PRÓLOGO.

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A CABEÇA DE VIOLET doía e seus pés estavam adormecidos devido a quantidade longa de horas que haviam se passado desde que ela e sua tia entraram no carro e começaram a seguir viagem para Los Angeles. As paisagens já pareciam as mesmas e todos os tópicos de conversa já haviam acabado, o silêncio sendo interrompido apenas pela música que tocava na rádio.

Seus pensamentos estavam perdidos entre passado e futuro, sua mente evitando pensar no presente um tanto quanto entediante. Os últimos acontecimentos que assolaram a família Benson sendo reproduzidos em replay, as palavras amargas de seus avós ainda reverberando em seu cérebro. Violet se sentia cansada por carregar a culpa do sumiço repentino de seus pais, visto que tinha apenas 2 anos de idade quando tudo aconteceu. Como as atitudes de um bebê poderiam causar o abandono? Ela não conseguia entender.

Fora isso, a ansiedade pelo o que viria a seguir também a torturava de forma desconfortável, fazendo com que seu corpo se remexesse um pouco no banco do passageiro. Violet sabia como adolescentes tinham o costume de serem ruins, um filme sobre sua última vez sendo novata em uma escola nova passando em sua cabeça, e o fato de que a garota chegaria algumas semanas após o início das aulas não ajudava muito.

— Violet? Está tudo bem? — A voz de Lauren ecoou pelo veículo, a garota dando um pequeno pulo de susto ao ser tirada de seus devaneios de repente. Quando percebeu que havia capturado a atenção da sobrinha, a mais velha falou outra vez. — Pensou a respeito do que conversamos?

— Atividades extracurriculares? — Ela perguntou, tentando recuperar o assunto discutido em sua memória. Afinal, as duas haviam conversado sobre muitas coisas nos últimos dias.

— Você está começando o ensino médio, pode ser uma forma de distração 'pra sua mente. — Lauren disse, confirmando com a cabeça e sem tirar os olhos da estrada. — Eu fazia aulas de dança na sua idade. — Ela deu uma pausa, como se estivesse hesitando em continuar. — E sua mãe gostava de teatro.

Uma sensação esquisita surgiu na boca do estômago da mais nova ao ouvir a tia comentando sobre sua mãe, o tópico claramente a deixando um tanto quanto desconfortável. Apesar de nunca ter conhecido seus pais de forma profunda, Violet não gostava de conversas que os envolviam.

— Bom, — A motorista retomou, após alguns segundos, parecendo perceber o erro que havia cometido e tentando encerrar o assunto. — você ainda tem tempo para se decidir. Eu ouvi dizer que existem vários centros comerciais com lugares assim.

O silêncio parcial – agora não tão confortável – surgiu novamente, Violet mantendo sua boca fechada durante boa parte do percurso, a abrindo apenas quando desejava parar em algum lugar.

O tempo parecia passar de forma torturante, as duas soltando um suspiro de alívio ao chegarem em sua nova casa localizada em um bairro próximo de Reseda. As Bensons não eram ricas, mas tinham dinheiro o suficiente para a garantia de uma vida estável e confortável. Não fizeram muita coisa, visto que estavam extremamente cansadas — e, apesar de toda a sua ansiedade e apreensão, Violet adormeceu quase de imediato.

 Não fizeram muita coisa, visto que estavam extremamente cansadas — e, apesar de toda a sua ansiedade e apreensão, Violet adormeceu quase de imediato

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As primeiras horas de aula não foram tão ruins, parte disso por conta de serem das matérias que Violet mais gostava dentro da área das exatas. Algumas coisas estranhas haviam acontecido, como alguns rapazes rindo e certa garota loira arremessando um pirulito na mochila de uma menina desconhecida. A ruiva sentiu uma pontada de desdém diante da situação, se perguntando se deveria se aproximar da castanha, mas achou melhor seguir seu caminho em direção ao refeitório.

Se sentou sozinha em uma das mesas vazias, comendo em silêncio e perdida em seus pensamentos, se questionando sobre o tempo que passaria fazendo seu dever de casa quando chegasse. No entanto, quando certa voz masculina reverberou pelo ambiente, sua atenção foi rapidamente capturada.

— Aí, galera! — Ele chamou, fazendo com que todos no refeitório o encarassem. — 'Cês 'tão ligados naquele outdoor com um pau na boca? Acho que a Samantha aprendeu com o pai.

A provocação conseguiu tirar algumas risadas as pessoas presentes ali, os olhos azuis de Violet se fixando na garota que ela havia visto há pouco tempo no corredor. A ruiva soltou uma pequena bufada, se sentindo um tanto quanto desconfortável com a situação. Ela se levantou da mesa e deu alguns passos na direção da discussão, mas foi interrompida quando um rapaz se intrometeu na situação e acabou desencadeando uma briga.

Os movimentos dos garotos que lutavam no ambiente causou certa euforia nas entranhas de Violet, seus orbes acompanhando cada segundo. Seu subconsciente dizia para que ela saísse dali, visto que aquilo poderia desencadear algo maior, mas seu corpo simplesmente não obedeceu. Ela voltou a realidade apenas quando foi atingida por engano com uma das bandejas onde eram servidos os lanches, chamando a atenção de um daqueles rapazes.

Assim que ele fez sinal de que iria atingi-la, seus instintos falaram mais alto. Uma de suas mãos conseguiu bloquear o golpe, seu joelho indo de forma natural até a virilha do menino e o fazendo soltar um grunhido de dor. Quando ele caiu no chão, Violet se deu conta do que havia feito e saiu dali de forma rápida, esperando que ninguém tivesse a visto.

A garota já guardava seus livros e outros materiais em seu armário quando sentiu alguém tocar seu ombro, fazendo com que ela se virasse

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A garota já guardava seus livros e outros materiais em seu armário quando sentiu alguém tocar seu ombro, fazendo com que ela se virasse. Assim que seus olhos capturaram a imagem do garoto da briga de mais cedo, uma pontada de nervosismo surgiu em seu peito.

— Oi. Eu sou o Miguel. — Ele disse, um sorriso pequeno em seu rosto e seu tom de voz amigável. — Você é a...?

— Violet. — A menina respondeu, tentando retribuir os gestos do rapaz. Ela pensou em estender a mão e cumprimentá-lo de maneira correta, mas guardou o ato para si mesma e continuou a o olhar de forma atenta.

— Eu vi o que você fez com um dos amigos do Kyler. Você faz algum tipo de luta? — Miguel continuou, sem dar tempo para que ela pudesse responder. — Se não, meu Sensei está com vagas abertas no nosso dojô. Ele não aceita garotas normalmente, mas está tão desesperado que treina qualquer coisa. — A expressão de Violet mudou um pouco, suas sobrancelhas se franzindo. — N-Não que você seja qualquer coisa, é só que...

— Tudo bem. — Ela interrompeu, fechando a porta de seu armário em um baque suave e dando ao garoto um sorriso leve. — Eu entendi o que você quis dizer.

— O dojô fica no centro comercial. — Ele continuou, após acenar de forma pequena com a cabeça. — Se chama Cobra Kai.

Violet considerou as palavras, uma pontada de dúvida crescendo dentro de si ao escutar aquele nome que a parecia um tanto quanto familiar. No entanto, a proposta havia aparecido no momento certo — Lauren queria uma atividade extracurricular, e parecia que Violet tinha aptidão para as artes marciais. Ela apenas juntaria o útil ao agradável.

— Pode ser. — Violet respondeu. — Quando eu posso começar?

ACHILLES HEEL; Eli Moskowitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora