aliança

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"Se um dia eu te encontrar
Do jeito que sonhei
Quem sabe ser seu par perfeito
E te amar do jeito que eu imaginei..."

🌞

O sol brilhava em um céu limpo e azul, aquecendo levemente o ar de outono que envolvia Boston. Era um dia que Ana Lua e Michael Bergmann jamais pensaram que conseguiriam viver novamente. Um dia de tranquilidade, de conexão, de esperança.

Após meses de reclusão, finalmente haviam encontrado forças para sair de casa juntos. Não apenas para resolver questões práticas ou visitar o cemitério onde Lis estava enterrada, mas para simplesmente estar juntos, desfrutando da companhia um do outro em um passeio que não envolvesse a sombra constante do luto.

Eles caminhavam lado a lado pelo Public Garden, as folhas das árvores exibindo os tons vibrantes do outono. Michael segurava a mão de Ana com firmeza, como se temesse que ela pudesse se afastar se ele afrouxasse o aperto. Ana, por sua vez, entrelaçava seus dedos nos dele, sentindo-se mais conectada a ele do que há muito tempo.

"É estranho, não é?" Ana comentou, com um sorriso tímido, enquanto observava uma criança correr atrás dos patos no lago. "Estar aqui, fora de casa, longe de todas as lembranças... Mas ao mesmo tempo, trazendo Lis no coração."

Michael assentiu, apertando mais a mão dela. "Sim, é estranho. Mas bom, de alguma forma. Como se estivéssemos dando os primeiros passos para seguir em frente."

Eles pararam ao lado do lago, observando o reflexo das árvores na água, enquanto as pessoas passavam por eles, vivendo suas vidas sem perceber o pequeno universo que os Bergmann carregavam em si. Um universo de dor e esperança, de memórias e sonhos não realizados.

"Eu sempre me pergunto como ela seria," Ana disse suavemente, quase como se estivesse falando para si mesma. "Se teria os seus olhos ou o meu cabelo... Se seria tão inquieta quanto você ou tão calma quanto eu."

Michael sorriu, imaginando o rosto da filha que nunca conheceram, uma combinação dos traços dele e de Ana. "Eu acho que ela teria sido uma mistura perfeita de nós dois. E talvez tivesse herdado o seu sorriso, aquele que ilumina tudo ao redor."

Ana olhou para ele, seus olhos brilhando com lágrimas que ela se recusava a deixar cair. "Eu gosto de pensar que, onde quer que ela esteja, está nos observando. Cuidando de nós. E que, de alguma forma, ela ainda faz parte do nosso futuro."

Michael assentiu, sentindo o peso das palavras dela. "Sim, ela sempre fará parte. Mas também temos que pensar no que vem depois, Ana. Talvez, um dia, possamos tentar novamente. Ter outro filho... ou filha."

Ela olhou para ele, surpresa. Era a primeira vez que falavam abertamente sobre a possibilidade de ter outro filho desde a perda de Lis. E, por mais doloroso que fosse, a ideia não parecia tão distante ou impossível. Parecia, na verdade, como uma forma de honrar a memória de Lis, dando a ela um irmão ou irmã que ela pudesse proteger do outro lado.

"Eu gostaria disso," Ana disse, sorrindo levemente. "Mas precisamos dar um passo de cada vez, não é? Vamos reconstruir o que temos, nos fortalecer. E quando estivermos prontos... vamos dar esse passo juntos."

Michael a puxou suavemente para um abraço, o vento sussurrando entre as árvores ao redor deles. Enquanto estavam ali, envoltos um no outro, um som familiar começou a tocar em um dos quiosques do parque. Era uma melodia que trazia de volta uma avalanche de lembranças.

"Véu e grinalda, lua de mel, chuva de arroz e tudo depois, dama de honra pega o buquê, ninguém mais feliz que eu e você..."

Ana sorriu ao reconhecer a música. "Aliança",dos Tribalistas, a música que havia tocado em seu casamento. A música que selara o compromisso deles de caminhar juntos, em qualquer circunstância.

"Você se lembra?" Michael perguntou, sua voz carregada de emoção.

"Como eu poderia esquecer?" Ana respondeu, com um sorriso que alcançava seus olhos. "Essa música sempre foi o nosso símbolo, nossa promessa. E acho que nunca foi tão verdadeira quanto agora."

Eles começaram a cantar juntos, suas vozes se unindo à melodia que flutuava pelo ar. Cada palavra, cada nota, carregava um significado especial, um lembrete de que, apesar de tudo, ainda estavam ali, juntos. E que, por mais difícil que fosse o caminho, eles continuariam a caminhar lado a lado, honrando a memória de Lis e construindo um futuro onde o amor prevalecesse.

"Ao virar a esquina, atrás de uma cortina me perder, no escuro com você..."

Quando a música terminou, eles se olharam, sem precisar de palavras para expressar o que sentiam. Sabiam que ainda havia um longo caminho pela frente, mas também sabiam que, enquanto estivessem juntos, poderiam enfrentar qualquer coisa.

E assim, de mãos dadas, continuaram a caminhar pelo parque, o sol brilhando acima deles, as sombras do passado começando a se dissipar sob a luz de um novo amanhecer.

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