Natalie não conseguia tirar aquele encontro da cabeça. O rosto de John, seus olhos profundos e o jeito como ele a olhara, como se compartilhassem um segredo antigo. No instante em que seus olhos se encontraram, ela sentiu algo despertar dentro de si, algo que ela mal podia nomear, mas que sabia ser importante. Aquele encontro casual na praça havia plantado uma semente de inquietação em sua alma.
No dia seguinte, enquanto tomava seu café da manhã, Natalie mexia distraidamente na colher, olhando pela janela de seu pequeno apartamento. As cores do amanhecer se espalhavam pelo céu, mas sua mente estava a quilômetros dali. O nome dele ecoava em sua cabeça: *John Ander*. Ela sequer sabia seu sobrenome até que ele, com uma naturalidade assustadora, o mencionara antes de se despedirem na noite anterior. E mesmo assim, soava incrivelmente familiar.
Decidida a seguir com o dia, Natalie foi para o trabalho, mas a sensação de estar presa em um sonho continuava. A cada vez que seus pensamentos voltavam para John, uma onda de emoções a atingia. Não era amor à primeira vista; era algo mais profundo, uma sensação de conexão que transcendia qualquer lógica.
Naquela tarde, enquanto ela tentava se concentrar em suas tarefas, a voz de Emma irrompeu no escritório, como de costume. Emma era uma força da natureza, sempre animada e pronta para sacudir a monotonia. Hoje, ela notou a distração de Natalie imediatamente.
"Tá pensando em quê?", Emma perguntou, largando sua bolsa na mesa e se jogando na cadeira à frente dela.
Natalie hesitou, tentando encontrar as palavras certas. "Lembra daquele cara que eu conheci ontem? John? A sensação de familiaridade não passa."
Emma sorriu, intrigada. "Você ainda está pensando nele? Isso não é muito comum pra você. E então, já marcou outro encontro?"
Natalie riu, balançando a cabeça. "Não foi um encontro, Emma. Foi mais... estranho. Como se eu já o conhecesse, mas não consigo lembrar de onde."
Emma inclinou a cabeça, pensativa. "Às vezes a gente encontra pessoas com quem parece ter uma conexão imediata. Talvez seja isso. Ou você já cruzou com ele em algum lugar e não lembra."
Natalie mordeu o lábio, sabendo que não era tão simples. A sensação não era de algo recente, mas antigo, como uma memória esquecida que, de repente, vinha à tona. "Pode ser...", murmurou, mais para si mesma do que para Emma.
À medida que a tarde avançava, Natalie decidiu que não poderia ignorar aquilo. Resolveu sair mais cedo do trabalho e voltou à praça onde encontrara John no dia anterior, como se algo a chamasse de volta. Sentou-se no mesmo banco e esperou, observando as pessoas passarem e sentindo o vento frio acariciar seu rosto.
Por alguns minutos, nada aconteceu. Mas então, como se o destino estivesse jogando com ela, John apareceu novamente. Ele estava mais distante, caminhando sem pressa. Seus olhos se cruzaram, e uma estranha mistura de alívio e surpresa passou pelo rosto dele.
Sem hesitar, ele se aproximou e, sem a formalidade de cumprimentos, sentou-se ao lado dela, como se já tivessem feito isso milhares de vezes antes. O silêncio entre eles era confortável, quase cúmplice, como se não precisassem de palavras para entender o que estavam sentindo.
"Eu sabia que estaria aqui," John finalmente disse, sua voz suave, mas carregada de certeza.
Natalie olhou para ele, confusa, mas sem medo. "Como sabia?"
John respirou fundo, olhando para o horizonte. "Porque sinto que a gente sempre se encontra... de alguma forma."
Ela não respondeu de imediato. O peso daquelas palavras pairava no ar entre eles. Não fazia sentido, mas, de alguma forma, ela sabia que ele estava certo. Era como se ambos estivessem seguindo um roteiro invisível, e aquele era o próximo capítulo.
"Você também sente isso?", ele perguntou, virando-se para ela, os olhos cheios de algo que Natalie não conseguia definir.
Ela assentiu lentamente, sentindo seu coração acelerar. "Sim... É como se eu já te conhecesse há muito tempo, mas... não consigo lembrar de onde."
John sorriu, um sorriso cheio de melancolia e esperança. "Eu também não consigo explicar. É como se estivéssemos conectados, mas por algo que vai além dessa vida."
Natalie franziu a testa, tentando processar o que ele dizia. Era loucura? Talvez. Mas algo em seu íntimo lhe dizia que aquilo era real, que não era apenas uma coincidência. Havia algo maior em jogo.
"Você acredita nisso?", ela perguntou, a voz quase um sussurro. "Que podemos nos encontrar em outras vidas?"
John olhou para o chão, pensativo. "Eu nunca acreditei em nada disso antes. Mas desde que te vi, desde aquele primeiro momento... eu comecei a questionar tudo. É como se estivéssemos presos a um ciclo, sempre tentando nos reencontrar."
O silêncio voltou a envolvê-los, enquanto ambos tentavam absorver o que isso significava. Aquilo parecia tão impossível, mas ao mesmo tempo, tão certo.
"Se isso for verdade..." Natalie começou, sem terminar a frase.
John completou. "Se isso for verdade, então temos muito o que descobrir."
E, pela primeira vez, Natalie sentiu que aquela peça que faltava em sua vida poderia estar bem diante dela.
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Além do Tempo
Любовные романыNatalie Blame e John Ander são almas destinadas a se encontrar em cada vida. Em todas as eras e diferentes realidades, seus caminhos sempre se cruzam, como se um laço invisível os atraísse um para o outro. Mesmo sem lembranças claras de seus encontr...