TEACHER'S PET

Capítulo 1: Entre Fórmulas e Olhares 👀

A sala de aula estava completamente silenciosa, exceto pelo som ocasional do relógio na parede e o farfalhar de papéis sendo folheados. Era um lugar familiar para Philips, mas ao mesmo tempo, estranhamente novo. As janelas estavam abertas, deixando o vento suave da tarde entrar, e o sol de setembro pintava o chão com sombras longas e douradas. Ele olhou para o caderno na frente, cheio de anotações que mal entendia. Química nunca havia sido seu forte, e suas notas estavam refletindo isso de maneira preocupante.

Foi por isso que ele agora se encontrava ali, às três da tarde, em uma sala vazia com o professor Martin. A situação, em si, já era desconfortável. Martin era sério e meticuloso, com uma voz firme e paciente. Um professor competente, mas distante. Philips sempre o viu como alguém difícil de se aproximar, alguém que mantinha uma barreira invisível entre ele e seus alunos.

– Vamos rever as equações estequiométricas de novo, Philips – disse Martin, sua voz ecoando levemente pela sala. – Está claro onde você está errando, mas precisamos resolver essa parte antes de prosseguirmos.

Philips assentiu, tentando manter a atenção nas explicações. Mas, enquanto Martin falava, algo na forma como ele se movia chamou sua atenção. O professor caminhava de um lado para o outro, ocasionalmente se aproximando para apontar algo no caderno. Seus olhos estavam concentrados, a linha da mandíbula tensa enquanto ele explicava pacientemente os cálculos.

Era estranho, mas naquele momento, Philips percebeu que estava observando Martin de uma forma diferente. Não era apenas a aula de química que estava em jogo ali; havia algo mais no ar, algo que ele ainda não conseguia entender completamente.

– Você está acompanhando? – Martin perguntou, de repente, interrompendo seus pensamentos.

Philips piscou, trazendo-se de volta à realidade. Sentiu o rosto esquentar levemente, envergonhado por ter se distraído.

– Ah, sim, estou. Desculpa, professor.

Martin o observou por um segundo a mais do que o necessário, seus olhos castanhos parecendo mais intensos à luz suave que entrava pela janela. Ele franziu a testa, mas não disse nada. Voltou para a lousa, traçando novas fórmulas enquanto Philips tentava se recompor.

O relógio continuava marcando o tempo, e os minutos se arrastavam enquanto a aula avançava. Contudo, a cada novo exercício, Philips sentia que havia algo diferente naquele silêncio entre eles. Não era só o peso das fórmulas e dos números; era a sensação de que algo invisível, porém inegável, estava crescendo.

Quando o relógio marcou quatro horas, Martin fechou o caderno de anotações com um suspiro leve. Ele se levantou da cadeira e, pela primeira vez durante a aula inteira, relaxou os ombros.

– Vamos encerrar por hoje – disse, a voz mais suave do que antes. – Eu sei que é muita informação, mas acredito que com prática você conseguirá melhorar.

Philips começou a guardar seus materiais, mas seus olhos ainda estavam fixos no professor. Era quase um alívio o fim da aula, mas ao mesmo tempo, algo dentro dele não queria ir embora. Ele sentia que havia algo mais a ser dito, embora não soubesse o que.

– Obrigado por tirar esse tempo pra me ajudar, professor – Philips disse, hesitante.

Martin parou no meio do caminho para a porta, voltando-se para ele. Por um breve momento, parecia que ia dizer algo diferente, mas então apenas deu um pequeno sorriso.

– Faz parte do trabalho, Philips. Eu quero que você se saia bem.

Havia uma sinceridade em suas palavras, mas também algo mais, algo que ficou pendente no ar. E naquele silêncio, antes que Martin pudesse sair, seus olhares se cruzaram mais uma vez, dessa vez com uma intensidade que Philips não soube como explicar. Era como se, por um segundo, o véu de formalidade entre eles tivesse sido levantado, e ambos tivessem visto algo além da relação de professor e aluno.

Sem mais palavras, Martin saiu da sala, deixando Philips sozinho. O jovem ficou parado por alguns segundos, sentindo o coração bater mais rápido do que deveria.

A partir daquele momento, ele soube que nada seria como antes. A química entre eles, afinal, estava se tornando mais do que apenas uma matéria de estudo.

// UIIII QUE QUIMICAAA🤭