De repente 27 | Dimaury

Aproveitando

Diego tinha a festa da Revista para ir. Não sabia se todos no trabalho conheciam a sua versão drag. Sentia muita saudade de colocar uma lace na cabeça e se maquiar, amava todo aquele processo. Para ser sincero ele não fazia ideia se ainda saberia fazer aquilo, já que não tinha lembrança após o seu aniversário de 13 anos.

Pensou que todas aquelas suas laces na estante não estavam ali apenas para enfeitar. Lembrou-se também da foto que viu em seu escritório, na Revista, soube que de alguma maneira ele saberia o que fazer.

Observou as laces, uma por uma, passou a mão por todas elas, mas teve uma que chamou a sua atenção. Daquela ele recordava bem, era idêntica a lace que Amaury lhe presenteou em seu aniversário de 13 anos. Optou por usar aquela em sua montação.

Sentou-se em sua penteadeira, respirou fundo olhando para todas as maquiagens espalhadas e começou o processo. No início achou que tudo iria dar errado, mas no final, deu tudo muito certo. A maquiagem estava divina, ela estava perfeita.

Aproveitou para fazer dois pequenos coques no topo de cada lado da cabeça e deixando a parte de trás solta. Escolheu um vestidinho soltinho com várias estampas em listras diagonais. Calçou um salto alto, pegou uma bolsinha pequena e saiu, mas não antes de se admirar em frente ao espelho.

Estava se sentindo espetacular. Chamou atenção por onde passou e no salão da festa, todos ficaram boquiabertos com a sua perfeição.

Aparentemente a festa não estava muito animada e Ademir estava muito estressado, pois a situação já não era muito boa na Revista, se a festa fosse um fracasso, cabeças iriam rolar.

Ademir pediu para que Bruno e Diego fizessem algo rápido para resolver aquilo. Os dois se olharam, mas nenhuma ideia lhes ocorreu. Ficaram um tempo pensando até que Diego se afastou sem dizer nada, falou com o DJ e se posicionou no centro do salão.

Uma música do É o Tchan começou a tocar e Diego começou a dançar timidamente recebendo olhares. Olhou para frente e seus olhos se encontraram com os de Amaury. Por dentro pensou "Meudeux ele veio mesmo", ficou feliz demais. Insistiu para que o preto o acompanhasse, O preto até negou inicialmente, mas acabou cedendo depois de certa insistência.

As pessoas em volta apenas observaram, até que aos poucos foram se aproximando e se juntaram aos dois no centro do salão. No final todos dançaram aquela música e a festa passou de um enterro a uma grande celebração, como deveria ser.

✨✨

Diego resolveu viver. Passeou pela cidade vendo o quanto as coisas haviam mudado, fez compras. Descobriu que tinha um cartão de crédito com um limite altíssimo e resolveu se presentear. Ele também aprendeu no YouTube a fazer skin care, e tornou aquilo um hábito diário. Estava aprendendo bastante coisas.

Bruno o convidou para sair a noite para beber um pouco. Óbvio que ele topou, não tinha o que perder e estava se sentindo na vibe da curtição.

Entrou em seu closet e parou alguns segundos para admirar o que via, ele não se acostumaria com aquilo tão cedo. Tinha tantas roupas bonitas, que ficava cheio de dúvidas para escolher. Decidiu que queria se sentir confortável naquela noite.

Ao abrir uma das gavetas vendo tudo que tinha ali, em uma delas encontrou uma case preta com um ET bordado que ele não sabia muito bem o que era. Ao abrir, encontrou algumas sedas, um bolador, tesoura, dichavador, isqueiro, e um recipiente com uma erva dentro.

"Caralho eu sou maconheiro mesmo", pensou alto. Ele era curioso, não sabia como bolar um beck, mas fez uma nota mental de dar uma olhada na internet depois. Para sua sorte de curioso, encontrou dois becks já bolados dentro de um pequeno recipiente cilíndrico. Acendeu um deles e deu um trago, não tossiu, seu organismo já conhecia aquela sensação, então ele apenas fumou enquanto escolhia as suas peças de roupas.