No dia seguinte, Philips caminhava pelo corredor do colégio com a mente a mil. A tarde anterior ainda rodava em sua cabeça, de uma maneira que ele não sabia como explicar. Havia algo sobre o jeito que Martin o olhou ao final da aula que não saía de sua mente. Ele se perguntava se aquilo era real ou se sua cabeça estava apenas criando significados onde não havia nenhum.
A última aula do dia terminou, e Philips guardou seus livros lentamente, como se tentasse adiar o inevitável. Às três horas, ele estaria novamente sozinho com Martin, na mesma sala vazia, cercado por fórmulas químicas e por uma tensão que ele mal entendia.
Quando o sinal tocou, Philips respirou fundo e foi em direção à sala. A porta estava entreaberta e, de dentro, ele pôde ouvir o barulho suave de um livro sendo folheado. Hesitante, entrou.
Martin já estava lá, sentado à mesa, com os óculos levemente caídos sobre o nariz enquanto analisava algo em seus papéis. Ele levantou os olhos quando Philips entrou, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.
– Chegou cedo hoje – comentou Martin, ajustando os óculos e se levantando para pegar o quadro branco.
– Queria tentar revisar algumas coisas antes de começar – respondeu Philips, tentando soar casual, mas sentindo seu coração bater um pouco mais rápido.
– Isso é bom. Mostra que você está se esforçando – disse Martin, aproximando-se da mesa onde Philips se sentara. – Vamos dar uma olhada nos exercícios de ontem?
Philips assentiu e abriu o caderno, mas logo no início, percebeu que algo estava diferente naquela tarde. A proximidade entre os dois, que na aula anterior já parecia um pouco intensa, agora era ainda mais palpável. Martin estava a centímetros de distância, seu perfume sutil invadindo o ar, e quando ele se inclinou para revisar os exercícios, suas mãos roçaram de leve as de Philips.
Um arrepio percorreu o corpo de Philips, que imediatamente puxou a mão para o lado, tentando disfarçar o desconforto – ou seria outra coisa? – que sentia. Martin pareceu notar o movimento, mas não recuou.
– Está tudo bem? – perguntou Martin, sua voz baixa e um tanto mais suave do que o normal.
Philips assentiu, tentando manter a compostura, mas não conseguiu evitar que seu olhar se encontrasse com o de Martin por um momento longo demais. A sala, embora vazia, parecia cheia de algo invisível e intenso. Um silêncio se instalou entre eles, e Martin, por um instante, pareceu hesitar. Seus olhos analisavam Philips de um jeito que o deixava vulnerável.
– Philips... – Martin começou, sua voz quase um sussurro, como se estivesse ponderando se deveria continuar.
O coração de Philips disparou, o ambiente ao redor parecia sufocante, e ele sentia o peso daquele momento. As palavras de Martin flutuavam entre eles como se carregassem um significado maior, algo que ele não conseguia nomear, mas que estava ali, inegável.
– Sim, professor? – Philips respondeu, com a voz mais baixa do que pretendia.
Martin parecia querer dizer algo mais, mas, de repente, se levantou e passou a mão pelos cabelos, como se estivesse tentando afastar um pensamento que o perturbava. A tensão do momento se dissipou rapidamente, deixando Philips com uma sensação estranha, como se algo importante tivesse sido interrompido.
– Vamos continuar – disse Martin, voltando ao tom profissional, embora sua voz ainda estivesse um pouco mais baixa. Ele caminhou até o quadro, retomando as explicações de onde haviam parado no dia anterior.
A aula continuou, mas algo havia mudado. A proximidade entre eles não era mais apenas física; havia uma conexão, algo que pairava sobre ambos, embora nenhum dos dois falasse sobre isso. Os olhares se cruzavam de tempos em tempos, e cada vez que isso acontecia, Philips sentia seu rosto esquentar, e Martin parecia se perder por um breve segundo antes de retomar a lição.
Quando o relógio finalmente marcou quatro horas, Philips sentiu um alívio misturado com uma estranha decepção. Ele sabia que precisava sair dali, mas ao mesmo tempo, parte dele queria ficar. Queria entender o que estava acontecendo entre eles, o que estava nascendo ali, mesmo que não conseguisse nomear.
Martin recolheu seus materiais mais rápido desta vez, evitando qualquer tipo de prolongamento no final da aula. Antes de sair, no entanto, ele parou na porta e olhou para Philips com uma expressão que misturava preocupação e algo mais, algo que Philips não conseguiu decifrar.
– Amanhã, no mesmo horário? – Martin perguntou, a voz um pouco mais controlada, mas com um tom que deixava Philips inquieto.
– Claro, professor – Philips respondeu, tentando manter a voz firme, mesmo que sua mente estivesse cheia de perguntas.
Martin deu um último aceno de cabeça e saiu da sala. Philips ficou ali, sozinho mais uma vez, tentando processar tudo o que havia acontecido naquela tarde. Ele sabia que havia algo maior do que simples aulas de química acontecendo ali, mas ainda não sabia como lidar com aquilo.
Enquanto saía da sala, Philips não pôde deixar de se perguntar como seria o dia seguinte.
// que tensãooo🤭
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TEACHER'S PET
RomancePhilips é um aluno do 2° ano do ensino médio com problemas em suas matérias, e acaba por ser chamado atenção por suas notas. Seu professor de (química) acaba por ser encarregado de dar aulas extras para o mesmo. Os dois ficam agora das 3 até às 4 da...