Alice filha de Janson, é enviada para o Labirinto com a missão de espionar os meninos e relatar tudo o que vê ao seu pai. No entanto, quando ela conhece Newt, um dos líderes do grupo, seu coração começa a mudar. Enquanto Alice tenta manter sua missã...
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Capítulo 2 lembranças do passado
Alice se afastou do abraço de Newt, sentindo o calor dos braços dele desaparecer enquanto se distanciava. Caminhou de volta para seu canto na Clareira, onde pudesse ter um momento sozinha. Seus pensamentos estavam em caos, girando em torno das palavras de Newt e da sua promessa vazia. Ela sabia que não podia continuar adiando essa escolha por muito tempo.
**O que será que o CRUEL está planejando agora?**, pensou, uma sensação de desespero crescendo dentro dela. Sua mente vagou para o que seu pai poderia estar fazendo. Janson, o diretor do CRUEL, sempre tinha planos elaborados, e Alice sabia que ela fazia parte de um deles. Desde que fora enviada ao Labirinto, sabia que sua missão não era apenas sobreviver, mas ser os olhos e ouvidos de seu pai entre os Clareanos. Ela deveria estar observando tudo, reportando cada detalhe. Mas agora... agora, as coisas estavam diferentes.
Ela já não era apenas uma espiã. Se antes Alice conseguia manter uma distância emocional de todos, isso se tornara impossível. Chuck a via como uma irmã mais velha, Gally confiava nela cegamente, e Minho a tratava como uma igual. E Newt... Ele era tudo para ela. Como poderia trair essas pessoas?
Enquanto seus pensamentos corriam, Alice sentiu um calafrio na espinha ao lembrar de seu pai. A última vez que o viu foi antes de ser enviada ao Labirinto. A imagem dele era clara em sua mente, como se tivesse sido ontem. Ele estava no centro da sala de controle do CRUEL, imponente, olhando para ela com a mesma frieza com que sempre a tratara. Não como uma filha, mas como uma peça de um jogo maior.
De repente, os pensamentos de Alice a levaram de volta a uma memória antiga, uma que ela sempre tentava enterrar. Um flashback da sua infância.
Ela se lembrou de estar em um grande jardim, com grama verde e alta. Seu irmão, Antony, dois anos mais velho, estava correndo à frente dela. Eles estavam brincando juntos, como faziam com frequência. Mas naquela tarde, havia outra criança com eles. Um garoto loiro, com um sorriso que iluminava todo o lugar. Ele era da mesma idade que Alice, talvez um pouco mais magro, com olhos curiosos que observavam tudo ao redor.
— Vamos, Alice! — o garoto gritou, sorrindo enquanto corria atrás de Antony. — Você está ficando para trás!
Era Newt. Ela o conhecia antes mesmo do Labirinto, embora ele não se lembrasse.
Naquela época, eles eram apenas crianças. O pai de Alice e o de Newt trabalhavam juntos em um dos primeiros projetos do CRUEL. Newt e Alice costumavam brincar enquanto seus pais discutiam o futuro da humanidade em salas fechadas, falando sobre coisas que as crianças nunca entenderiam.
Alice lembrou-se do som da risada de Newt, do jeito como ele sempre a incentivava a ser mais corajosa. Ele era diferente dos outros meninos. Havia uma bondade genuína nele, algo que Alice, mesmo sendo muito jovem, reconhecia.
Um dia, enquanto eles corriam no jardim, Antony parou de repente e se virou para os dois, uma expressão séria no rosto.
— Vocês acham que nossos pais são bons? — ele perguntou, de repente, surpreendendo Alice e Newt.
Alice olhou para o irmão, confusa. Naquele momento, ela não sabia o que pensar. Seus pais eram tudo o que conheciam, como poderiam não ser bons? Mas Antony sempre foi o mais esperto, sempre questionando o que os adultos faziam.
— Claro que sim — Newt respondeu com a simplicidade de uma criança. — Eles estão tentando nos salvar, certo?
Mas, mesmo naquela época, Alice notou o olhar hesitante de Antony. Ele nunca teve certeza. E talvez, no fundo, Alice também soubesse que havia algo errado. Algo escondido por trás das paredes seguras do laboratório onde cresceram.
A memória voltou à superfície agora, mais clara do que nunca. Alice percebeu que, desde o início, Newt fazia parte de sua vida. E agora, no Labirinto, ele era ainda mais importante para ela do que naqueles dias de infância.
Ela se perguntou se seu pai sabia. **Será que Janson lembrava que Newt era aquele mesmo garoto de anos atrás?** Se soubesse, teria planejado algo com isso? Cada movimento do CRUEL parecia cuidadosamente calculado, e Alice começava a suspeitar que nada daquilo — nem sua presença no Labirinto, nem seu relacionamento com Newt — era uma coincidência.
Sentada sozinha, Alice se sentiu sufocada pela culpa e pela incerteza. Ela sabia que precisava tomar uma decisão. Mas quanto mais tempo passava, mais difícil era saber o que fazer.
