Prólogo

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Por um segundo, achei que estava alucinando. Mas não, era real. Meu carro estava em chamas, o fogo lambendo a lataria como se fosse um aviso. Algo em mim dizia que isso era só o começo. As vozes das pessoas gritando estavam distantes, completamente abafadas pelo esforço que meu cérebro fazia para compreender o que estava acontecendo. Em alguns momentos de lucidez, eu percebia que havia pessoas tentando me tirar de perto do fogo, mas meus pés estavam fincados no chão. Inconscientemente eu não queria sair dali.

O calor das chamas se intensificava a cada instante, e, nesse ponto, o som da multidão se transformava em um zumbido cada vez mais distante. Meus olhos lacrimejavam por causa do fogo, do medo e, principalmente, da raiva. De repente, o motor do carro explodiu, e eu fui arremessada para o chão com uma força brutal. O impacto me fez perder a respiração, e meu corpo colidiu contra o asfalto quente. Tentei abrir os olhos, mas tudo estava turvo e embaçado.

Entre as pessoas que se aglomeravam ao meu redor para ajudar, ele surgiu. Mesmo tonta, eu me forcei a focar nele. Seus olhos escuros me examinavam com a mesma frieza de sempre. Era evidente que ele só estava ali para garantir que seu plano tinha funcionado. Jay era um infeliz, um verdadeiro filho da puta, e merecia pagar por isso. Todos eles vão pagar.

A última imagem que consegui gravar daquele dia foi Jay Marquez abrindo o zíper do casaco e, em seguida, me cobrindo com ele, enquanto eu lutava para manter a consciência.

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