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03 • invasão SAKURA ponto de vista
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A AULA DE MATÉMATICA II ESTAVA fazendo minha cabeça latejar, mas não pelo motivo que a maioria dos alunos enfrentava. O problema não era a matéria em si, muito pelo contrário. Eu já sabia de cor cada fórmula que o professor rabiscava no quadro, cada passo que ele explicava como se estivesse revelando algum segredo matemático extraordinário. Para mim, não havia mistério algum ali.
Matemática nunca foi aquele bicho de sete cabeças que todo mundo teme. Na verdade, eu sempre achei fácil. Tão fácil que, às vezes, me perguntava por que precisávamos de tantas horas dedicadas a algo que já parecia óbvio. Cada equação, cada derivada... tudo fazia sentido sem esforço, como se estivesse gravado em algum lugar da minha mente muito antes de eu aprender.
Enquanto os outros alunos se debatiam com o conteúdo, eu já estava alguns passos à frente, minha mente vagando. Meus olhos fixos em meu caderno, rabiscando alguns desenhos sem sentido.
⸻ Senhorita Kobayashi, poderia resolver o próximo exercício? ⸻ A voz do professor me arrancou bruscamente de meus devaneios.
Pisquei algumas vezes, voltando ao presente. Era o tipo de situação que qualquer outro aluno talvez temesse, mas eu? Não. Levantei da cadeira, desci um pouco minha saia e com um suspiro discreto e caminhei até o quadro.
Nunca gostei de chamar atenção. Sempre preferi ficar na minha, ser mais observadora do que participante ativa. Eu não era do tipo que precisava provar algo para os outros, especialmente em sala de aula. Na verdade, quanto menos me notassem, melhor. E ser chamada para ir na frente da sala resolver aquele equação não estava em meus planos, mesmo que fosse bem simples.
⸻ Hm? Claro ⸻ Murmurei, já pegando o giz.
O problema era simples — uma equação de segundo grau, sem surpresas. Escrevi a solução com calma, sentindo os olhos dos colegas em mim. Ao terminar, dei um passo para trás, observando o silêncio que se instalou na sala. O professor balançou a cabeça, aprovando, e eu voltei para o meu lugar.
