Libélula Azul

6.

Uma esfoladura no meu joelho.

Um ralado para ser mais específico.

A pele ao redor do meu joelho direito estava irritada causando vermelhidão e uma dor ardida incômoda mas que dava para suportar.

Me sentia envergonhado.

O acontecimento de mais cedo passava em minha cabeça repetidas vezes como uma maldita cassete quebrada.

Queria ir para casa e me esconder debaixo das minhas cobertas até todo o constrangimento ir embora.

Gostaria que o universo desse um sinal toda vez que fosse acontecer algo de ruim com a gente.

Assim estaria preparado para qualquer coisa.

Agora, estou aqui, mancando e com o joelho todo ralado.

Não conseguia desprender minha atenção da ferida ainda fresca com pequenos riscos de sangue relumbrantes.

Eu devia olhar para frente enquanto andava ou ganharia um novo machucado.

Mas...

— Você não devia permitir isso — A voz afônica do garoto que andava ao meu lado chama minha atenção, mas ainda assim continuo olhando para baixo.

Kwan era quem caminhava do meu lado naquele momento.

Ele havia se oferecido para me acompanhar mesmo eu tendo recusado a gentileza várias vezes.

Ele era insistente.

— Porque não fez uma queixa? — Continuou, o mesmo carregava minha mochila e chutava algumas pedrinhas que encontrava pelo caminho — Aquilo foi de propósito — Termina soltando um bufo.

— Foi um acidente — Coço a nuca puxando alguns fios de cabelo, não sabia explicar o que sentia mas precisava de alguma forma me aliviar — Acidentes acontecem — Falo arrancando algumas gotículas das minhas unhas.

Aquilo também doía.

— Não, não foi — Kwan contraria minhas falas agora prendendo minha atenção a ele.

O sol daquela tarde não estava tão ardente, me permitindo andar sem óculos ou guarda chuva, apenas protetor solar era o que eu não deixava de usar.

Os globos castanhos de Kwan era o prendiam minha atenção, achava bonito como eles ficavam mais claros e brilhosos quando expostos a luz do sol.

Ele parecia radiante.

Eu também queria parecer assim.

Com certeza estou parecendo uma nuvem negra com os ombros caídos e uma expressão triste que infelizmente não saía do meu rosto mesmo tentando mudá-la.

...

Mas um dia começando, e para o meu azar a primeira aula de hoje seria educação física.

Não que eu odiasse, o problema mesmo era batalha travada entre minha mente e meu corpo, o primeiro estava sempre preparado para se exercitar mas o segundo...

Um minuto era suficiente para eu me encontrar quase morrendo como um sedentário.

O dia havia amanhecido nublado e friento como quase sempre, eu gostava daquele clima, era aconchegante.

Já totalmente uniformizado, eu me encontrava na entrada da quadra, apenas observando a socialização entre alguns colegas.

Eu gostaria de socializar também.

A ventania que fazia naquele momento deixava meus pelos arrepiados e meu cabelos um pouco bagunçados, então não demorei para vestir o casaco branco e azul que se encontra em minhas mãos.