Zulmi.

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CAPÍTULO CINCO

 Acho que nunca dormi tão bem na minha vida. Acordei com o som do despertador me ensurdecendo, meio confuso, bati o dedo na tela do celular e chequei o horário; não era tarde, fiquei aliviado e então me levantei, esfreguei os olhos tentando diferenciar a realidade do sonho que tive. Essa tinha sido a primeira vez que eu havia sonhado, foi algo doce e que deixou-me extremamente bem.

 Era eu e ele, sentados na praia admirando o horizonte, hora ou outra ele me perguntava algo sobre mim, eu respondia e perguntava algo de volta, foi um ciclo sem fim, mas que me fez adorar cada segundo. Adorar cada segundo ao seu lado. Eu estou realmente apaixonado por ele no primeiro beijo?

 Eu poderia levar em conta que ele foi o meu primeiro beijo, me fez experimentar a sensação de tocar os lábios de alguém, talvez seja isso. Uma simples ilusão de um sentimento.

 Eu preciso urgentemente descontar isso. Minha cabeça não consegue suportar esses pensamentos sujos do amor, essa merda te corrói cada centímetro até que você não tenha mais a que se segurar e acaba desabando sem mais e nem menos. Pessoas são cruéis, Linn. Aceita isso.

 Ok, eu venho repetindo isso na minha cabeça até os portões da escola, mal notei que havia chegado, me senti estranho por ter que repetir a mesma frase para mim aceitar que aquele sentimento era confuso. Torajo se aproximou de mim e deu um enorme sorriso.

"Linn!!" Ele disse me dando um 'oizinho', paro no caminho e retribuo o 'oizinho'. "A propósito, quando você foi embora ontem eu fiquei com preguiça de terminar de fazer o trabalho e fui dormir, você topa ir outro dia pra gente terminar isso logo? Odeio fazer sozinho." Torajo parou junto, disse meio envergonhado.

"Ah claro. Que dia?" Digo meio aflito, aquilo tudo... Se repetiria por algum acaso? Eu teria que engolir mais sentimentos como um copo de suco azedo

"Sexta? Você pode aproveitar e dormir lá, pensei em chamar a Zulmi pra ir também." Ele bate os dedos.

"Fechado." Ergo meu capuz e desvio o olhar para os dedos de Torajo, ele estsva nervoso por que teria que chamar a Zulmi?

"Seus pais não se importam?" O esverdeado diz meio chocado com a resposta rápida.

"Não, a minha mãe trabalha numa floricultura e na folga ela cuida do meu irmão e o meu pai... Ele é um médico." Respondo tentando não expor muito sobre ele, eu sinceramente acho ele um pé no saco, ficou famoso do nada depois de fazer uma cirurgia de alto risco num famoso qualquer e agora recebe um puta mérito.

"Ah sério? Ele trabalha em que área?" Ele volta a andar, puxando o único assunto que eu não queria tocar.

"Ele é neurocirurgião." Digo arrastando o "neurocirurgião".

"Que legal, tem poucos desse ramo aqui em Verade." Ele para de falar quando avista Zulmi entre o grupinho das garotas, sua vista se prende lá, dou uma tossida para ele se lembrar que eu existo ali. "Ah- desculpa." Ele volta a me olhar, ambos continuamos caminhando em silêncio, foi meio estranho.

"Você quer tipo, macetar ela?" Pergunto tentando quebrar o silêncio, porém parece que o clima fica pesado de verdade.

"E-eu... Cacete." O esverdeado balbucia em seguida algumas palavras desconexas.

"Entendi, seu obstáculo é que ela namora um filha da puta?" 

"Não tanto, eu me declarei algumas vezes, mas ela me vê como um irmão." Ele pigarreia.

"Ah." Fico em silêncio, imagino a situação; um cara me pede em namoro e eu simplesmente digo 'putz, nem dá, eu te vejo como um irmão', ele ficaria bravo? Não sei, ninguém nunca replicou isso comigo, então prefiro ficar na minha.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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Notas para o meu amor (moralinn, parte 2 de 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora