Libélula Azul

2.

Entomologia.

Uma especialidade biológica que estuda os insetos e suas características como também sua relação com o meio ambiente.

Eu havia descoberto que queria ser alguém que estuda esses pequenos seres quando aos meus 12 anos de idade acabei por cair em cima de besouros, e também acabei por ser o único a sair machucado.

Havia realmente ficado fascinado com a resistência dos pequenos bichos, me fazendo então ficar curioso e procurar saber mais sobre aqueles seres.

Lembro-me que foram dias trancado em meu quarto pesquisando sobre o pequeno ser e outros no jardim caçando eles.

Quando finalmente minha curiosidade pelo pequeno ser cessou, eu senti que deveria procurar por outro, e foi então que meu próximo alvo foram as borboletas.

Nesse momento me encontrava no laboratório junto dos meus colegas, cada um concentrado em estudar cada parte da mariposa que se encontrava por cima de nossas mesas.

Pietra estava do meu lado, a mesma estava calada e parecia focada.

Tal como eu, Pietra Bianchi também era apaixonada pelos pequenos seres invertebrados.

— Senhor Bianco — Chamo baixinho o homem alto e magro na casa dos 40 anos que estava ocupado passando de mesa em mesa observando os trabalhos dos alunos e as vezes dando até mesmo uma ajudinha — Posso ir ao banheiro? — Peço quando tenho a atenção do homem em mim.

O mesmo apenas assente com a cabeça permitindo minha saída e logo volta a ajudar um de meus colegas.

Me dispo das luvas, dos óculos e do jaleco branco, deixando-os por cima da minha mesa mesmo, afastando um pouco para que não ficasse por cima da mariposa.

Naquele horário todos os estudantes se encontravam em suas devidas salas, deixando os corredores completamente vazios. Quando chego na ala dos banheiros me dirijo para parte masculina.

Adentro no grande espaço e sinto meu corpo enrijecer quando noto a presença dos garotos do terceiro ano, e Ramón estava entre eles.

Os mesmos olham para mim ao mesmo tempo quando ouvem o barulho da porta, e eu sinto todo sangue do meu corpo subir até meu rosto.

Com certeza estava parecendo um tomate.

Que momento constrangedor.

Solto um suspiro e me obrigo a dar passos até uma das cabines vazias. Eles já não olhavam para mim, mas Ramón olhava, eu conseguia sentir seus olhos queimarem minhas costas.

Céus, eu estava suando, e meu coração doente batia mais rápido que o bater das asas de um beija-flor.

Abano a cabeça tentando abandonar aqueles pensamentos e começo a fezer minhas necessidades menores.

Quando termino, decido ficar mais um pouco naquele espaço pequeno esperando eles irem embora, finalmente ouço o barulho da porta e suas falas cessaram e então tomo a liberdade de sair da cabine e ir higienizar minhas mãos, mas sou impedido quando sinto minha cabeça ir de encontro a uma parede de músculos.

Deus.

Olho para Ramón com os olhos arregalados sentindo meu coração quase sair pela boca ao ter o mesmo retribuindo o olhar.

Ele mantinha a expressão séria, na verdade ele estava sempre sério, parecendo estar chateado com alguma coisa o tempo todo. Eu sentia sua respiração calma bater nos meus cabelos e seu cheiro másculo já tão conhecido por mim invadiram minhas narinas.

Ele havia cortado o cabelo, eu pude notar as laterais de sua cabeça raspadas, estava bonito.

Ramón sempre estava bonito, cabelo tão escuro quanto seus olhos, seu maxilar definido chamava atenção tal como seu porte físico precoce para um garoto de 19 anos.