05.

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"Oi, Mã- onde ela está?" Pergunto quando chego ao castelo quando vejo James falando algo para um dos empregados, logo percebendo minha presença.

"Foi falar com o papai, ela só queria a confirmação de que já escolhi." Diz pondo as mãos para trás do corpo.

"Decidiu o que?" Cruzo os braços.

"Bom, com quem vou me casar.. não tenho motivos de adiar essa temporada, sei que nenhuma chegará aos pés dela, Six." Sorri abobado.

"Isso porque conversou três minutos com Lílian Evans?" Sorrio brincalhão.

"Não três, dançamos no baile lembra? Uns quinze minutos de olhares, sorrisos e palavras confortáveis. Ela me deixa.. confortável."

Sorrio tombando a cabeça para trás revirando os olhos "Senhor, que melação. Tudo bem, fico feliz por você, Prongs. Lily é uma garota de sorte por te ter. Quando vai conversar com ela?"

James paralisa
"Conversar..?"

"Pretendia chegar com a notícia do casamento e simplesmente a levar para o altar?" O pergunto confuso.

"Bom.. sim? Ela quer, não quer?" Ele coça a nuca.

"Não sei? Deveria perguntar a ela? Que audácia da sua parte decidir isso sozinho, James. Se ela planejar fugir serei o primeiro a apontar a saída, fique garantido disso." Digo me direcionando a biblioteca, ouvindo seus passos me seguirem.

"Calma, calma! Eu só não sou bom com essas coisas, mas você tem razão, vou falar com ela e pedir com mais formalidade." Diz e apenas aceno com a cabeça, pegando um livro simples e me sentando em uma poltrona.

"Acha que ela gostaria de se casar comigo?" James pergunta depois de um tempo calado, se sentando ao meu lado.

Suspiro fechando o livro e o olhando carinhoso.
"De fato a sua presença é querida por ela, irmão. Até cego vê isso. Mas acredito que Lílian seja uma dessas mulheres que não se deixam ser "usadas" pelos padrões da sociedade. E ela está mais do que certa, na verdade. Faça com que ela se sinta.. livre para decidir e ser quem verdadeiramente é, e não quem a treinaram para ser a vida inteira, sabe?"

James me escuta atentamente até que cruza as pernas e solta a pergunta.

"Por que ficou tão assutado?"

"Eu não me assusto." Retomo meu olhar para o livro em minhas mãos quando sinto ele retira-lo de perto de mim.
"O que foi, James?"

"Ficou assustado quando insinuei que também pode se transformar. Ele não te julgaria, seria a última pessoa que faria isso, na verdade."

"Eu sei disso." Digo passando os dedos na testa em busca do vazio de pensamentos.
"Mas iria gerar perguntas."

"Perguntas?"

"Sim. Perguntas essas que causariam.. eventos que podem ser evitados, agora me deixe ler, por favor." Pego o livro novamente que de novo é retirado de minhas mãos.
"James!"

"Você nem gosta de ler, porra. Me conta isso direito! Que eventos podem ser evitados?"

Fico em silêncio.

"Sírius..."

Engulo seco e suspiro irritado.
"Pesquisei sobre a família Lupin."

"Okay.." James comenta interessado.
"E?"

"A Sra. Lupin está morta, James."

"Ok.." ele engole seco. "Bom, eu já imaginava isso. Estranho a família vir até aqui sem a senhora. Mas.. Sírius, essas coisas acontecem, o que quer dizer com tudo isso?"

Tampo o rosto com as mãos e suspiro fundo passando os dedos entre os meus fios negros.
"Ela não morreu, ela foi morta." Ergo meus olhos até meu irmão.
"Morta por Walburga Black."

James arregala os olhos se levantando lentamente enquanto sua mão vai até sua boca meio aberta.
"S-ua.."

"Sim, minha mãe."

"Não. Não ouse dizer que aquela mulher é sua mãe, Euphemia Potter é sua mãe, nossa mãe!" Ele diz apontando para mim.

"James.." falo triste.

"Não, Sirius. A vida inteira você se sentiu excluído por isso, se culpa por carregar esse sobrenome, essa família.. não entendo o motivo de não ter tirado isso no cartório e ser logo um Potter." O olho abismado. "Você já é um de nós!"

Engulo seco
"Sou um Potter e sempre serei, assim como você disse." Me levanto o olhando sério. "Mas o sangue Black corre em minhas veias independente de quem o tem e as maldades que fazem. Sei que meus genitores não são o maior exemplo de simpatia mas eu ainda tenho.."

"Regulos." James confirma baixo.

"Regulos. Eu ainda tenho meu irmão." Digo calmo.

Prongs acena em concordância e se senta novamente.
"O que ela fez?"

"Minha mãe?"

O Potter fecha os olhos negando em discordância, mas diz: "Sim, Sírius, o que Walburga fez?"

Me sento ao seu lado e respiro fundo.
"Bom.. o que faz de melhor. Caos."

"Me conte logo." James diz mais sério e então percebo que não poderei mais evitar essa conversa.

"O Sr Lupin é governante do Ministério Anti Magia. Sei que o preconceito com bruxos e monstros como.. bom, Remus, é enorme lá fora, mas acredito que ser um desses e ser filho de alguém como o Sr Lupin seja pior."

James acende um cigarro o levando até a boca e o acompanho.

"Em uma manhã conseguiram capturar um lobisomem logo após sua transformação. Ele iria ser preso graças ao Sr Lupin, mas conseguiu convencer ao tribunal de que era apenas um mendigo sem lar e que não havia matado ninguém. Conseguiu sair sem ser acusado ou torturado, mas com certeza saiu revoltado. Walburga é a "líder" deles, então logo ficou sabendo da situação. Sabia que o responsável era um Lupin, então.."

"Então..?"

"Ela queria fazer sua marca. Ela planejava matar apenas o Senhor Lupin, mas.. A mãe de Remus se colocou na frente e não resistiu. Naquela mesma noite o mesmo lobisomem que quase seria preso por culpa do Sr Lupin quis se vingar de alguma forma. Remus foi sequestrado, mordido, e jogado na floresta. O encontraram um dia depois, machucado e em lágrimas. Ele já havia sido contaminado. Lílian ainda era uma criança de colo. Soube que o Sr Lupin tentou de todas as formas fazer Remus voltar ao normal, mas nunca o conseguiu. Se mudaram e acabaram esquecendo, menos.. eles mesmos e minha.. mãe. Conversei com Minnie e ela sabe da história e me contou que.. com tudo isso, o Sr Lupin rejeitou sua paternidade com Remus e o trata como um monstro que pensa que ele é.. a única serventia dele seria criar e preparar Lílian para.."

O olho engolindo seco.

"Bom, para você."

James lentamente se deita no sofá encostando sua nuca no estofado e apenas me deito ao seu lado repetindo a posição.

"Como falar isso para eles?" Prongs pergunta.

"Simples. Não iremos."

Ele me olha virando um pouco seu rosto.
"Não é certo e você sabe."

Engulo seco e fecho os olhos.
"Com certeza não será a primeira nem a última coisa em que errarei."

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