֞ ℐ𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐀𝐑𝐘 𝐁𝐅 ֥ ᆞ 𝗓𝗈𝗌𝖺𝗇

𝒞ap 03 | Oque ela acharia?

Já era manhã. Sanji acabou dormindo sem se alimentar na noite passada, e por isso estava com muita fome. Apesar de estar acustumado com a rotina enredada daquela casa, a alimentação era algo que zelava.

Sanji finalizou as panquecas de chocolate e partiu para montar um pequeno almoço. Ainda eram por volta das três da manhã quando ele despertou, indo rapidamente começar a preparar sua comida para que nenhum dos irmãos fosse inferniza-lo.

Para a sua infelicidade, Yonji acordou de um pesadelo, querendo chocolate quente, e Sanji estava lá na cozinha.
Yonji era o mais novo dos irmãos, tinha sete anos e era extremamente mimado. Se algo o deixasse irritado, ele corria para contar ao pai, querendo tudo do seu jeito.
Niji, o irmão do meio, e o mais depois de Ichiji e Reiju era apenas um otário. Ele provocava Sanji pelo puro prazer de ver o filho odiado da família sofrer, e defendia Yonji até a morte.
Ichiji era mais quieto, calado e não compartilhava muito da própria vida. Mas mesmo assim, era sempre ríspido e irritado, vivia brigando com Sanji e já chegou a bater nele para descontar sua frustração.

O garoto mais novo tomava seu chocolate quente assistindo a um desenho na televisão, por mais que Sanji tivesse mandado ele ir dormir novamente assim que terminasse.

De repente, a porta principal é aberta.

- Papai! - O garoto gritou, grudando nas pernas do homem mais velho que sorria para ele.

- Meu garotinho! Oque faz acordado a esta hora? - Questionou, pegando Yonji no colo e deixando a maleta no chão.

- Eu tive um pesadelo.. Então, vim beber água e Sanji estava aqui, eu mandei ele fazer chocolate quente para mim. Mas já bebi tudinho! - Explicou, mostrando orgulhoso a caneca vazia.

- Ah, sim! Faça isso, você deve ficar forte como eu. - Concordou, deixando o garoto no chão novamente.
- Agora, é melhor dormir. Você tem que ir a escola amanhã, e não pode ficar com sono, ou se atrasar como algumas pessoas fazem. - Disse, ressaltando a última parte para que Sanji escutasse.

- Boa noite então, papai! - O garoto se despediu, colocando a caneca na pia, ao lado de Sanji.
- Quero com mais açúcar na próxima vez. O gosto amargo ficou horrível. - Exigiu, olhando para o loiro. Normalmente, Sanji iria ignora-lo, mas Judge estava lá.

- Desculpe, Yon. Faço mais doce da próxima vez. - Ele sorriu amarelo.

Não estava esperando que Judge chegasse a essa hora, nem que o visse fazendo lanches.
O voltou para deixar um beijo na bochecha de seu pai, que foi aceito carinhosamente.
Sanji o invejava.

Yonji entrou no quarto, fechando a porta em seguida.
Após isso, Sanji encolheu os ombros, sabendo oque viria em seguida.

- Estou.. decepcionado. -

O loiro mais novo mordeu o lábio inferior, estreitando os olhos quando sentiu o olhar de seu pai sobre si.

- Desculpe, meu pai.. - Tentou soar melhor, mas sua voz trêmula denunciava o medo que tinha do futuro.

- Não me peça desculpas. - Ele falou. Sanji deixou tudo oque fazia, para virar e olhar nos olhos de seu pai.
Um brilho em seus olhos, a vasta esperança de algo positivo sair daquela conversa. Por mais distante que fosse, ainda era alguma coisa.

- M-mesmo? Eu.. prometo que vou melhorar! Me desculpe por ontem.. - Sanji se justificou, segurando na bancada de mármore e com coragem em sua voz.

- Não é a mim que você deve desculpas. -

Sanji franziu o cenho, um problema de comunicação notável ali.

- Ela teria vergonha disso. - Judge disse, cruzando os braços. A face expressou decepção, um pouco de raiva. Sanji sentiu um frio percorrer seu corpo, sua face derretendo em uma expressão chocada.

Ele apertou a bancada com os dedos, até que dicas ficassem vermelhos. E, novamente, ele queria chorar.

- E-eu.. -

- Não adianta. Suas notas caíram, você percebeu? - Ele citou, ainda com Sanji de cabeça baixa, seu coração doía a cada palavra.

- M-mas.. eu sou o melhor da turma! - Tentou dizer. Como sempre tentava.

- Não é o suficiente! Seja o melhor, mas faça isso bem. Ou por acaso você acha que sua mãe se orgulharia disso !? - Ele disse, mostrando em sua mão uma folha. Era a última prova de biologia que Sanji fez.

Sanji pegou, notando que, ele estava certo.
67/100.

Sanji apertou o papel, olhando nos olhos do pai.

- Ela faria o mesmo que eu. Entenda, nessa casa, pessoas burras são como animais inúteis. - Judge disse, completamente sério. Ele não esboçou reações, porque não tinha nada a expressar. O desprezo se fazia presente na voz do homem, e aquilo já era o bastante para Sanji entender o peso de seus erros.

- Não.. - Sanji grunhiu, abaixando a cabeça. A menção de sua mãe apenas o fazia carregar mais do peso de nunca ser o suficiente.

- Não oque..? -

Não sabia de onde, mas Sanji juntou uma coragem jamais vista naquela casa, amassando a folha.
- Ela jamais.. Jamais faria isso! A mamãe não era como você. -

Judge se irritou.
- Garoto.. você não sabe em que está se metendo.. -

- N-não! Eu cansei disso, você não valoriza meus r-resultados e só me faz pensar que sou inútil, quando os três idiotas ali-
Sanji gemeu de dor. Um estralo chamou a atenção de tudo para eles dois.

Sanji virou o rosto, colocando a mão sobre sua face.

Ele tirou a mão do rosto, olhando nos olhos de Judge.
As orbes azuis se encheram de lágrimas, que Sanji já não conseguia conter.

Ele deixou tudo ali de lado. A folha, seu pai, as coisas na cozinha. Correu para seu quarto, fechando a porta e se escorando nela e escorregando lentamente até o piso gélido. Uma dor constante em seu peito, e sensação de carregar o mundo nas costas.

Ele tapou a boca, chorando silenciosamente.
Seu rosto ardia, doía muito, mas não tanto quando seu peito.
Olhando para o céu, ele viu que já estava prestes a amanhecer.

O loiro tentou deixa a dor de lado.

Isso era quase impossível.

Sanji levantou do chão, dando um breve olhar no espelho, ele sorriu.
Tentou parecer mais confiante para si mesmo, oque era quase impossível depois de toda aquela situação. Mas, precisava ir para o colégio, então não tinha escolha a não ser dar um jeito naquela cara.

Ele correu até o banheiro, tomando um banho e tentando por a cabeça em ordem.