cap 10

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"Contem algo que não sabemos." Lily diz em um sorriso contagiante. "Algo sobre a infância de vocês." Diz animada e Remus sorri ao seu lado nos olhando em espectativa.

James me olha rapidamente negando a cabeça enquanto eu seguro uma gargalhada. Suspiro e olho para minha cunhada "Bom, uma vez James.."

"SIRIUS!" Ele pula em cima de mim e tampa minha boca, fazendo Lílian gargalhar e Remus soltar um riso. Ela puxa o braço de meu irmão, o trazendo para perto de si e se aconchegando em seu corpo.

"O que é isso, James? Está guardando segredos de mim?" Diz irônica.

"Se tem algo que odiamos é segredos ou mentiras, então pode ir falando, cunhado." Remus diz humorado, voltando a pegar um morango da cesta que trouxemos.

Não posso evitar refletir sua última frase. Sinto meu peito pesar com o que estamos omitindo. Mas por Deus, como contar isso para eles? Me odiariam para sempre. Olho para James que sorri e me olha por alguns segundos, mas disfarça abraçando Lily de lado.

"Eu não mentiria para você." Beija sua têmpora e revira os olhos me olhando. "Conte logo, Sírius."

Saio da minha névoa negra de pensamentos e acabo sorrindo, voltando a nossa conversa.
"Nada demais, um dia James estava gostando de uma garota do vilarejo, tínhamos uns dez ou onze anos. Era estranho, já que ela nunca havia falado com ele. Mas agora vendo que ele se apaixonou por você em cinco segundos de conversa.." Digo e ela olha para James de forma carinhosa, com um sorriso no rosto. Sinto meu peito aquecer com isso. "Ele pediu para que preparassem um chá para ele, mas naquela época estávamos em uma rebeldia marota. Chamávamos assim. Estávamos pregando peças um no outro e em todo o castelo, e naquele dia em específico eu tinha tido uma ideia.." Falo olhando para meu irmão, a risada presa em minha garganta.

"Eu ainda não acredito que fez isso." Ele diz abismado, olhos semi serrados. Lily sorri em ansiedade ao seu lado depositando dois tapinhas em suas pernas.

"O que aconteceu?" Pergunta.

"Eu não sabia ao certo, mas o papai estava com algum problema intestinal. Vi a mamãe falando com alguma das enfermeiras do castelo e elas disseram que havia um chá em específico que faria com que o intestino soltasse tudo o que estava preso." Remus treme os lábios segurando o riso, tampando a boca logo em seguida, aparentemente já entendeu.

"Ah não.." Lily comenta tampando a boca, um sorriso enorme surgindo em seus lábios.

"Troquei as xícaras e James tomou aquele chá antes de ir encontrar a garota. Se cagou inteiro nas calças, e voltou correndo pelo jardim." Digo por fim, ouvindo Lílian soltar uma gargalhada alta, se jogando no chão enquanto segurava sua barriga. Remus acabou rindo um pouco mais alto, mas ainda gostaria de ouvir uma gargalhada sua.

"N-ão. Meu senhor, coitado!" Lílian fala, voltando a se sentar e tentando recuperar a respiração. Entre risos ela segura o rosto de James, que parece envergonhado, mas mantinha um sorriso sem graça. "Você é tao doce, só me apaixono mais e mais e mais" Diz e vejo os olhos de meu irmão brilharem e seus ombros tremerem, virando um pouco seu rosto para o toque de sua amada.

Observo a cena com carinho e então percebo o olhar de Remus sob mim. Ele aponta com a cabeça para um lugar um pouco mais afastado, e então entendo que quer deixar nossos irmãos sozinhos.

"Vamos dar uma volta, querem ir? Pergunto, já sabendo a resposta.

"Nah, vamos ficar por aqui." James diz sem nem ao menos me olhar e solto um riso junto de Remus, que também se levanta e se põe ao meu lado.

"Lily, não volte muito tarde. Precisamos conversar sobre aquilo, lembra?" Remus diz para a irmã que assente normalmente.

"Não se preocupe, logo voltaremos."

Remus me olha e dá as costas, começando a caminhar. Apenas o acompanho em silêncio. Quando estamos longe o suficiente, percebo que as únicas pessoas que podem nos ver somos nós mesmos. Ou a lua, que sempre nos acompanha.

"Sabe.." Começo e ele fita seus olhos em mim, sempre atento e curioso.

"Aluado é um bom apelido." Digo e ele solta um ar pelo nariz, em uma risada.

"É, é um bom apelido. Mas não entendo, quer dizer que você me acha meio aéreo?" Ele pergunta, encostando suas costas em uma árvore qualquer, suas mãos nos bolsos. Me ponho em sua frente e pego um cigarro de meu bolso, logo o acendendo e levando aos meus lábios. Trago e solto a fumaça para algum lugar que não leve ao seu rosto.

"As vezes vejo você preso em seu próprio mundo. Gostaria de saber o que se passa aí." Aponto o queixo para sua cabeça e Remus apenas sorri, calado, e me observando.
"Mas acho que poderia melhorar."

"É?" Ele pergunta.

"É.. " Me aproximo devagar, voltando a tragar e soltar a fumaça longe do seu rosto.
"Algo que.." Olho para cima, ainda sentindo seus olhos em mim, e observo a lua que clareia aquele início de noite. "Moony.." murmuro.

"Moony?" Ele pergunta baixinho. Abaixo meu rosto para ficar seus olhos e sorrio.

"Isso. Moony. Gostou?" Pergunto.

Remus sorri e então lentamente segura uma de minhas mãos. Ele a observa e então traça minhas marcas de nascença com seus dedos.
"Suas mãos são fofas.. macias. Parecem almofadas." Ele leva ela até seu rosto e não hesito em fazer um carinho, o vendo fechar os olhos e apreciar o gesto.

"James costuma dizer que parecem patas de cachorro. Me chama de Padfoot." Digo incerto, o vendo abrir os olhos e sorrir pequeno.

"Pads." Ele diz pegando em minha mão, me puxando para mais perto de si. Seus braços passam por minha cintura e seu nariz acaricia o meu lentamente.

"Oi, Moony." Digo e ele sorri galanteador olhando para meus lábios. Sua mão sobe, colocando um fio da cabelo meu para trás de minha orelha, mas quando desce, permanece em meu rosto, acariciando o local com carinho.

"No que estamos nos metendo, Sírius?" Pergunta um pouco sério, ainda me olhando profundamente.

Passo os braços por seus ombros e beijo sua mão que ainda estava em meu rosto.
"Estamos vivendo, Remus." Me aproximo lentamente e toco seus lábios com os meus de uma forma vagarosa.
"Estamos vivendo." Falo em sussurro.

Remus engole seco, sua respiração pesada e falha faz meu corpo arrepiar. Ele desce seu rosto para meu pescoço, deixando alguns beijos estalados. Sua boca sobe até minha orelha e sussurra algo que eu realmente não esperava ouvir essa noite, nem muito menos dele.

"Eu te quero, Sírius." Diz e sinto suas mãos firmarem em minha cintura. "Quero fugir para você." Seu nariz gelado encosta em meu pescoço e sinto meu corpo amolecer. "Eu não poderia te ter, meu cachorrinho.. " Sinto seus braços me abraçarem agora. "Mas você agora é uma parte de mim, e não sei se quero arranca-la." E então me abraça.

Sinto meu peito acelerar e apertar dentro de mim. Ele acabou de se declarar? Remus acabou de se declarar para mim?

"Remus.." o chamo mas apenas escuto um murmuro contra meu pescoço. "Remus." Falo um pouco mais sério, vendo seu rosto sair da curva de meu pescoço lentamente, agora me olhando com atenção. "O que você quer dizer com isso?"

Ele morde o lábio, me olhando em ansiedade, e então dá de ombros.

"Eu não sei." Consigo ver um bico pequeno se formar em seus lábios, e então ele suspira. "A única coisa que sei é que estou enfeitiçado."

Subo minhas mãos até seu rosto e o olho ansioso. Deus, o que esse homem fez comigo?
"Remus.. você me quer?"

Ele me observa por alguns segundos antes de assentir em concordância. Mordo meu lábio inferior e suspiro. "Então me tenha, Moony, porque eu também te quero." Ele me olha curioso e então sinto meu peito explodir. "Eu te quero tanto-" Mas não consigo terminar, pois sou virado e pressionado na árvore, sentindo meus lábios serem atacados.











Notas da autora+
* Oii, estão gostando? 🫵🏼

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