O peso do silêncio na fila do supermercado

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A fila do supermercado é um microcosmo de silenciosa contemplação. Ali, no espaço limitado entre as prateleiras e o caixa, o tempo parece esticar como um elástico quase a ponto de romper. As luzes fluorescentes dançam nas paredes de um tom pastel que parece implorar por um pouco de mistério. A visão é um mar de carrinhos repletos de itens cotidianos, mas é o peso do silêncio que se destaca, como um manto invisível.Cada um de nós na fila carrega uma carga peculiar, um mistério não revelado, que fica suspenso no ar entre os anúncios de promoções e os caixas registradores. As conversas, se surgem, são murmuradas em um tom quase ritualístico, como se a própria atmosfera estivesse esperando um momento de ruptura. As pessoas ao redor me parecem figuras de uma pintura impressionista, cada uma com um halo de suas próprias histórias não contadas.Em um instante, o tilintar das moedas parece um eco de um passado distante, enquanto o som da tesoura cortando o papel de embalagem soa quase como um suspiro de alívio. Olho para o caixa, onde o scanner dança sobre os códigos de barras como um mágico, transformando a banalidade em um espetáculo efêmero.O peso do silêncio se torna um companheiro inquietante. A minha mente viaja por corredores de memórias e imaginações, onde os produtos nas prateleiras ganham vida e conversam em um idioma só meu. Será que aquelas batatas realmente se olham com desprezo? E os pacotes de macarrão, serão eles conscientes de sua existência?O olhar da senhora na frente, com suas rugas como mapas de uma jornada, reflete uma sabedoria não verbalizada. Cada pessoa aqui é um livro aberto que não posso ler, mas cujas capas são fascinantes e cheias de enigmas.Enquanto o caixa avança, o silêncio torna-se palpável, como um véu que separa o mundo da realidade de um reino dos sonhos. Cada item colocado na esteira é um lembrete de que, mesmo em um lugar tão mundano quanto este, a poesia do cotidiano persiste. O que é realmente mais pesado: o silêncio ou a espera? Talvez nunca saibamos.E você? Já sentiu o peso do silêncio de maneira tão intrigante? Compartilhe suas próprias experiências e percepções sobre essas pausas entre o ordinário e o extraordinário.

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