acontecer. Eu tinha pouco tempo para correr até que eles me perseguissem e me capturassem ou seja lá o que fossem fazer. Apressei os passos cada vez mais, acabei conseguindo fugir da cena do crime facilmente, eu conhecia aquela mata como ninguém. Mesmo morando naquela maldita cidade a menos de 1 mês.
Meu pai era um neurocirurgião renomado, normalmente nos mudavamos de três em três meses, então fugir de tudo aquilo era fácil demais, eu sabia abusar da sorte, sabia me envolver em problemas como ninguém. Por mais que eu tentasse sentir algo, era impossível. Ver corpos mortos não me causava nada além de desgosto pelo corpo. Minha mãe como uma boa religiosa me contava que todos tínhamos espíritos bons, porém com poucas ações ruins, eles se tornavam podres.
Talvez o meu espírito fosse podre, mas eu não acreditava nisso. As pessoas fazem as coisas pensando no bem delas mesmas, somos naturalmente egoístas e idiotas de pensar que consideramos os outros mais do que nós mesmos. Somos nojentos e nsrcisistas sempre. Meu espírito não podia ser ruim por apenas saciar minha raiva em corpos materiais.Deus não pode me culpar por saciar meus desejos carnais com uma lâmina.
As pessoas costumam sacia-los com sexo, dinheiro, prostituição e até apostas, por que eu não poderia fazer o mesmo tirando a alma de outro corpo? Tirar toda a vida deles é tão errado assim?
Eu sei a resposta disso. Eu sei muito bem.
Sexo e dinheiro são coisas temporárias que uma hora podem voltar a sempre acontecer, no momento em que eu interrompo uma vida e retiro todo espírito daquile ser, eu posso ter a certeza que aquilo não volta.Esse é o meu problema?
Não deve ter passado muito tempo desse episódio até que meu pai anunciasse nossa terceira mudança do ano, ela seria diferente. Passaríamos um semestre todo em Verade, uma cidade pequena ao leste. Era um local que frequentemente recebia frio e havia matas fechadas. Ótimo lugar para arrumar problemas.
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Notas para o meu amor (moralinn, parte 2 de 3)
FanfictionLinn começou com o seu dom de escrita desde seus 14 anos para desabafar sobre a vida no geral, porém acaba reecontrando um antigo amigo que havia se mudado para outra cidade - A qual ele havia se mudado alguns anos depois também - e acaba desenvolve...