Introdução

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Minhas dores e feridas

Estou perto de completar 80 anos e, durante seis dessas quase oito décadas, tenho caminhado com o meu Senhor Jesus. Claro que não passei por tudo, porque, por mais que se viva, ninguém provará todas as experiências que a vida proporciona. Contudo, já experimentei muitas injustiças, dores e calúnias. Então, se tem algo que fui provado e tive de aprender na prática, foi o perdão.

Logo no início da minha jornada, quando eu desejava ardentemente fazer a Obra de Deus, veio a dor da rejeição. Com o passar dos anos, sofri várias decepções e traições vindas de pessoas com as quais eu tive bons olhos. Fui sincero com todos, a ponto de convidá-los para comer à mesa comigo, pois eu confiava, sem reservas, no caráter daqueles que se prontificavam a ajudar no trabalho. Também sofri - e ainda sofro - com muitas tentativas de assassinato de reputação por meio de injúrias e difamações. Inclusive, já enfrentei processos judiciais e até um pedido de prisão sem o menor fundamento por causa de mentiras.

Muitas dessas dores foram públicas, mas algumas aconteceram dentro do ministério, através dos chamados "irmãos".

Sei o que é ser amado e considerado, mas também sei o que é receber ódio e desprezo gratuitamente.

Não prego sobre guardar o coração e aprender a perdoar na teoria, pois falar de perdão quando nunca foi caluniado e prejudicado é fácil.

Diante da injustiça, o normal é deixar que o coração se encha de tristeza, de rancor e de desejo de vingança. Faz parte da nossa natureza se ofender, se ressentir e querer dar o troco, digamos assim. Qualquer ser humano sente isso.

Por si só, viver gera dor; mas, quando uma pessoa decide viver na justiça, precisa estar pronta para experimentar injustiças atrozes. Se tem algo nesta vida que é garantido ao justo, é que ele será ferido, decepcionado e maltratado.

Contudo, as pessoas ingenuamente esperam o bem e não se preparam para receber o mal como recompensa. Por isso, vemos tanta gente magoada, emocionalmente adoecida, espiritualmente fraca e com um espírito contencioso.

Temos visto o acúmulo da raiva, a recusa em perdoar e a vontade de pagar o mal com o mal nortearem as decisões de muitos ao longo da vida.

Ainda que algumas pessoas não admitam guardar mágoas, no fundo, elas sabem que há um ressentimento bem escondido no coração. Às vezes, camuflada pelo tempo, pelo riso ou pelos afazeres do dia a dia, existe uma mágoa manchando a consciência delas e roubando-lhes as forças para prosseguir; isso acontece porque a falta de perdão não permite que tenham paz na alma.

A verdade é que a mágoa coloca a alma numa espécie de cárcere espiritual.

Não são poucos os que dizem que já perdoaram, quando, na verdade, querem mais que a pessoa que os prejudicou se dê mal. Como dizem por aí: " Que ela morra, a notícia corra e eu seja o primeiro a saber!" Isso porque, com qualquer ressentimento, vem o desejo de vingança.

Talvez você pense que esse assunto não é para você, pois a vingança é um sentimento muito longe da sua realidade. Sinto dizer, mas isso não é verdade! O simples desejo de querer "justiça" a todo custo ou de retaliar de alguma forma já é um tipo de vingança. Saiba que retaliar é se vingar, ainda que seja uma atitude aparentemente insignificante; quando o objetivo é retribuir uma ofensa, isso se chama vingança.

Não vamos nos enganar, meus caros. A vingança dá prazer! Ao paladar dos magoados, qualquer má notícia sobre quem lhes causou mal é doce. A felicidade no íntimo ou um ligeiro "Bem feito"! já demonstra ódio e sede de vingança.

Por não conhecerem a natureza humana, muitos desconhecem o real estado dos próprios corações; e aos que falam que não são propensos a se vingarem, saibam que isso só será comprovado, de fato, quando sofrerem injustiça.

É comum ver pessoas querendo mostrar que são boas, dizendo que não querem o mal dos outros. Só que, na realidade, praticamente todas elas já enfrentaram ou estão enfrentando dificuldades nesta área. O grande problema é que nem sempre elas estão conscientes disso - ou talvez não estejam sendo honestas consigo mesmas.

Sendo assim, neste livro, trataremos - de forma clara, simples, porém profunda - do que sente o coração ao ser massacrado pela dor e qual é o processo do perdão. Você descobrirá que perdoar é uma escolha e que nada tem a ver com o coração. Por isso, ouso dizer que perdoar é fácil, e que é perfeitamente possível ultrapassar a mágoa e seguir a vida mesmo diante da pior injustiça. Por meio de reflexões, você descobrirá se realmente perdoou e se está livre do prazer da vingança.

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