003- Rios de emoções

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Tudo bom, galeris? Como vcs estão? Tá todo mundo gostando da fanfic?
Se tiver algum erro ou não gostarem, também aceito críticas construtivas. Os comentários de vocês dão um gás surreal pra que eu continue. Vocês não tem noção mesmo...

Queria dizer que irei manter constância na atualização mas infelizmente não tenho como ter um dia específico para att pois tenho faculdade e trabalho freelancer. Só está tendo atualização rápido pois tenho 5 capítulos dessa fic escritos, então só tô postando. Paciência cmg pfv, prometo que não vou abandonar vcs nem essa fic. ❤️

Capítulo 3:  Rios de emoções
"Alguns dias começam com o peso de um silêncio que não se explica”

SEXTA-FEIRA, 18 de AGOSTO de 2023
Valentina Torres

Terceira semana de agosto. O frio era frequente, dentro e fora de casa. Talvez mais dentro do que fora. Dentro de mim. A água gelada que descia pelo ralo no boxe do banheiro, fazia minha pele arder. Minhas mãos sempre tão pálidas, agora estavam roxas. Meus lábios tremiam tanto que dificultavam o processo de respiração.

Era tarde da noite, chovia bastante lá fora, os vidros da janela estavam embaçados. Meu coração batia num ritmo célere e saía fumaça dos meus lábios toda vez que eu soltava o ar com lentidão pela boca.  Havia um certo prazer na dor física que eu sentia, em contraste com as situações que eu enfrentava interiormente. O silêncio engoliu o ambiente por um momento, quando desliguei o chuveiro. Então uma voz conhecida ecoou nas paredes, me irritando quando voltei ao quarto enrolada em uma toalha.

— Tá tudo bem, filha? – perguntou meu pai, do outro lado da porta, e suspirei pesado.

— Só estudando um pouco de Direito Penal. –Menti descaradamente, me esforçando para não tornar audível o tremor em minha voz.

— Entendo. Mas não vai dormir muito tarde, você acorda às cinco e já passa de meia noite. — Ele afirmou, preocupado. — Não adianta enfiar os pés pelas mãos que não resolve nada.

— Ok. Eu já entendi, pai. — Bufei.

Meu pai riu e repetiu suas palavras de cuidado e carinho para comigo. Eu queria poder ouvi-lo e descansar, mas tendo acordado daquele pesadelo eu conseguia tudo, menos voltar a dormir. Encarar o frio da noite não parecia tão ruim quanto a ideia de tentar controlar minha própria mente. Estudar me ajudava a manter a falsa impressão de que tudo ia bem.

O sangue parecia parar nas minhas veias, meu coração não bombeava o suficiente para meu pulmão. Podia sentir meus ossos trêmulos, a garganta seca, o cano da arma na minha nuca e ouvia com nitidez insuportável aquelas frases nojentas dentro da minha cabeça ao me olhar no espelho. Reviver aquela cena era algo doloroso demais, porém inevitável. Este era o peso de não confiar em ninguém de forma genuína o bastante para me abrir verdadeiramente.

Lauren sabia o suficiente. O suficiente não significava tudo. Talvez fosse medo ou apreensão de minha parte. Talvez, eu estivesse apenas convivendo com o carma que persegue todas as mulheres vítimas de uma violência parecida.

Muito se diz sobre o que o abusador sente quando decide escolher uma presa. Pouco se fala sobre como nós odiamos nosso próprio corpo, após sentirmos que não passamos de um mero objeto de prazer de um ou mais doentes mentais.

Lembro bem de quando um daqueles homens me puxou pela cintura. Talvez eu estivesse lutando para esquecer essa parte, mas ainda podia sentir seus dedos grossos dentro de minha blusa, arranhando meus quadris, e ainda podia ver sua cara de psicopata quando um sorriso surgiu no canto de seus lábios crescendo de modo quase automático ao identificar medo em minhas reações.

Gritos Silenciosos também fazem eco! - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora